Informatização no DER/PR Os Rumos no Cinqüentenário

Autores: José Juracy Macedo, Wilson Ahrens e Paulo Sérgio Martins da Silva

A Malha Paranaense

O DER/PR é um órgão autárquico, vinculado à SETR - Secretaria de Estado dos Transportes, com competência de executar e controlar todos os serviços técnicos e administrativos concernentes a estudos, projetos, obras, conservação, operação e administração das estradas e obras de arte rodoviárias compreendidas no Plano Rodoviário Estadual, e planos complementares e programas anuais especiais definidos pela SETR. Compete também orientar e executar as atividades de segurança, policiamento e fiscalização do trânsito, bem como manter serviço de informação ao público sobre as condições das rodovias sob sua jurisdição. Compete, ainda, colaborar no desenvolvimento dos sistemas rodoviários dos municípios, normalizar e autorizar a utilização da faixa de domínio e colaborar na fiscalização e arrecadação das receitas tributárias do setor de transporte rodoviário, gerenciando os fundos arrecadados a título de receita própria.

Historicamente, o DER foi organizado em 18 de dezembro de 1.946, através do decreto-lei de nº 547, e subordinado à então Secretaria de Viação e Obras Públicas. O seu primeiro diretor foi o engenheiro Osvaldo Pacheco de Lacerda. Na época, o Estado era cortado por aproximadamente três mil quilômetros de estradas, contando-se as ligações municipais. Hoje, são mais de 250 mil, incluindo as Rodovias Municipais, Estaduais e Federais. Prevê-se, ainda no exercício de 1.996 até 1.998, serviços de restauração da ordem de 600 km, 170 km de selagem com lama asfáltica, 1.600 km de adequação de estradas municipais e 850 km para o Projeto Caminhos para a Educação e para o Desenvolvimento. Para o DER sustentar esta estrutura, possui um quadro de funcionários da ordem de 4.000, mas ao longo de seus 50 anos, já possuiu cerca do dobro, principalmente no início da última década, de acordo com gráfico .

O Contexto

Na década de 70, utilizavam-se calculadoras eletrônicas programáveis Sharp, Modelo 365-P, para o cálculo de estruturas de concreto. No início de 1.979, quando era diretor o engenheiro Euler Merlin, iniciou-se o desenvolvimento do Sistema de Controle e Acompanhamento de Obras, através da Celepar. Em 1.980 foi adquirido um computador HP modelo 9831-A, com quatro drives de 8", uma leitora de cartões e uma impressora de impacto de 300 lpm. Em janeiro de 1.981, designava-se pessoal para elaborar sistema de informações sobre as variações nos custos de faturamento previsto/realizado e no percentual de desembolso dos contratos da Diretoria de Conservação.

Em junho de 1.981 formalizava-se a estrutura a ser implantada no DER, para o gerenciamento dos Sistemas de Processamento de Dados e elaboração de Projeto Global, junto ao Diretor Geral. Nesta época, utilizavam-se em larga escala os recursos da Universidade Federal, processando no Digital DEC-10, nas linguagens Cobol e Fortran. Neste ano já contava-se com cerca de 20 sistemas tais como: Cadastro de Pessoal da Área de Manutenção, Contagens Volumétrica de Tráfego, Custos Unitários Rodoviários, Contabilidade, Folha de Pagamento, Multas, Acidentes, Transporte Coletivo, etc.

Vislumbravam-se outros tantos a serem desenvolvidos tais como: Cadastro de Projetos, Sistema de Equipamentos Rodoviários, Cadastro de Pontes, Patrimônio, etc. O DER planejava adquirir minicomputador nacional que ficaria ligado à UFPR ou à Celepar e também nas regionais da Celepar, no interior do Estado. O plano estratégico da Celepar 1.981-1.985 considerava que a conjuntura demonstrava características próprias e que necessitava de um novo nível tecnológico. Sempre houve difiuldades na área de recursos humanos. Neste período, chefiava o Serviço de Processamento, o Engº Meron Kovalchuk. Em 1.982, assumiu a chefia o Engº Adolar Schutze. Consolidaram-se os sistemas, normalizaram-se os procedimentos, ampliou-se a atuação do setor. Em 1.985 o DER adquiriu equipamento SID 3000, ampliando a capacidade de processamento interno.

No ano seguinte, após muito esforço, conseguiu implantar duas máquinas Troppus TS-840 multiusuário ligadas em rede, com 13 terminais e 5 impressoras em rede e um micro compatível com IBM-PC, utilizado como terminal. Havia terminais dispostos nas várias Diretorias do Órgão, sendo os sistemas alimentados e operados diretamente pelos usuários finais. Uma pequena equipe mantinha um bom número de sistemas e desenvolvia atendendo gama de usuários de várias áreas. Havia 43 sistemas disponíveis a usuários metodicamente cadastrados, cujo acesso era controlado por senhas. Em 1.990, acelerou-se o ritmo do desenvolvimento das bases de dados para o geoprocessamento se desenvolver, motivado pela necessidade identificada no processo gerencial de pavimentos, financiado pelo BID. Em outubro de 1.994, o DER iniciou a implantação do Sistema de Gerência de Pavimentos, monitorado pelo Genasys, sistema de Georreferenciamento.

