Flagrantes: Quem sabe ele toma tento?

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro- GAC


Como nossos leitores sabem, no mês passado, tivemos uma mudança de diretoria. Agradecemos aos diretores que saem pelo excelente trabalho desenvolvido, e fazemos votos de bom trabalho e sucesso aos diretores que entram. Agradecemos aos que saem, também, pelo estoque de histórias - todas verídicas - que passam a poder ser contadas neste espaço. Afinal, ex-diretores e suas desventuras sempre foram ótima matéria-prima como vítimas para estes flagrantes. Brincadeiras à parte, o Bate Byte sente-se obrigado a registrar e agradecer o apoio e entusiasmo com que o Paulo Roberto de Mello Miranda, o Nelson, o Carlos e o Anísio generosamente sempre nos brindaram.

Mas, vamos ao trabalho. Nosso "causo" se deu há muitos anos, quando o DIDES (Divisão de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal) contratou uma nova psicóloga. Moça formosa, simpática e inteligente, tinha só uma pequena deficiência ao ser contratada. Jamais havia visto um computador na vida, sequer tinha idéia de sua aparência ou funcionalidade. Só que ela não era louca de confessar isto, logo numa empresa de informática.

Vai daí que entrando na CELEPAR ela se preparou para O ENCONTRO. O dia e a hora em que ela ia ser posta frente a frente com A MÁQUINA. A Jane, sua chefe, pediu que ela desse entrada em algumas fichas de candidatos a emprego num sisteminha bem simples e num microcomputador velhíssimo (256Kb de memória e 2 drives -só para vocês terem idéia) que estava meio encostado lá na DIDES. Só que nossa personagem não sabia nada disso. Para ela, era O COMPUTADOR. Na sua confusão, ela achou que aquela era toda a capacidade computacional da empresa. Isso explica a reverência, o cuidado e a delicadeza com que ela começou a digitação.

Tudo ocorreria às mil maravilhas se não aparecesse, lá pelas tantas, a infalível mensagem "FATAL ERROR - NO DISK SPACE". Sem saber nada de informática, com seu inglês subitamente esquecido pelo terror, congelada de pânico, achando que havia posto fora do ar todo o sistema de informações do Estado do Paraná, nossa personagem, literalmente, entrou em parafuso.

Pense comigo, leitor. Devem haver umas 10 coisas que ela podia ter feito (chorar, gritar, pedir socorro, sair correndo, jogar o micro no chão, tirar o fio da tomada, pedir demissão, botar um bigode postiço e sair falando em francês ... ), mas, aposto que você não vai acertar o que de fato ela fez: recuperada a calma e o sangue frio, ela cobriu o micro com a capa de tecido - para que ninguém percebesse o ocorrido - e passou a vigiar a máquina de perto. De 5 em 5 minutos, ela levantava a pontinha da capa para ver se o computador já havia resolvido o problema. As horas foram passando, o terror aumentando, e nada (laqueia máquina imbecil e incompetente fazer algo.

O "causo" só se resolveu - com muitas gargalhadas - quando um colega, vendo aquele ritual meio estranho (levantar a saia de um micro, trocar umas palavras com ele e sair resmungando grunhidos ininteligíveis, diversas vezes por hora) foi lá ver o que ocorria e oferecer ajuda.