Geoprocessamento

Autora: Iolanda Oliveira Barcelos - ASTEC       
      
   

1. CONCEITO

O geoprocessamento processa informações alfanuméricas, associando-as a uma localização geográfica. Caracteriza-se como uma área multidisciplinar, envolvendo:

  • Ciência da Computação.

  • Gerenciamento da Informação.

  • Comunicação de Dados.

  • Cartografia.

  • Sensoriamento Remoto.

  • Fotogrametria.

  • Geografia.

  • Geodésia.

  • Estatística, etc.

2. CARACTERÍSTICAS

  • Multidisciplinaridade.
    Dados alfanuméricos e espaciais.
    Dado espacial, (feição) tem atributos de localização (coordenadas) e geometria (forma).
    Espaço geográfico possui relações espaciais (topológicas): interseção, contido em, contido por, fora, longe, perto, etc.

3. GEOTECNOLOGIA

Com o advento da Cartografia Digital e os avanços na área da Informática, foi possível se trabalhar com uma informação georeferenciada. As ferramentas usadas para isso são chamadas de geotecnologias: Sensoriamento Remoto, GPS, Cartografia Digital, Geodésia, Ortofotos.

Por sua vez, as redes de comunicação, os recursos de hardware mais potentes e os softwares de GIS mais amigáveis, fáceis de programar, vieram ao encontro a desses avanços. Para colocar funções de geoprocessamento na Internet, a condição é que as redes de comunicação sejam de alta velocidade para o tráfego do dado gráfico.

4. FUNÇÕES DE GEOPROCESSAMENTO

Pode-se desenvolver funções de Geoprocessamento para:

  • Espacializar informações. Ex.: mostrar em que bairro ocorre uma doença.

  • Fazer relações espaciais entre vários níveis de informações diferentes que tenham a ver com um fenômeno. Ex.: chuvas, temperatura, população, faixa etária, renda familiar, tendo a ver com a ocorrência de certa doença; rios, áreas de preservação, depósito de lixo, bacia hidrográfica, indústrias, tendo a ver com gestão ambiental.

  • Projetar cenários. Fazendo simulações em um dos fatores, analisar impactos no todo; planejamento urbano. Ex.: planejar criação de centro de negócios, administrar o crescimento das cidades.

  • Fazer cruzamentos com níveis de informações, gerando mapas temáticos como resultado.

5. ÁREAS DE APLICAÇÃO

  • Telecomunicações: gerenciamento de redes e atendimento.

  • Marketing: sabendo onde estão os clientes, planejar colocação de um produto, pontos de venda, levando em conta características como: localização e renda do público alvo.

  • Segurança: atendimento 190. Localizar a ocorrência, localizar as viaturas mais próximas de uma emergência, otimizando rotas para o atendimento ou elaborando roteiros para policiamento.

  • Educação: planejamento de construção ou ampliação de escolas, salas de aulas. Distribuição da rede escolar, matrícula on-line.
    Acompanhamento de Programas Governa-mentais: onde foram aplicados recursos.

  • Gestão ambiental para acompanhar impactos na natureza por determinada ação, seja ela exploratória ou de prevenção. Administração dos recursos naturais.

  • Saúde: detectar focos de doenças, estabelecer conexões com fatores ambientais, por exemplo.

  • Engenharia: projeto de estrada, usando levantamentos de diversos tipos: Rede Geodésica, Restituição aerofotogramétrica, GPS, levantamentos topográficos e mapa geológico.

  • Administração Urbana: Planejamento urbano, fiscalização de ocupação e uso do solo, reordenamento urbano, planejamento de transportes, fiscalização.

  • Concessionárias de Água e Luz: administração de redes e atendimento.

  • Editoras de guias eletrônicos em CD e via Internet, Transportadoras e Distribuidoras, Call Center.

  • Informações Turísticas: rotas para a escolha do melhor caminho.

6. COMO SE VIABILIZA O GEOPROCESSAMENTO

Os Sistemas de Informações que usam geotecnologias são chamados de Sistemas de Informações Geográficas ou Geographic Information System GIS.

