Fazendas de tecnologia

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro


A informática está sendo sacudida, dia a dia, com anúncios de novidades em todas as áreas possíveis. São inovações pequenas (evoluções) ou grandes (revoluções). Todos temos a sensação de que estas mudanças vão fatalmente provocar alterações na forma de atuação da Celepar, mas sentimos um desconforto muito grande ao tentar responder às perguntas: quando, como, a que custo etc.

Mais ainda, sabemos por experiência própria, que muito do que hoje é apresentado como o estado da arte no ano 2000, simplesmente não vingará e saíra pelo ralo da história. Quem não se lembra do BD relacional implementado em hardware, a grande revolução da IBM, insistentemente anunciada nos anos 76-78, e o qual hoje é apenas uma idéia mal sucedida?

Certamente, antes de adotar alguma coisa, precisamos estudá-la profundamente, inclusive em seus aspectos de custo/performance. Estes estudos demandam uma mão-de-obra cara e rara, nos dias de hoje.

Então, o que estudar?

Parece que esta pergunta não pode ser respondida no calor dos acontecimentos. As diversas tecnologias precisam passar por um teste de campo (e de tempo) para provarem que são boas e vieram para ficar, antes de merecerem nosso cuidado e atenção. Mas, precisamos controlar este dinamismo do mercado, até para descobrir quando as coisas acontecem.

Fazenda de Tecnologia

Uma das melhores abordagens para lidar com este problema, parece ser a da fazenda de tecnologias. À similaridade de uma fazenda que tem bois, vacas, galinhas, pintos, etc, crescendo, sendo abatidos, sendo adquiridos pequenos, a fazenda de tecnologia:

a) tem um plantel de tecnologias se desenvolvendo;

b) sempre que necessário tem novas tecnologias adquiridas;

c) devolve para seus consumidores, as tecnologias já crescidas;

d) às vezes assiste a morte de uma tecnologia em processo de crescimento;

e) tem um tratador para um grupo de tecnologias.

Na verdade, podemos definir os seguintes estágios de crescimento dentro e fora da nossa fazenda:

a) Nascimento - a tecnologia nasceu, isto é, foi divulgada. Ficamos sabendo disto por visitas a congressos, leituras de revistas, freqüentando cursos, conversando com colegas, etc.

Quando uma tecnologia nasce, ainda fora da nossa fazenda, merece um acompanhamento à distância, para saber se ela será ou não uma candidata a integrar nosso plantel.

b) Infância - a tecnologia entra para a fazenda. Ganha um tratador (técnico que ficará responsável por ela).

c) Adolescência - a tecnologia cresce. Nós sabemos mais sobre ela. Nós eventualmente temos interesse em nos beneficiar dela. Ela poderá ficar quanto tempo quiser neste estágio. Ao longo de sua adolescência, uma tecnologia pode se desdobrar em 2 ou mais tecnologias diferentes. Pode também morrer.

d) Maturidade - a tecnologia sai da fazenda e vai merecer um estudo mais rigoroso e profundo. Neste momento é que se inicia o processo tradicional de estudar algo na Celepar.

Assim como os animais da fazenda, as nossas tecnologias não necessitam de um acompanhamento integral e intenso. Podemos deixá-las crescendo soltas. Isso significa que um técnico pode cuidar de 10, 12 tecnologias sem se sentir sobrecarregado por elas. usando a linguagem do basquete, podemos chamar isto de marcação à distância.

Vantagens

As vantagens desta abordagem são:

- diminuir o desconforto que sentimos ao ver surgir tecnologias aqui e ali, sem que façamos nada mais concreto (que é a situação atual);

- ter um estoque de assuntos clamando por nossa atenção. O volume neste caso é importante para que possamos exercer o direito de escolha;

- enfronhar (todos) os nossos técnicos nas atividades de pesquisa, leitura, compilação de textos, apresentação de idéias, produção de trabalhos científicos. É um perfil importante para os técnicos da GPT e que é muito difícil de obter;

- responder rapidamente a mudanças bruscas de tecnologias. Agora, será mais difícil algo nos pegar de surpresa.

4. O que faz o tratador

Trata de se enfronhar no assunto. Deve coletar informações por escrito sobre a tecnologia. Deve ajudar seus colegas, repassando o que encontrar sobre as tecnologias alheias para eles. Deve solicitar cursos sobre o assunto. Deve fazer experiências sobre a questão. Pode pedir a vinda de um especialista à Celepar para mostrar algo.

Pode, ao longo do tempo, ser solicitado a:

a) montar uma apresentação rápida (20 min) para os colegas da gerência sobre a tecnologia e o seu estado na fazenda;

b) escrever um artigo pequeno para a Bate Byte;

c) preparar uma apresentação para o pessoal técnico da Celepar;

d) escrever um material mais denso, para ser publicado como relatório técnico da Celepar;

e) o tratador deve registrar todas as iniciativas feitas no software de controle, que pode ser usado até como ferramenta de auto controle;

f) ser o especialista na gerência quando o assunto for esta tecnologia.

As informações escritas sobre uma tecnologia devem ser guardadas em uma pasta, em arquivo de responsabilidade de nossa secretária. Nada deve ficar nas gavetas, para permitir o múltiplo acesso.

Este conceito já está implementado e funcionando na GPT. Aguarde, para breve, a divulgação das tecnologias que estão na fazenda e quais os técnicos responsáveis de cada uma.

Se você sentir falta de alguma coisa, ou tiver algum comentário a este respeito, por favor fale conosco.