Flagrantes: Cadê a estátua?

Autor: Pedro Luís Kantek Garcia Navarro 

Final da gestão passada, a Celepar fazendo 38 anos de idade e a direção buscando alguma lembrança para ofertar aos colegas que faziam 15, 25 e 35 anos de Celepar.

Na sala do presidente havia uma escultura do símbolo da Celepar (uma bola com 2 hastes). Uma coisa é vê-la impressa nos papéis (e mesmo neste Bate Byte) mas outra é vê-la como objeto tridimensional: é bem melhor.

Uma sacada que surgiu foi preparar uma réplica e oferecê-la aos funcionários mais antigos. Assim, colega nossa, da área administrativa, recebeu a incumbência: - descubra quem pode reproduzir o logotipo em pedra e quanto isso custa. Mas, tome cuidado com o nosso símbolo, é peça única e rara.

Missão dada, missão recebida, mãos à obra: Busca daqui, telefona de lá, negocia, pechincha e entre as idas e vindas, um desastre acontece: a base da peça, de uma pedra lustrosa e bonita acabava de se rachar ao meio.

Ó céus, ó vida. Que fazer? Toca a procurar os mesmos fornecedores, agora com pedido mais urgente e premente: consertar a traquitana, que assim ela não pode ser devolvida, pescoços correm riscos. É claro que o primeiro consultado não podia, o segundo não sabia, o terceiro não tava a fim, o quarto quem sabe depois de janeiro, ufa, ufa. Só lá pelo décimo que se achou uma alma bondosa que se comprometeu a restaurar a coisa. Seu atelier era lá no Umbará, mas que remédio, o preço era meio salgado, não importa: pode fazer. Leva, busca, atrasa, adianta, que canseira.

Peça consertada, orçamentos feitos, finalmente livre desse abacaxi, vem a contra-ordem: - estes orçamentos estão muito altos, veja com este artesão, meu amigo, lá de Campo Largo. Que furada, tudo de novo. Pelo sim, pelo não, ligou-se para o artesão: ele que viesse buscar a peça, que gato escaldado de água fria tem medo. Foi difícil convencê-lo, mas finalmente o homem veio. Recomendou-se a ele todos os cuidados: a peça é frágil. Não se fez de rogado. É batata, amanhã devolvo a peça e o orçamento.

Veio amanhã, veio depois de amanhã, veio o depois de depois de amanhã e nada nem do homem, nem do orçamento e principalmente nem da peça. O presidente cobrando e o saco de desculpas se esgotando, até que finalmente o sujeito dá notícias: Saindo da Celepar, com a estátua embaixo do braço sendo conduzida com todo o cuidado, a base da mesma fez CREEEC, e quebrou-se em 4 ou 5 pedaços. O atraso foi porque houve que se comprar uma pedra igual à da base em São Paulo, demorou quase 2 semanas.

Mas, finalmente, um mês depois do início do movimento, a peça pôde ser guardada na sua vitrine. Sair dalí nunca mais. Com tudo isso a festa dos 38 anos já tinha vindo e ido, os aniversariantes ganharam um relógio com o símbolo da empresa e a história foi mandada para o arquivo morto: assunto terminado e encerrado, ainda bem.

Só que a última palavra ainda não estava dada: 3 semanas mais tarde, quando uma secretária distraída resolveu fazer faxina num armário de canto meio esquecido, abriu uma porta e o que havia lá? Dezenas de esculturinhas iguais àquela que fora tantas vezes restaurada.

À toa, como se viu.