Flagrantes: O duplo roubo do carro

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro

O DUPLO ROUBO DO CARRO

Três semanas em Foz do Iguaçu, ajudando a manter a infra-estrutura de informática dos Jogos Mundiais da Natureza e eu preocupado por não ter nenhuma história pitoresca para aqui contar. Mas o último dia não decepcionou. Tivemos um corre-corre por conta de misterioso ladrão. Nasceu o causo do "duplo roubo do carro".

A Celepar teve até uma participação, ainda que involuntária no caso. Vamos à descrição do ambiente: centenas de pessoas trabalhando no comitê e alguns carros alugados para permitir o deslocamento dessas pessoas por entre os 11 locais da Costa Oeste onde os jogos aconteciam.

Por azar dos participantes (mas por sorte da coluna Flagrantes), havia dois carros da mesma marca, do mesmo ano. Dois carros gol branquinhos da silva. A motorista de um deles esteve visitando o canto de trabalho da Celepar, logo no início dos jogos, e lá esqueceu a chave do dito cujo. No dia seguinte, vi a chave, não sabia de quem era, e simplesmente aguardei o dono (no caso, a dona) aparecer. Só que esta, dando tratos à bola, não conseguiu lembrar onde tinha esquecido, e nem se esquentou: mandou logo fazer uma duplicata.

No último dia, vendo que o dono (ou a dona) não havia aparecido, entreguei a chave ao gerente da segurança dos jogos. Sem que soubéssemos, estava se armando o cenário para o causo. O gerente reconheceu o chaveiro como sendo o do gol branco.

Nessa noite, precisando ir buscar alguma coisa noutro hotel, pediu um carro ao gerente de transportes que o mandou pegar o gol branco. O gerente de transportes referia-se ao segundo gol, mas na correria, esqueceu de dizer.

O gerente da segurança pensou com seus botões: se é o gol branco, já tenho a chave, toca a pegar o veículo. E lá se foi o carro da moça. Quando saiu buscar o seu carro, ela deu de cara com a vaga vazia: roubaram meu carro! Polícia, bombeiros, socorro! Eis, que surge a idéia salvadora: chamem o gerente da segurança... Que não estava, pois como se viu, ele mesmo tinha levado ("roubado") o carro.

Nesse rebu, alguém veio do segundo hotel e trouxe a boa nova. O carro "roubado" estava lindamente estacionado lá. Imediatamente arma-se uma caravana meio na moita, mas enorme, para ir recuperar o dito cujo. Corre, abre o carro, e volta bem rapidinho, antes que o "ladrão" aparecesse.

Ufa, deu certo, de novo o carro estava estacionado no hotel original. Agora, corre para o segundo hotel. Sai o gerente de segurança, logo ele, e agora ele, dá de cara com a vaga vazia. Que desaforo, "roubar" o carro do gerente de segurança. Polícia, bombeiros, socorro! Isso não podia ficar assim...

O fim da história: de volta ao primeiro hotel, todos viram que lá estavam os dois golzinhos brancos, um do lado do outro, calmos e quietos. E, assim termina o causo.