Coluna do estagiário celepariano

Sistema Mãe curitibana, filho de estagiários

Autor: Dênis Weis Naressi - Estagiário da GPS


Análises feitas pela Secretaria Municipal de Saúde em 1997 mostraram que 81% das mortes maternas e 60% das mortes infantis poderiam ser evitadas através de uma maior atenção às gestantes de Curitiba. Daí nasceu a idéia do "Programa Mãe Curitibana".

Este programa tem por objetivo reduzir o número de óbitos por complicações maternas e neonatais oferecendo à gestante e ao recém-nato atenção pré, peri e pós-natal. Neste programa, todas as gestantes residentes em Curitiba, no momento do diagnóstico da gestação, são vinculadas a um serviço hospitalar de referência para realização do parto.

As Unidades de Saúde têm um número pré-determinado de partos, reservados para vinculações nas maternidades de Curitiba. Todas as gestantes residentes em Curitiba, cadastradas no pré-natal das Unidades de Saúde, recebem um carnê individualizado, contendo requisições dos exames de rotina e o vale-kit que garante sua vaga no hospital. Cada gestante recebe, durante a gestação e também no puerpério, cuidados da equipe de saúde, incluindo visitas domiciliares pelos Agentes Comunitários de Saúde e consultas puerperais.

Para a organização do fluxo de gestantes, as maternidades vinculadas ao SUS asseguram um número de partos mensais. Parte do material consumido pelas maternidades é reposto mensalmente pela SMS, de acordo com o total de procedimentos realizados no mês anterior, como forma de incentivo para a vinculação das gestantes.

O desenvolvimento de um sistema informatizado para fazer este controle era ponto fundamental para o funcionamento do programa, tornando-se um fator de urgência para a Secretaria Municipal de Saúde.

Duas semanas antes do lançamento do Programa, o sistema não existia, nada havia sido feito neste sentido e a Secretaria não tinha recursos técnicos disponíveis para desenvolvê-lo.

Esta barreira não seria suficiente para desanimar o pessoal da SMS e a Dra. Ana Luiza Schneider Gondim convocou o estagiário da CELEPAR, Denis Naressi, que estava alocado no Núcleo de Informática da Prefeitura, para iniciar o desenvolvimento do sistema proposto.

O prazo disponível era curto, impossibilitando um projeto mais detalhado, com todas as normas e padrões utilizados pela CELEPAR.

Com o desenvolvimento de um projeto lógico e o desenho de algumas telas e relatórios suficientes para atender às primeiras necessidades, foi iniciado o projeto físico do sistema e a programação da primeira etapa.

Utilizou-se o Delphi como ferramenta de desenvolvimento e, dentro do prazo previsto, foram entregues os primeiros programas que permitiam a entrada de dados e emissão de alguns relatórios, dando início à informatização do programa.

As Unidades de Saúde receberam, pela primeira vez, suas Tábuas e Fichas de Controle de Vinculações. Esta Tábua contém impressos todos os números que as unidades podem relacionar às suas gestantes, dentro do limite das cotas destinadas a cada maternidade. Neste momento, centenas de gestantes estavam entrando no programa e sendo vinculadas aos hospitais.

Enquanto isso, desenvolviam-se novos módulos do sistema, que, em sua contínua evolução, permitia o cadastramento de novas gestantes.

O "Programa Mãe Curitibana" já podia ser inaugurado, e isto aconteceu no dia 8 de março de 1999, contando com a presença do governador do Estado do Paraná, Jaime Lerner, do Prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, do Secretário Municipal de Saúde. Dr. Luciano Ducci e de outras autoridades.

Muita coisa ainda deveria ser feita no sistema. Em meados de abril, a primeira versão do sistema estava pronta, embora ainda necessitasse de algumas implementações e ajustes. Esta versão permitia todas as entradas de dados e dispunha de relatórios básicos, tais como Tábua de Vinculações e relatórios de gestantes por hospitais e por Unidades de Saúde.

O grande número de atividades desenvolvidas, a constante mudança de serviços e a alta instabilidade do contrato do estagiário eram fatores de risco para a manutenibilidade do sistema.

Para contornar estes problemas, foi desenvolvida toda a documentação do sistema envolvendo o dicionário de dados e a descrição das telas, entre outras. Outro estagiário foi alocado para auxiliar na complementação do sistema e poder compartilhar o conhecimento sobre o novo produto.

O sistema possui mais de quinze relatórios que espelham o processo de vinculação, monito-rização do parto, o período puerperal e outros. Desta maneira, a Secretaria Municipal de Saúde, juntamente com os Distritos Sanitários, tem uma grande quantidade de informações sobre as nossas gestantes.

Dos resultados esperados com o Programa, estão: melhoria da qualidade do pré-natal, parto e puerpério; melhoria do acesso ao parto com a complexidade e a qualidade necessárias; maior satisfação das usuárias do SUS no atendimento à saúde reprodutiva; redução da mortalidade materna; redução da mortalidade infantil; redução da AIDS por transmissão vertical; redução da toxoplasmose congênita; redução da gravidez indesejada ou de risco; redução das internações hospitalares por doenças respiratórias na infância; diagnóstico precoce de diabete gestacional; redução dos acidentes na infância e identificação precoce de situações de risco em serviços hospitalares.

Atualmente, o Sistema Mãe Curitibana, que controla o "Programa Mãe Curitibana", está sendo concluído pelo estagiário Ricardo de Lima, disponibilizando mais um importante projeto que beneficia diretamente toda a comunidade.