Flagrantes: Ginástica Laboral



Autor: Márcio Kabke Pinheiro – GSR


Recentemente, a CELEPAR implantou o seu programa de ginástica laboral, para diminuir os riscos de LER (Lesões de Esforço Repetitivo) e melhorar o bem-estar de seus funcionários. Medida salutar, visto que, fora alguns abnegados da saúde, a maioria das pessoas daqui tem como maior atividade física responder correspondências no Notes, ou o bom e velho Halterocopismo. Eu, por exemplo, faço 50 abdominais toda manhã: toca o despertador, sento-me na cama para levantar, deito de novo, levanto mais uma vez, volto ao travesseiro... o chamado "Bungee Jump de Morfeu". Infelizmente, descobri, que isso não se traduz em menos barriga...

Mas enfim, há pouco tempo, uma turma de instrutores passou de setor em setor mostrando os exercícios básicos, a fim de incentivar a prática e animar o pessoal. Todos os componentes do setor fizeram aquela cara animadíssima, estilo "fila de vacina antitetânica"... afinal, ninguém aqui precisa de exercícios, todos ostentam aquele maravilhoso físico de jogador de baralho (de pife, truco já é muito puxado). Mas todos se puseram de pé, em um círculo na volta dos instrutores, que, munidos de um rádio com Cd-player, colocaram uma música para dar animação ao ambiente (ou destravar os neurônios, ainda não sei) e começaram a sessão.

O som da música e das articulações estalando encheram o ambiente. Algo como um caminhão de trio elétrico passando sobre uma ponte de madeira de 50 anos, "clacks" e rangidos em geral. Mas, passado o constrangimento inicial e o medo de uma coluna partida, o pessoal começou a entrar no espírito da coisa e a se animar... e falando em animação, chegamos à nossa personagem (sua identidade será mantida em sigilo por pedido da minha seguradora). É uma pessoa muito querida por todos e conhecida pela animação dedicada a todas as tarefas, inclusive à de cometer gafes.

Um dos exercícios consistia em se sentar em uma cadeira e, apoiando os pés no chão, inclinar o tronco para a frente, até quase encostar os braços no chão. Ela se preparou, respirou fundo e se jogou para a frente com o ímpeto de uma triatleta. Mas aí entrou um pequeno problema... digamos que, no momento glorioso de sua concepção, Deus estava com falta de matéria-prima e ela ficou, por assim dizer, com um pequeno problema no dimensionamento vertical. Para quem não entendeu, ela é baixinha. E, neste momento, ela estava sentada na cadeira de nosso chefe, que estava com uma regulagem um tanto alta.

Ouvimos um barulho ecoando no setor: cablum! Todos se olharam, o que seria o barulho, uma omoplata fujona, uma rótula que explodiu? Não, era a nossa amiga, que, ao tentar se apoiar no chão com os pés, encontrou um grande vazio e emborcou para a frente. E, por sorte, não deixou uma bela amostra da arcada dentária estampada na fórmica da mesa do chefe...

Mas enfim, o acidente não causou maiores ferimentos, a não ser as inevitáveis gozações - frequentes com ela, por sinal - mas, como dizem, a gente só dá atenção para quem a gente gosta.

E, quanto a mim, continuo com o mesmo exercício... mas estou chegando à conclusão, que, realmente, não faz efeito.