Este sistema está sendo desenvolvido por um consórcio entre empresas de Curitiba, Florianópolis, e do Estado do Texas, USA. A importância deste projeto, que já está sendo implantado pelos DER’s de Santa Catarina, Pernambuco, Espírito Santo, e São Paulo, reside na seleção de prioridades de investimentos na conservação da malha rodoviária e na construção de novas obras, objetivando alcançar o maior benefício para a sociedade. Em 1.995, sob a direção do Engº Luiz Alberto Küster, a informática tomou novos rumos no DER, culminando com a modernização proposta pela Celepar, em parceria com a sua Assessoria de Informática, constituída por um plano para os próximos quatro anos. 

A Integração com o Interior

O parque atual levantado corresponde a 124 micros e 115 impressoras. Foi proposto um quadro com 294 micros e 173 impressoras, sendo a maioria com arquitetura de construção Pentium 75 e impressoras jato de tinta, considerando-se, também, a tecnologia de impressão a laser. Dessa forma, serão substituídos todos os antigos equipamentos PC-XT, 286 e 386, além de todo o parque locado, os quais serão disponibilizados para o Programa Linha do Ofício. Também foi especificado o espaço físico, a instalação elétrica, cabeamento, ar condicionado e móveis. Para a comunicação de dados projeta-se o uso da X25 - Rede Estadual de Comunicação de Dados e Serviços, e a instalação de linhas telefônicas onde não houver.

Com a integração dos Distritos e Centros Regionais entre si e com a Sede, abrangendo todo o Estado, a informação chegará e retornará instantaneamente nos cinco Centros Regionais e nos dezoito Distritos Rodoviários, assim permeando toda a organização, sendo este o processo interno de disseminação de informações eficaz e eficiente. Preconiza-se a necessidade de administradores de dados, equipe de administração da rede local, administradores de recursos de informática, administradores de SGBD, administradores de rede e processo de treinamento de recursos humanos. O P.S.I. - Plano Setorial de Informática foi realizado no ano de 1.995, através da parceria DER-Celepar, e coordenado pelo Arqº Marcos Gomes Júnior e pelos Analistas de Informática José Juracy Macedo e Edna Pacheco Zanlorenci, que formaram a Equipe Responsável pelo P.S.I. Possui como diretrizes a automatização de processos, a expansão da comunicação entre áreas, a integração do ambiente DER, a nível estadual, com disponibilização de informações, e a adequação às necessidades do órgão.

Os levantamentos levaram a concluir que a solução da informatização do DER era de um nível alto de complexidade, pela abrangência de atuação, pela distância entre a operacionalização em campo e a gestão dos recursos, avaliação dos resultados, viabilidade de planejamento, previsão orçamentária e pela intenção da democratização da informação a todos os níveis da estrutura organizacional.

A situação atual levantada caracteriza-se por sistemas não integrados, próprios das áreas que os utilizam. Os sistemas corporativos da SEAD, SEFA e SEPL, atendem em parte às necessidades do DER. Entretanto, o momento é propício à evolução da informatização, pois o pessoal do DER usa e conhece as ferramentas disponíveis no mercado. Foi apresentada a seguinte solução:

1. Projetou-se uma topologia de equipamentos e de software básico como um ambiente integrado via rede, e de modularidade de equipamentos e comunicação em todos os níveis da organização: os Distritos Rodoviários, em dezoito cidades (Piraí do Sul, São Mateus do Sul, Apucarana, etc.); os Centros Regionais, em cinco cidades (Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá e Cascavel); Sede em Curitiba; Laboratório em Almirante Tamandaré; Ferry Boat em Guaratuba. No conjunto, corresponde a 31 diferentes locais no Estado.

Atualmente se está na fase de contratação de equipamentos, software e infraestrutura.

2. No que tange à solução para sistemas e aplicativos, planejou-se:

Disponibilizar, a nível de direção e assessorias, software de apoio às atividades de escritório, tais como: editor de texto, correio eletrônico, etc. Formação de base de dados gerenciais usando tecnologia EIS.

Pesquisa de soluções prontas, via ABDER (DER), ABEP (Celepar) e Fornecedores, estando concluída a fase de contatos. Busca-se usar a solução, mesmo que parcialmente, com o objetivo prévio de contribuir na construção da solução mais consolidada e integradora de ambiente.

Iniciar no mês de junho, modelagem de dados e de processos em todo o ambiente, com o objetivo de se construir um modelo de informações adequado à realidade do DER, levando em consideração as variáveis ambientais e o contexto do setor de transportes.