Eles têm características especiais, como:

  • Apresentam dados alfanuméricos e espaciais;

  • Possuem multidisciplinaridade. Envolvem cartógrafos, analistas de sistemas e o dono do negócio ou o usuário;

  • Os dados espaciais são de diversas origens: restituição cartográfica, GPS, imagens orbitais, ortofotos, levantamentos topo-gráficos, digitalização de mapas analógicos;

  • Possui software que interpreta o dado espacial armazenado em banco de dados, associa a outros atributos em tabelas de banco de dados, faz análises espaciais, exibe o resultado em outro mapa (temático) em vídeo local ou remoto (internet, por ex.), imprime, plota ou grava em arquivo de saída;

  • Os dados devem ser modelados, tratados e atualizados pelas funções do sistema;

  • Mais sobre os dados:
    - O dado cartográfico ou espacial deve ser pensado antes, pois extrapola a área de atuação do negócio. É uma informação de infra-estrutura. Deve se buscar a escala compatível e escolher os níveis de informações (feições) necessários para a finalidade do sistema. Ex.: Rios, estradas, vegetação, vias públicas, escolas. Esse dado pode ser arma-zenado em SGBDR ou em arquivos locais. São dados bastante estáveis, cuja atualização normalmente não é objetivo do sistema.

    - O dado alfanumérico deve ser armazenado em tabelas de SGBDR - Sistema Gerenciador de Banco de Dados Relacional. Sua integridade e consistência são providenciadas pelo Sistema de Informações Geográficas. É o negócio que se quer mostrar.

7. PLATAFORMA USADA EM GIS

O dado cartográfico, deve ser modelado como um universo completo. Como entidades e atributos. E armazenados em Banco de Dados Relacional.

Para rodar GIS recomenda-se usar um Sistema Gerenciador de Banco de Dados Relacional para oferecer a segurança e integridade das informações, tanto espaciais como alfanuméricas. Nele pode-se armazenar também os dados espaciais ou gráficos. A única restrição a isto é que ele não providencia a integridade gráfica, ou seja, para o Banco de Dados, este tipo de dado é uma caixa preta, e ele não entra no mérito da geometria ou forma.

Para prover o gerenciamento gráfico propriamente dito, faz-se por outro software, que é uma camada sobre o SGBDR (Sybase, Informix, Oracle, etc.). Todo acesso ao Banco de Dados, passa por ele. Se o comando envolver só dados alfanuméricos, ele deixa passar direto. Mas se a demanda envolver um dado espacial, então ele toma as rédeas e gerencia a operação (por exemplo SDE da ESRI).

O dado cartográfico assim gerenciado e armazenado pode ser acessado para consultas de algumas entidades do Banco de Dados (Rios, vegetação, por ex.) ou gravado em arquivos para o acesso do software que fará as funções espaciais.

O software GIS pode executar em uma estação de trabalho, programado em linguagem própria do software ou um componente Active X em aplicativos desenvolvidos em alguma linguagem visual (Delphi, Access ou Visual Basics), em rede ou stand alone.

8. Tendências

A tendência é que os Bancos de Dados sejam construídos com capacidade de suportar funções espaciais, através de comandos SQL diretamente dirigidas a eles.

Para isso, estão sendo criadas normas internacionais que normatizam a sua construção. No Brasil, existe um Grupo de Estudo que se dedica a traduzir essas normas para que elas sejam transformadas em Normas Brasileiras, referência para relações entre as nações do Mercosul, inclusive. O grupo sediado em Curi-tiba, reúne-se mensalmente nas instalações da CELEPAR.

9. REALIDADE

Há escassez de dado cartográfico público disponível. Para o usuário de projetos na área pública fica inviável providenciá-lo pois é muito caro produzi-lo ou atualizá-lo. O acesso a esse tipo de dado deve existir, portanto. Para isso há necessidade de se definir um conjunto de medidas compondo uma Política de Comercialização, envolvendo quem produz e quem usa ou área produtora e área consumidora.

Algumas escalas são de responsabilidade de Órgãos Federais (Ministério do Exército e IBGE) e as escalas urbanas são de responsabilidade da iniciativa privada. O ideal é que o usuário da área pública tivesse acesso ao dado produzido pelos Órgãos Federais gratuitamente e que o usuário ou consumidor da área privada pagasse por ele para uso em seus projetos. Isto porque o contribuinte é o objetivo e também o mantenedor.