DBFORUM / 97

Autor: Carlos Alberto Sowek

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS DE BANCO DE DADOS

Durante a minha participação no DBForum entre 06 a 09/05/97, tive a oportunidade de assistir algumas palestras no Congresso, onde foram apresentadas as tendências de banco de dados, tanto no mercado americano como no mercado brasileiro. Achei interessante fazer uma síntese do que foi apresentado.

Uma das palestras foi apresentada por Philip Chapnick do Group Publisher Miller Freeman com o título "Análise das Tendências da Tecnologia de Banco de Dados", da qual fazemos um breve relato.

O que se coloca a seguir é em relação ao mercado americano. Neste mercado, são colocados quatro caminhos/trajetórias a serem seguidos pelas empresas fornecedoras de banco de dados:

  1. Aumentar o entendimento através do objeto/relacional;
  2. Aumentar o valor através do Data Warehousing;
  3. Aumentar o poder através do Processamento Paralelo;
  4. Aumentar a penetração através da Internet .

Deve-se levar em consideração o valor, abrangência e a potência do Banco de Dados, bem como a demanda no ponto de vista de complexidade na escolha daquilo que deve ser investido para sua empresa, com relação ao que o mercado está solicitando. Antecipar-se à concorrência ainda é o grande triunfo.

Com relação à demanda de dados não padronizados, foi colocada como uma questão que está tendo grande movimento no mercado americano, principalmente no setor de saúde. O que o palestrante coloca é que o setor de saúde vai modificar o mercado, fazendo grandes mudanças. Ele coloca no sentido de mudanças de artificial para o real. Hoje, os sistemas de computação que existem nos hospitais, são os sistemas de cobrança, registro de pacientes, entre outros, que servem de apoio à parte administrativa. O que se pretende é juntar todos estes sistemas para se ter uma visão diferente com relação ao paciente.

A idéia é enxergar o paciente de um ponto de vista diferente. Como exemplo disto: um paciente entra para fazer uma cirurgia; neste momento o que se pretende é ter todas as informações do paciente que são pertinentes à cirurgia e que de alguma forma foram coletadas pelo hospital durante o processo cirúrgico, bem como informações pessoais do paciente como: se ele fuma, idade, entre outras. Pretende-se, ainda, que se tenha uma visão separada por especialistas que atenderam o paciente. O objetivo é ter tudo isto integrado para que se possa tomar a atitude correta no momento de realizar uma cirurgia.

Na colocação do palestrante, ele considera que o caminho dos bancos de dados é o objeto/relacional, e que os bancos de dados objeto puro são para um nicho pequeno de mercado, pois são mais como gerenciadores de objeto e não sólidos bancos de dados.

A seguir, é colocada a estratégia das empresas participantes deste mercado de banco de dados, com relação às novas tendências de mercado.

A IBM e Informix têm a mesma forma de atuação, que é através de funções definidas pelo usuário, buscando com isto ter a melhor solução. A Informix sofreu recentemente grandes mudanças nas suas estratégias de relacional e de objeto. Outro impacto foi a perda dos seus membros chaves que foram para a Oracle. A IBM tem tido um grande impulso neste mercado com o lançamento dos produtos Universais, colocando grande ênfase neste produto.

A Oracle tem a estratégia de utilizar-se de tipos de dados estendidos, solução bem orientada e controlada. A Oracle tem um controle rígido de seus produtos, fazendo com que o cliente tenha todos os produtos que necessite de um único fornecedor.

A Microsoft e a Sybase têm a estratégia de componentes. Não estão, no momento, fazendo muito neste contexto. O que deve ocorrer, provavelmente, com a próxima versão de seus produtos.

A Computer Associates tem uma abordagem bem diferente dos demais, ela fala para que esqueçam o objeto/relacional e dá a mensagem de que o mercado é relacional ou objeto.

