Flagrantes: O Fantasma do Congelador

Mais uma história do tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça. Nosso personagem é uma vigia que trabalhou com dedicação anos e anos nesta casa, tendo já se aposentado. Vamos chamá-lo de Sr. M.

O Sr. M. Cuidava do prédio sede da CELEPAR durante a madrugada. Seus únicos companheiros de trabalho eram os operadores do mesmo horário.

Ser operador naquela época era bastante aborrecido. Nada acontecia. O Gamma 20 era monoprogramado e os jobs levavam horas para serem processados. Uma classificação do arquivo de funcionários levava 7 horas (e gastava 20 fitas de área de trabalho).

Os operadores logo descobriram qual a rotina diária do Sr. M. Todo dia, às 2:45 da manhã, ele saía em direção ao estacionamento para marcar o relógio vigia. Na sua volta, ele sempre se dirigia à cantina, que estava às escuras, pegava o seu farnel e fazia uma boquinha.

Um belo dia, os operadores planejaram dar um susto no Sr. M. Em plena madrugada, lá sai ele em direção ao estacionamento. Nessa hora, um dos operadores correu para a cantina e enfiou as duas mãos dentro do congelador dos sorvetes. O resto da turma se espalhou escondida na escada lateral do prédio (ali onde hoje está o relógio ponto da sede). Tudo às escuras e todos em silêncio, aguardando a volta do Sr. M., que veio calmo e tranquilo, pegou o seu lanchinho, abriu a porta da cantina, e começou a tatear na parede, à procura do interruptor, para ligar a luz.

Neste instante, com tudo ainda escuro, ele teve a sua mão agarrada por mãos geladas (seria uma alma penada?).

Para encurtar a história: Tiveram que ir buscar o Sr. M. no fim do estacionamento. Após um grito, ele saiu em desabalada carreira, sem dar bola para nada. Foi um custo convencê-lo de que tinha sido uma brincadeira.

No fim, ele aceitou as explicações, mas desse dia em diante, a cantina passou a ficar com a luz acesa, pelo menos até o fim da boquinha noturna.