Correio Eletrônico padrão X400

Autor: Odemir Bara


Atualmente existem no mercado um grande número de software's para correio eletrônico; software's estes com múltiplas funções, inclusive para automação de escritório (agendas individuais e corporativas, quadro de avisos, formulários eletrônicos, conceito de pastas de documentos, etc.) e em ambiente gráfico. Porém, a grande maioria destes software's atuam em uma rede fechada, ou seja, as mensagens são enviadas/recebidas entre as caixas postais deste sistema não sendo possível a troca de mensagens com outros sistemas de correio.

Para tentar resolver este problema, bastante sério nos tempos atuais pois nenhuma empresa pode prescindir da troca de informações com o mundo externo, alguns sistemas passaram a fornecer "gateways" proprietários para interconexão com sistemas de correios específicos. Porém, esta solução está muito longe de ser a solução que venha a resolver definitivamente este problema de interconexão, pois além de ser uma solução proprietária ela resolve apenas a interconexão com outro sistema proprietário, ficando a descoberto a possibilidade futura de troca de informações com outros correios e a integração de versões futuras destes sistemas.

Dada a necessidade de troca de informações entre sistemas de correio de diferentes plataformas de hardware e software, organizações internacionais como CCITT e ISO definiram o padrão internacional X400 para troca de mensagens entre correios eletrônicos. A primeira versão deste padrão é a de 84, a segunda de 88 e a terceira é a recém-definida versão 92. No mercado, hoje existem produtos com as versões de 84 e 88 e a partir de 94 teremos produtos com a versão de 92.

Este padrão está sendo mundialmente aceito e com ele surgem os sistemas de correio capazes de comunicação com outros sistemas de correio desde que ambos sejam aderentes ao padrão X400.

O conjunto de regras estabelecidas para este padrão são representados pelos protocolos X400 que padronizam a troca de mensagens.
Além de permitir a comunicação entre correios de plataformas de hardware e software diferentes, o padrão X400 permite ao usuário o envio de mensagens com tipos diferentes de corpos (texto, binário, gráficos, voz etc.) e algumas garantias a mais, como por exemplo notificações de não entrega no caso de impossibilidade da sua entrega.
O termo "Correio Eletrônico", popularmente aceito para designar sistema de troca de correspondências por computador, tem uma denominação mais precisa como STM (Sistema de Tratamento de Mensagens) ou em inglês MHS (Message Handling Systems).

CONCEITOS DO MODELO MHS (X400)

O Modelo MHS (X400) traz consigo alguns conceitos importantes e que estaremos definindo a seguir:

UA (User Agent)

O agente de Usuário é um conjunto de processos de aplicação (software), responsável por toda parte de interface com o usuário, edição, recebimento, envio, arquivamento de mensagens nas caixas postais etc. e ainda possui funções de interação com o MTA para roteamento de mensagens.

MTA (Message Transfer Agent)

O agente de transferência de mensagens é um software responsável pelo roteamento das mensagens entre o usuário remetente e o usuário destinatário.

MD (Management Domain)

O conjunto de pelo menos um "MTA" e alguns ou nenhum "UA" pertencente a uma prestadora de serviços públicos da área de comunicações (Embratel ou as concessionárias estaduais) ou organizações (entidades públicas ou privadas) constitui um "Domínio Gerencial". O domínio delimitado por uma empresa prestadora de seviços na área de telecomunicações é denominado de "ADMD" e o domínio delimitado pelas organizações (outras entidades públicas e empresas privadas) denomina-se de "PRMD".

ADMD (Administrative Management Domain)

Domínio administrativo gerenciado por uma empresa de telecomunicações (hoje só a Embratel é um domínio administrativo, porém existe previsão que as concessionárias estaduais venham também a prestar este tipo de serviço. São empresas com autorização governamental para realizar os serviços de roteamento de mensagens entre usuários de correio de domínios privados diferentes).

PRMD (Private Management Domain)

Domínio Privado, representado por organizações (qualquer entidade pública/privada, que não seja uma empresa de telecomunicações) que se conectam ao ADMD para transferência/recebimento de mensagens entre seu domínio (PRMD) e outros domínios externos (PRMD's).

OR-ADDRESS (Originator Recipient Address)

Para a transferência de mensagem entre usuários remetente e destinatário de domínios diferentes, é necessário que ambos possuam "OR-ADDRESS" ou "Endereços X400" que são identificações compostas por diversos campos, alguns deles obrigatórios tais como País, Admd, Prmd, etc.


ARQUITETURA DO CORREIO ELETRÔNICO DO ESTADO DO PARANÁ

A arquitetura definida para o Estado deverá ser a de um Correio Eletrônico distribuído e integrado de forma que qualquer usuário de um correio poderá trocar mensagens com os usuários de outros correios pertencentes à rede de correios do Estado e com usuários externos a este domínio, porém aderentes ao padrão X400.

A arquitetura de correio do Estado será aderente ao padrão internacional X400, e o conjunto de órgãos (Administração direta e indireta) que formam o governo do Estado constituíra um domínio privativo único. Desta forma, a troca de mensagens entre os órgãos do Estado ocorrerá dentro de seu domínio não havendo a necessidade de serem roteadas por um agente externo (domínio Administrativo - ADMD), evitando tarifação externa e um trajeto longo de ida e volta desnecessário para a entrega de uma mensagem entre órgãos que possuem correios distintos e, em muitos casos, bastante próximos (até mesmo em um mesmo edifício).