Com relação às organizações, existe a preocupação de que todos querem retorno para seus investimentos pois: tem-se gastado muito dinheiro para pouco retorno; muita parafernália dos fornecedores está esgotando os clientes.

Com base nestes requisitos os fornecedores de banco de dados do mercado americano procuram achar novos grupos para seus produtos. Um ponto que está sendo atacado é o de criar um "data mart" controlado, pois com isto tem-se obtido um retorno de investimentos mais rápido para as organizações.

Hoje, está existindo com relação à "data mart" a idéia de criar os data malls, que são como um tipo de shopping center onde as lojas estão uma ao lado da outra.

Com relação à Data Mining, é colocado que hoje o que existe é muita promessa. Ocorre oferta de novos produtos quase todo dia, não existem padrões que tornem o negócio efetivo; isto é viável. Nesta área, é crucial que se faça uma boa triagem e uma pré-análise dos dados para obter sucesso.

Os Mainframes não morreram, é o que todos estão constatando, visto as novas versões destes produtos que estão no mercado. Os Mainframes oferecem sempre mais segurança na questão de acesso aos seus dados, bem como são produtos mais estáveis principalmente para aplicações críticas. Nós estamos sempre precisando armazenar cada vez mais terabytes de dados.

MPP x SMP é hoje uma questão religiosa, gerando sempre muita discussão pois cada uma tem suas vantagens e desvantagens.

A Internet é algo que fez um diferencial no mercado. Agora o que está acontecendo são as Intranets. Isto é o que se constata também nos outros países.

Java está vindo com muita força no mercado, apesar da disputa com alguns fabricantes na questão de se tornar um padrão. Temos visto que existe muita propaganda mas pouco se tem implementado efetivamente. Deve-se esperar para ver o que o mercado realmente adota.

No final, o palestrante coloca como últimas sabedorias: que as pessoas acreditem que milagres acontecem. Apesar de serem dependentes de alguns fornecedores que definem alguns padrões, de repente aparece no mercado soluções ou tendências que são adotadas por todos e que não são de um fornecedor específico, tendo todos os fornecedores que se adaptarem a esta tendência. Deve-se ficar sempre atento ao mercado.

Outra palestra foi apresentada por Roberto Carlos Mayer da Mayer & Bunge Informática (MBI) com o título "Tendências no Mercado Brasileiro de Bancos de Dados".

Esta empresa, além de prover soluções para profissionais de informática, tem feito pesquisa no mercado brasileiro com o objetivo de criar um relatório contendo estatísticas confiáveis sobre tendências na qual são abordados alguns temas na área de informática, tais como: sistemas operacionais, linguagens de programação, banco de dados, entre outros.

Fornece o relatório BRASIL SOFTWARE, que é publicado desde 1995, do qual são feitas três edições por ano (março, julho e novembro). Este relatório pode ser utilizado pelas empresas em determinados momentos para que possam ter uma idéia de como está se conduzindo o mercado brasileiro em determinados segmentos e/ou ambientes. No caso da pesquisa com relação a banco de dados foram mostradas as tendências por setores da economia como: nos bancos comerciais, nas construtoras, na telefonia, nas softwares houses. Todas as informações dão uma visão clara do que está sendo usado no mercado como banco de dados nestes setores.

Como estas informações estão, também, em um banco de dados, pode-se fazer cruzamentos entre os dados para se ter uma determinada visão de um perfil de mercado.

Na apresentação feita faltou, na minha opinião, uma separação mais bem definida entre os bancos de dados. Talvez fosse colocado por tipo, porte, abrangência, valor, complexidade, de uma maneira que separe melhor os produtos, como exemplo Access, FoxPro de um Oracle, Sybase. Na apresentação ficou marcante que o Access sempre é considerado o de melhor performance (em termos de número de cópias vendidas/instaladas), o que é considerável, visto o seu nicho de mercado.

