E o Sistema Estadual de Informações, como vai?

Autor: Antonio Edison Urban


Era uma árvore de calçada, nova ainda. Estava caída, quebrada junto à raiz. Resultado talvez de um arroubo maior de um adolescente apaixonado, ou de um vândalo.

Talvez não tivesse tido muitos desafios. Fôra plantada em uma circunferência de um metro de diâmetro aberta na calçada. Bem adubada. Terra preta enriquecida com humus. Cresceu sem dificuldades, livre da concorrência sequer dos capins, pois o diligente jardineiro arrancava os competidores. Também nunca faltou água.

Diferente foi o destino de outra árvore, da mesma espécie, aproximadamente mesma idade. Cresceu nas encostas da Torre dos Sinos, uma das montanhas do famoso conjunto Marumbi. Competiu por água, humus, sol, terra. Sofreu com a inclemência dos temporais na Serra do Mar, ventos velozes forjaram suas fibras. Graças a isso, talvez ela conseguiu resistir quando tive de apoiar-me nela para deter a queda de um companheiro de escalada. Ela vergou, mas suportou os pesos somados de duas pessoas.

Penso nessas árvores como dois sistemas semelhantes, um implantado em um ambiente neutro, passivo, "favorável", outro em um ambiente hostil, desafiante, resistente, "desfavorável".

Imagino o que seria do primeiro sistema, após algum tempo: grande, de aparência saudável e vigorosa, mas pouco flexível, sem enraizamento e nem integração ao ambiente. Um cenário, uma maquete. Uma boa aparência, porém vulnerável às muitas mazelas que podem atingi-lo, sujeito a ser suprimido ao primeiro embate com a realidade.

E o segundo? Após o mesmo tempo não estaria tão grande, teria muito espaço ainda para conquistar, sua aparência não seria de tanto vigor, até poderia parecer combalido, mas teria a capacidade de mudar quando necessário, teria penetração no ambiente e estaria integrado com as outras funções. Não estaria completo, mas aquilo que estivesse pronto teria conteúdo, consistência. Seria capaz de resistir às turbulências naturais, recuperando rapidamente sua estabilidade.

O Sistema Estadual de Informações - SEI está passando por um período crítico. Teve criada a sua base legal, foi instalado e está tendo as suas diversas funções gradualmente implantadas. Sofre os primeiros desafios.

Enquanto meras palavras alinhadas em papéis, o SEI não despertou muita atenção. Era mais uma novidade dos informáticos. Quando começou a mostrar que sua implantação revolucionava o modo como a informação passaria a ser considerada, rompendo com conceitos ultrapassados de propriedade, buscando colocar os recursos de dados e informações dos órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta do Estado do Paraná, salvo em casos de limitações estabelecidas em lei, à disposição de todos aqueles que deles necessitam para estudos, pesquisas e decisão, apareceram os primeiros sinais de que havia uma mudança em curso e isso, naturalmente, provocou perplexidades e resistências.

A perplexidade se manifesta em relação aos espaços institucionais. O novo modelo redistribui espaços considerados historicamente pertencentes a determinadas instituições. O novo modelo destrói espaços institucionais vistos como eternos. O novo modelo gera novos espaços institucionais ainda sem pertinência estabelecida.

Algumas instituições buscam articulação interna e externa diante da mudança. É um movimento que, por princípio, provoca atrito. É como a competição que a pequena árvore da serra desenvolve para firmar suas raízes e integrar-se no ambiente.

Outras adotam uma postura de observadores. Colaboram no que puderem, sem comprometer-se demais. Esperam o quadro definir-se para então participar do modo mais conveniente. É como a pequena árvore da calçada, que não compete com os capins esperando a ação do jardineiro.

Entre esses dois extremos existem várias instituições, e o SEI vai ganhando forma. Ora fortalece-se na discussão, nas disputas, às vezes até contundentes, porém sadias, pois significam a busca do caminho mais adequado; ora enfraquece-se na omissão, na participação decorativa, cômoda, mas danosa.

O vetor resultante desse jogo de forças é animador, aponta no sentido de um sistema inovador para a gestão da informática e informação públicas, aponta na mesma direção que as tendências inferidas das discussões sobre o novo alinhamento necessário entre os sistemas de informação e a tecnologia da informação. Raízes firmes e bem integradas ao ambiente; estrutura flexível, adaptável: este é o sistema que poderá suportar as transições políticas, dando sustentação a projetos cuja concepção técnica garante o uso de seus produtos em conformidade com as necessidades de estudos, pesquisas e decisões.

Dentro dessa realidade, o SEI já instalou oito Câmaras Técnicas:

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Câmara Técnica de Padronização, Normalização e Automação dos Acervos Documentais.
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Câmara Técnica de Normas e Padrões para Apresentação de Dados e Informações.
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Câmara Técnica de Cartografia e Geoprocessamento.
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Câmara Técnica de Administração de Dados.
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Câmara Técnica de Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas.
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Câmara Técnica de Termo de Referência.
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Câmara Técnica de Integração de Sistemas Computacionais.
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Câmara Técnica de Normatização das Estruturas Geradoras de Informações Setoriais.

Também existem algumas comissões especiais para discutir negociação conjunta com fornecedores de software, cujos resultados em breve poderemos divulgar, e encontra-se em fase de discussão o novo modelo para aquisição de bens e serviços de informática, que busca introduzir simplificação de procedimentos e será objeto de artigo específico proximamente.