Celepar 35 Anos

Rede do Estado

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro– GAC



De Graham Bell ao celular menor que uma caixa de fósforos: como fizemos 120 anos em 20.

Levou cerca de 120 anos para passar do telefone tal como foi visto e usado por Dom Pedro (dizem que teria levado um susto e exclamado: "mas esta coisa fala!"), até o celular que a gente perde porque escapa pelo furo do bolso. Pois aqui vai se narrar uma odisséia parecida, só que em meros 22 anos.

O ano é 1977 e o Estado do Paraná está prestes a inaugurar a sua "Rede de Teleprocessamento". A rede que, literalmente, nos tirou o sono e levou quase 1 ano para começar a funcionar era composta pela enormidade de 2 terminais (um no Departamento Estadual de Estatística – DEE, na Mal. Deodoro esquina com Barão do Rio Branco), outro na sala do Governador Jayme Canet Junior, e uma impressora junto ao segundo terminal. Demorou um bocado e ainda fomos elogiados pelos fornecedores: foi uma das instalações mais rápidas que se viu em nosso País, naqueles longínquos e tormentosos anos 70.

Dizem os especialistas que quanto mais perto (no tempo e no espaço) um sistema de informações estiver do processo que ele suporta, mais útil será e menos erros conterá. Essa a explicação pela fome premente de sistemas em tempo real e, por conseqüência, pela necessidade de ligação de tudo e todos ao computador central.

Mês após mês e ano após ano, cada um que precisava conexão vinha aqui e pendurava o fio. A coisa chegou a tal ponto que em 1989 houve a necessidade de racionalizar a ferramenta. Explica-se: crescia a capilaridade da rede e não havia muito sentido em todo mundo estar ligado ponto a ponto com a CELEPAR. Nascia a Rede Integrada de Comunicação de Dados do Paraná. Imagine, leitor: em vez de uma porção de fiozinhos de Curitiba para o interior do Estado, agora havia um fiozão da capital para as principais cidades pólo e os fiozinhos agora só precisavam ir até o pólo mais próximo. De cara, houve uma economia na conta da comunicação de dados de 40%.

Hoje, em apenas 10 anos, a rede atinge mais de 150 municípios no Paraná com cerca de 850 pontos de acesso. A rede começou com SNA (um protocolo para terminais IBM), evoluiu para TCP/IP, o mesmo usado pela Internet, que hoje roda ecumenicamente sobre outros protocolos: X25, frame relay, satélite e ATM. Desculpem-me a salada de siglas, mas traduzindo livremente para linguagem leiga é como se fosse um cano pelo qual passasse petróleo, suco de laranja, whisky 12 anos, água de chuva e a poção mágica do Obelix. Tudo junto e sem se misturar. Ainda no capítulo dos números: estão ligadas mais de 350 redes locais rodando aplicações Client Serv, Notes, Internet, Intranets e cerca de 8000 terminais do computador central. Aliás, diga-se, Notes e Internet fazem hoje uma grande revolução na Rede do Governo.

Um capítulo à parte é a RAV = Rede de Alta Velocidade. Trabalhando a 155 Mbits/segundo interliga 9 prédios e 26 órgãos do Estado localizados na região do Centro Cívico em Curitiba. Oferece um desempenho similar ao de uma rede local, ainda que as distâncias estejam medidas em quilômetros e não mais em metros. Tem uma previsão de expansão para toda Curitiba, prevendo-se 2 nodos na região central, mais nodos nas regiões Rebouças, Tarumã, Água Verde e Mercês.

Para o futuro os planos são grandiosos: um deles é o de gerência integrada e automatizada da rede. A explicação para essa necessidade é simples: a complexidade da rede e de seus componentes não pára de aumentar, e grande parte das tarefas de controle e gestão pode e deve ser automatizada. O segundo projeto é mais ambicioso ainda: a integração do tráfego de voz com o tráfego de dados, tudo isso junto na rede Corporativa do Governo do Estado.

Quando estiver instalada, as ligações locais e interurbanas para voz serão feitas usando-se a rede -- que, lembrando, tem custos fixos -- ao contrário da telefonia convencional que custa por minuto. O objetivo é, após deduzir todo o investimento feito em equipamentos de rede para suportar este projeto, ainda economizar 15% da conta mensal de comunicação de dados e de telefone do Governo do Estado.

Para encerrar, a lembrança de que houve um tempo em que sistemas eram projetados com cartões que eram perfurados, arquivos seqüenciais que eram processados e relatórios que eram gerados e depois de dias ou semanas vistos pelos seus usuários. Hoje tudo isso é feito em 3 segundos, em média. Bem mais rápido, não é?