ANO 2000 – AMEAÇA OU PERIGO

Esta palestra não constava no programa do congresso. O palestrante, Joe Celko da empresa Northern Lights Ltd, foi convidado a apresentar esta palestra em substituição a um outro palestrante estrangeiro que não pôde comparecer ao evento.

São quatro os problemas que o palestrante coloca em relação à virada de século:

  • O odômetro (hardware)
  • O milênio (software)
  • Datas estranhas (desenho)
  • Outros sistemas (rede)

Com relação ao odômetro a dificuldade encontrada é de que muitos computadores não podem representar o ano 2000 internamente.

Com relação ao milênio, existe a necessidade de trocar o chips de BIOS de seu computador. Para isto se torna necessário chamar seu fornecedor de hardware para fazer a troca. Com relação a este problema deve-se verificar, também, outros hardwares existentes na organização que utilizarão ano com dois dígitos. Um dos casos é com relação ao código de barras em seus produtos, no qual devem ser acrescidos mais dois dígitos.

Com relação às datas estranhas, este é o item que as pessoas usualmente enxergam como problema no ano 2000.

A ISO 8601 é a única Norma Internacional para data. O formato para data na Norma está definido como yyyy-mm-dd para que se tenha uma independência da linguagem. Por este motivo o campo mm (mês) não está definido em termos de letras.

No caso dos sistemas existentes, onde anos com dois dígitos são armazenados no computador, deverá usar 00 para o ano 2000. Neste caso, vão ocorrer problemas com algoritmos que tratam a divisão por zero.

Em alguns casos o ano fica oculto dentro de outros rótulos. Como exemplo temos o caso da IBM que utiliza no label da fita o código yyddd onde ddd = 364 ou 365, dependendo do ano.

Existem também, os campos de data que não informam realmente a data. Como exemplo temos:

- 9999-99-99 usada para data de expiração.

- 0000-00-00 usada para data desconhecida.

Algumas empresas usam como solução escolher um ponto de pivô, ex.: 1950. Neste caso, pode-se converter o ano de dois dígitos yy entre 00 e 49 para 20yy ou converter o ano de dois dígitos yy entre 50 e 99 para 20yy.

Outra solução é de normalizar os dados, adicionando outra coluna.

O que o palestrante coloca é que quanto mais automatizada for a sua solução mais problemas terá para resolver. Neste caso, deve-se avaliar até que ponto se automatiza o processo de conversão de datas e quanto se trata individualmente.

Com relação ao item outros sistemas, o palestrante coloca a dificuldade encontrada entre os fusos horários entre estados e países, principalmente no caso dos sistemas que estão interligadas em redes. O conveniente é usar somente UTC (Coordinated Universal Time), isto é, usar a data e tempo de acordo com a tabela de conversão de tempo local.

As soluções que o palestrante coloca para o problema do ano 2000 são:

Não fazer nada, pois você pode estar se aposentando antes da virada de século. Porém, você poderá ter problemas com sua pensão, então o fato é que se faz necessário resolver este problema pois o mesmo vai afetá-lo de qualquer maneira.

Comprar um novo software. No caso da Europa foi desenvolvido o SAP; nos E.U.A a solução foi passar os sistemas para máquinas menores em arquitetura cliente/servidor.

Estabelecer uma força tarefa na empresa para resolver este problema.

Outro fato que pode ocorrer é de você ter que usar os seus conhecimentos de programador Cobol, para fazer as alterações nos programas criados há um bom tempo. Isto pode ser uma boa, visto o valor de mercado para este tipo de programador, mas, outros problemas ocorrem: existe o código fonte do programa? se existir, é a última versão?

O final de 1999 cai numa sexta-feira, o primeiro dia útil será numa segunda-feira, isto pode ser bom ou ruim. Como que as coisas estarão na segunda-feira?

Como o ano 2000 é divisível por 100 e por 400, é um ano bissexto, portanto, teremos outro problema após a virada de século no final do mês de fevereiro.