A visão para os usuários externos ao nosso domínio será a de um correio único já que teremos somente um endereço privativo (PRMD), apesar de existirem vários correios interligados. Caberá ao Correio Central a função de receber/enviar mensagens entre o domínio privativo do Estado e outros domínios externos. É este correio que será o elo de ligação com o domínio administrativo (ADMD), tendo ainda a tarefa de, ao receber uma mensagem do ADMD, verificar se a mensagem pertence a este nó (organização=CELEPAR); se sim entregar a mensagem, e em caso contrário pelas tabelas de roteamento rotear a mensagem para o nó correspondente a organização solicitada.

Para que seja possível a troca de mensagens entre órgãos que possuem correios distintos (inclusive em plataformas de software e hardware diferentes), é necessário apenas que os correios sejam aderentes ao padrão X400, e que os mesmos estejam interconectados com o Correio Central. Desta forma, qualquer órgão pode ter o seu próprio sistema de correio residente em seu ambiente operacional e trocar mensagens com outros correios dos demais órgãos do Estado, inclusive com os usuários do Correio Central ( que por opção não possuem seus próprios sistemas de correio) e com correios de outros domínios (que sejam padrão X400).

Com esta arquitetura, o Estado poderá ter sistemas de correio eletrônico que permitem a comunicação entre diversas plataformas de hardware e software, enviando mensagens entre si com tipos diferentes de corpos (texto, binário, voz, gráficos, ...).

O Correio Central a ser adquirido deverá rodar em ambiente Unix, aderente ao IEEE-Posix, que é o ambiente alternativo em processo de aquisição pela CELEPAR.

O projeto "Correio Eletrônico Distribuído" já conta com o documento de "Definição das Características Técnicas" para aquisição do Correio Eletrônico Central e do correio que deverá atender a CELEPAR internamente. Estaremos iniciando a fase de avaliação e testes das características técnicas solicitadas, nos ambientes propostos com produtos existentes no mercado, para iniciarmos na seqüência o processo licitatório.

Futuramente, estaremos divulgando os critérios de avaliação dos produtos segundo a ótica de seu uso, operação e administração interna.

FORMAS DE NOMEAÇÃO E ENDEREÇAMENTO

Forma 1:

Variante 1:
. Nome do País
. Nome do Domínio Administrativo
. [Nome do Domínio Privado]
. [Nome da Organização]
. [Nome da Unidade da Organização]
. [Nome Pessoal]
. [Atributos Próprios ao Domínio]

Variante 2:
. Nome do País
. Nome do Domínio Administrativo
. Identificador Numérico Único de UA
. [Atributos Próprios ao Domínio]

Variante 3:
. Nome do País
. Nome do Domínio Administrativo
. Endereço X.121
. [Atributos Próprios ao Domínio]

Forma 2:

. Endereço X.121
. [Identificador do Terminal Telemático]

MHS X400 - PROTOCOLOS

O conjunto de regras estabelecidas para o padrão X400, que padronizam a troca de mensagens entre os usuários de correio, são representadas pelos protocolos X400.

O modelo OSI possui uma arquitetura de sete camadas, sendo que cada camada solicita serviços à camada inferior e provê serviços para a camada superior.

O padrão X400 localiza suas funções (protocolos) nas duas camadas superiores: Camada de Apresentação (nível 6) e Camada de Aplicação (nível 7).

O modelo X400 versão 84 foi elaborado antes da conclusão da estrutura da camada de aplicação (nível 7) e das normas e protocolo da camada de apresentação (nível 6) do modelo OSI. Por isso, a versão X400-84 apresenta uma camada de apresentação mínima definida pela recomendação X410. A versão 88 já se adapta à nova estrutura da camada 7, utilizando o ACSE (Application Common Service Element), restringindo o padrão X400 para a camada superior (nível 7).

São os protocolos X400 que garantem a transferência de mensagens entre usuários de correios eletrônicos distintos, independente da plataforma de hardware e software utilizada, bastando apenas que ambos sejam aderentes ao padrão X400.

P1 Protocolo que padroniza a transferência de mensagens entre os MTA's. Contém as informações referentes ao endereçamento do usuário de origem e do destinatário e carrega como dado (corpo) a mensagem tal como submetida pela UA remetente.

P2 Denominado de Protocolo de Mensagens Interpessoais, é o responsável pela padronização da sintaxe e semântica do conteúdo da mensagem (tipo memorando) a ser transferida. Este protocolo é utilizado para a comunicação entre as UA's (remetente/destinatário).

P3 Protocolo que faz o relacionamento entre o UA e o MTA quando estes residem em sistemas distintos, possibilitando ao usuário isolado o serviço de transferência de mensagem. Os dados transferidos em P3 são as operações solicitadas (submissão, entrega, notificação, troca de senha, etc.).

P7 Protocolo que permite a um UA remoto interagir com o "Message Store", possibilitando o armazenamento e a recuperação de suas mensagens em um sistema principal.

PDAU Protocolo que permite a interação com unidades de acesso para entregas físicas. Usuários enviam mensagens a UAs específicas que imprimem e envelopam as mensagens de modo que possam ser entregues por meios físicos (sendo utilizado pelo correio do Canadá).