Editorial: o aniversário do Bate Byte

A mensuração do tempo é um processo relativo. Se contraposto a 5.000 anos de história, 3 anos se configuram apenas como um curto espaço de tempo, ínfimo demais para ser relevante. Se estes 3 anos forem comparados com o tempo que uma idéia acalentada por um grupo de técnicos permanece ativa, circulante, dinâmica, esta longevidade é uma conquista.
O Bate Byte completa, nesta edição, 3 anos de circulação. Quantas publicações, mesmo respaldadas numa infra-estrutura específica para este objetivo, atingem esta idade?

Nestes últimos 3 anos, o Bate Byte esteve presente no cotidiano da CELEPAR, não como um mero informativo, mas como um registro vivo da atividade da empresa, a imagem especular da excelência de seus conhecimentos técnicos.

Nenhum texto pode ser relegado ao estatuto de mera palavra escrita. Um texto é a cristalização de um instante, a captura de uma conjuntura, à qual nos reportamos na tentativa de reconstruir um momento do passado. A perenidade de um texto, ainda que possa sofrer as máculas do tempo, é uma fonte fiel que nos permite resgatar parte da vida que já vivemos.

Walter Benjamin, o filósofo da Escola de Frankfurt, escreveu, certa vez, a seu amigo, o historiador Scholem: "cada linha que conseguirmos publicar hoje - não importa quão incerto seja o futuro a que nós a entregamos - é uma vitória arrancada das mãos dos poderes da escuridão". Escrevendo na condição de judeu perseguido, no epicentro de um regime irracional, que distorcia a realidade histórica através da simplificação assassina da ideologia totalitária, Benjamin tinha a consciência que apenas com a palavra escrita esta história poderia ser contada de outro ângulo.

Nossos objetivos são menos nobiliárquicos do que os de Benjamin, nossos tempos são menos adversos. Os "poderes da escuridão" são, para nós, o esquecimento que obscurece todo um passado de realizações. Imbuídos desta pretensão de termos contribuído para ajudar a contar e a registrar a história desta empresa, nestes últimos 3 anos, nossos esforços se mostram recompensados.

A história que queremos contar não é tão-somente a História Oficial, aquela que se desenrola nas mesas de reuniões, entre decisões e documentos. Trata-se, outrossim, de dar um rosto a uma história mais modesta, anônima, polifórmica e tão matizada, que se processa nas mesas dos técnicos, nas conversas durante o cafezinho, na incessante descoberta das potencialidades da tecnologia.