Celepar 35 Anos

A Celepar e o CIATA

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro– GAC


Idos de 1975. Um dos grandes projetos da administração pública é um convênio entre governos federal, estadual e municipal que atendia pelo nome de CIATA: Convênio de Incentivo ao Aperfeiçoamento Técnico - Administrativo das Municipalidades. Era um grande projeto que envolvia ajuda às prefeituras municipais para que fosse feito o levantamento cartográfico e cadastral das unidades que compunham o município. A CELEPAR fazia o levantamento cadastral das unidades imobiliárias, a cartografia e o lançamento de tributos municipais, colocando tudo isso em computador e possibilitando uma modernização importante no município. Apenas para dar uma idéia, o primeiro município a entrar foi Piraquara que em um ano passou de 1.500 imóveis cadastrados para mais de 60.000 (4000% de aumento). O prefeito era um sorriso só.

Dados da prefeitura em computador? Precisa um convênio envolvendo tanta gente para isso? Deve estar se perguntando o leitor. Afinal, na banca de revistas ao lado de casa, você compra uma paçoquinha de 10 centavos e o vendedor imediatamente lança o fato no seu possante 486. Só resta constatar: "como o mundo (da informática) mudou".

Para vocês terem idéia, nessa época, a única prefeitura já informatizada no Paraná era a de Curitiba. Londrina e Ponta Grossa (se não me falha a memória) davam seus primeiros passos nessa direção, mas ainda demoraria bastante até surgirem os primeiros resultados.

Mas, voltando ao CIATA. Era uma inovação e tanto e acabou sendo aplicada em cerca de 130 prefeituras do Estado. Nos demais estados brasileiros era um projeto aplicado pelo SERPRO e apenas no Paraná, essa responsabilidade fora chamada a si pela empresa estadual de informática (a propósito, na época poucos estados tinham já a sua empresa). Lembro de ter lido muitos anos depois que o nosso estado foi um dos que conseguira maiores coberturas para o projeto CIATA em todo o Brasil, atingindo cerca de 50% dos municípios do Estado. O grande campeão foi o RJ com cerca de 80%. Foi o primeiro projeto em que eu trabalhei como programador, recém-contratado pela CELEPAR. Acho que nessa altura da vida eu posso contar uma reminiscência: até essa época, eu nunca havia operado uma calculadora e tinha uma lindona na sala em que fui trabalhar. No primeiro dia em que fiquei sozinho na sala me esbaldei de fazer contas à toa. Fim da reminiscência.

O trabalho compreendia o uso do computador, mas apenas ao final de um processo mais longo que implicava em fazer o levantamento no local de tudo o que existia na cidade. As caravanas de viagem para o oeste eram memoráveis. Naquele tempo eu ainda não colecionava causos, mas se o fizesse a riqueza seria quase inesgotável. Trabalhávamos em conjunto com a FAMEPAR e para poder atuar nesse interiorzão, a CELEPAR precisou montar uma estrutura bem reforçada, chegando a ter mais de 1000 empregados quando o projeto ia a todo vapor. Criaram-se 2 sedes da CELEPAR no interior: Maringá e Cascavel.

Quando chegava a época de início do ano, nossas impressoras (ainda aquelas bem velhas, de impacto, que usavam formulário contínuo) se afogavam em carnets e mais carnets de IPTU. Aliás esses dias falei em formulário contínuo para um grupo de pessoas de menos de 20 anos e eles me devolveram o olhar com cara de interrogação... Será verdade que as pessoas hoje não sabem o que é formulário contínuo? É verdade!

Ao final do processo, fomos saindo de mansinho. As prefeituras foram se instrumentalizando com computadores, sistemas, CPDs, etc., etc., e foram assumindo essa tarefa como sendo uma das mais nobres do município. Em um determinado momento o projeto acabou e só ficou a sensação do dever cumprido. Aliás, como é gostoso para pessoas e empresas quando a gente consegue começar, trabalhar e terminar. Nem sempre é possível, mas é sempre bom.