Flagrantes: O Oriente encontra o Ocidente

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro

Este causo ocorreu há poucos dias, tendo como protagonista um gerente da Celepar. Não podemos indicar o seu sexo, sob pena de revelar quem é o/a personagem. E, regra primeira, nestas crônicas é nunca permitir a identificação do freguês. Então ele/ela foi fazer um curso em São Paulo. Sexta-feira à tarde, hora de voltar, sala de embarque do aeroporto e centenas de orientais no pedaço.

Que estranho, aquilo estava mais para metrô em Tóquio que para aeroporto em São Paulo, até que, voilá, veio à lembrança: O imperador do sol nascente estava vindo para Curitiba. Pelo jeito ele e mais algumas centenas de cidadãos daquele nobre país. Eis o motivo de tantos orientais.

Todos embarcam e nosso/nossa gerente senta-se ao lado de um senhor japonês bem vestido e já meio passado em anos. O homem, com toda a dignidade e fidalguia dos nipônicos, espera o avião decolar e depois, autorizado pela comissária, abre um reluzente notebook. Nosso/a gerente vê as nuvens do windows 95 se mexendo e pensa com seus botões: eis aí algo conhecido, essas nuvens são mais manjadas que pipoca doce em dia de frio.

Mas, eis que a calma nipônica se rompe. O idoso usuário se sobressalta, chega a soltar uns resmungos. Nossa/nosso gerente se agita, já com vontade de dar uns palpites. Nessa hora olha com atenção a tela e ... HORROR! A tela está ilegível. Em vez de letras aparecem riscos e rabiscos. Está explicada a agitação do velhinho. Entrou um baita vírus embaralhando tudo. E, que estrago! As telas estão ilegíveis. O vírus alterou o endereço dos caracteres ASCII e colocou alguma outra coisa (aleatória) no lugar.

Sempre tem uns vizinhos de cadeira falantes e o vizinho da outra poltrona também era da área de informática: assunto cheio.

  • Você viu o estrago na tela do japonês ?
  • Está explicado o motivo dos resmungos.
  • Eu acho que tenho um Norton Antivírus na bolsa.
  • Melhor o Inoculan, vou procurar na capanga.

E, a tudo isso, o japonês batuca que batuca no teclado, e cada vez mais resmungos. Nisso, ele/ela percebe que o japonês está de fato sorrindo, e uma luz acende atrás da orelha do/da gerente: quem acabou de sofrer um ataque dessa natureza, não ri; no máximo, chora...

Olhou direito o japonês, e eis que vem o estalo: o danado do homem estava trabalhando em windows em japonês. Que vírus, que nada: simplesmente outra família de tipos.

Mas, que parecia vírus, isso parecia..