Flagrantes: A distração mata

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro

 

Aqui na casa temos exemplos históricos de distrações quasi-fatais. Uma famosa e antiga é a de um gerente que a bordo do seu fusquinha amarelo recém-tirado da revenda, zero quiilômetro, esperava o sinal abrir para seguir pela Cândido de Abreu para vir trabalhar. Olhando distraidamente para o lado, viu o carro do lado arrancar e não teve dúvida: arrancou também. Só que na frente dele tinha um caminhão carregado com toras. Uma delas foi parar no banco do passageiro do (ex-) fusca. Isso deve ter sido em 72,73. A Cândido de Abreu tinha pouco movimento e duas mãos.

A história de hoje é bem mais recente. Tendo de resolver um problema urgente em Foz do Iguaçu, saíram às carreiras dois analistas da Celepar. Corre pro aeroporto, corre pro avião, desembarca, corre pro táxi, corre pro hotel, larga as malas e corre para o destino final: o lugar do serviço.

Milagrosamente tudo correu bem, o problema foi lindamente resolvido e ao entrar da noite, tudo estava certo. Era só ir pro hotel, um belo banho, uma janta gostosa e abundante, que afinal era a primeira refeição decente do dia, uma noite de sono, um avião bem cedinho e lá pelo meio-dia estariam aqui. Dera tudo tão certo, que era para começar a desconfiar.

Entraram os dois no táxi de volta ao hotel e deu-se o seguinte diálogo:

- Por favor, nos leve ao hotel..., Fulano, como é o nome do nosso hotel?

- Não sei. Achei que você sabia. Mas você não reparou quando largamos as malas?

- Não, achei que você estava prestando atenção.

Que vexame! Se fosse uma cidadezinha de 10.000 habitantes o problema estaria resolvido, mas o prezado leitor faz idéia de quantos hoteis tem em Foz do Iguaçu?

Não houve meio de descobrir o hotel. Um dos distraídos dizia: era um hotel cercado de mato... o outro dizia era um hotel longe do aeroporto, e o motorista de táxi, embora tentasse ajudar, estava mais perdido do que os dois.

Nisso, um lampejo: vamos olhar o "voucher" da viagem, lá tem o nome do hotel. Fulano, cadê o voucher? Cara de desânimo e a resposta: deixei na mala, no hotel.

Por não quererem empacar o motorista, pagaram a bandeirada e saíram do carro, sentando num banco de praça até atinar o que fazer. Ligaram para a secretária aqui na Celepar,... que já tinha ido embora, é lógico.

Como se resolveu isso?

Ligaram para o chefe, que deu o telefone da casa da secretária. Esperaram ela chegar e ao falar com ela, ela não lembrava, é claro. A coisa só se resolveu quando a secretária ligou para a Celepar para uma pessoa que estava por aqui, pedindo para essa pessoa ler o voucher, que estava sobre a mesa da secretária. Descoberto o nome do hotel, ela ligou para a dupla em Foz do Iguaçu dando a boa notícia:

 "o hotel de vocês é o..."

Finalmente aquele programa (banho, jantar, dormir etc.) pôde ser iniciado. Com um pequeno atraso de quase 3 horas, mas paciência. Melhor que nada. Da próxima vez, vão anotar num pedacinho de papel.