3. O treinamento no uso das tecnologias será iniciado com a instalação dos equipamentos e do software básico. Há dificuldade com relação ao suprimento e qualificação de recursos humanos, em função da política de não contratação de pessoal. O DER já desenvolveu seus serviços próprios, tem experiência em administrar o ambiente e detém o conhecimento do contexto DER. Há necessidade de se controlar o volume de produtos gerados e propiciar um nível de administração dos dados e a integração de informações. Foram identificadas e listadas 124 premissas estratégicas, nas várias diretorias. Por exemplo: a) Controle financeiro (contas a pagar) total a nível específico da Diretoria Geral; b) Tabela de custos rodoviários na Assessoria de Licitações; c) Integração ao DETRAN e ao setor de multas, para controle de suspensão ou apreensão da carteira nacional de habilitação. Há interrelacionamentos do DER com a SETR, Ferroeste, Portos, DSTC, SEFA, SEAD, SEPL, SEAB/Emater, BPRv e DETRAN. Foram demandados sistemas com as seguintes abrangências: Recursos Humanos, Educação no Trânsito, Transportes, Patrimônio, Materiais, Finanças, Contabilidade, Processos, Orçamento, Licitação, Contratos, Convênios, Serviços, Obras, Equipamentos Rodoviários e Malha Rodoviária. Levantou-se, entre sistemas novos, revisão de dados e integração, necessidade de recursos da ordem de 36.000 horas, sendo previstos no Projeto os seguintes pontos básicos:

  • treinar e motivar para o comprometimento com as mudanças e revisão do quadro de pessoal em termos de técnica.

  • padronização de soluções de equipamentos de informática em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades das áreas.

  • disponibilização de software básico de uso para manuseio de planilhas, editores de texto, etc., de software de apoio ao desenvolvimento de produtos e de software aplicativo com o maior nível de descentralização possível.

  • sistemas especialistas integrando as diversas áreas técnicas de estudos e pesquisas da sede e das unidades administrativas descentralizadas, com solução voltada para a engenharia de estradas.

  • sistemas de processamento com soluções operacionais para as áreas administrativa-financeira e técnica na problemática diária de: operacionalizar os processos e gerar base de dados integrada e interligada; geração de dados agregados para gestão; consolidação das bases de dados gerenciais; democratização no acesso às informações, desde que devidamente autorizado; disseminação das soluções informatizadas e dos procedimentos padrões.

Com relação à base de informações faz-se necessária a determinação da fonte de informação, a periodicidade na prestação da informação, a gestão da informação via padronização e administração dos dados, a solução técnica adotada e a abrangência dos sistemas de processamento. A divulgação dos dados deve fluir de forma automática pelos níveis da estrutura organizacional, a partir do ambiente operacional, com estratificações sucessivas até o nível diretivo.

Procurou-se identificar os cenários quanto aos aspectos tecnológico, organizacional e econômico-financeiro. Sem exaurir a matéria, vão aqui alguns exemplos para ilustrá-los:

1. há a necessidade de se obter informações sobre a situação dos convênios e solicitações de serviços com as Prefeituras, bem como acompanhamento de obras, desempenho de patrulhas mecanizadas, situação da malha viária e obras de arte especiais do município, projetos do Programa Paraná Rural, etc.

2. cada Distrito Rodoviário tem sua área de atuação segmentada em núcleos rodoviários, que são responsáveis por trechos de rodovias, em média a cada 100 km, mas as atividades operacionais são executadas nos Distritos.

3. obter informações de convênios e acompanhamento de obras financiadas pelo BID e a situação da vida útil da malha rodoviária financiada pelo convênio. Dimensionaram-se os seguintes softwares básicos: Gerenciador DB - Data Base e DC-Data Communication; Linguagens Clipper, Visual Basic, SQL Windows, Foxpro; Viruscan; Norton Utilities; MS-Office Professional e Standard ; MS-Corel Draw 5.0; MS-DOS; MS-Project Windows; MS-Windows; BD Textuais; SW-rede; Correio Eletrônico. Ainda apontou-se a demanda por softwares especialistas: Microisis; Educativos de Trânsito; Auto CAD; VISIR; 48GX-HP; Santiago & Cintra; Topograph; Geoexpert; Aliseé, Elsyn; Cálculo de Estruturas de Concreto e Projeto Geométrico de Estradas. Através da Super Information Highway -leia-se Internet- o DER terá não apenas suas home-pages mas também poderá se relaionar com agilidade e eficácia com seus pólos geradores de informações os CR’s e os DR’s- pela troca eletrônica de informações. Estimou-se para Sistemas Gerenciais o total de 5.600 pontos de função e para Sistemas Operacionais, o total de 14.700 pontos de função. Em resumo, o Plano Setorial de Informatização do DER, caracteriza-se como um passo inicial na retomada do uso de recursos de informática e propõe revisões anuais para avaliação de resultados obtidos e replanejamento de estratégia de ação.

Conclusão

Evidentemente que um objetivo concreto para ancorar a informatização para o DER-PR será a definição concreta e objetiva de quem são os seus clientes, assim enxergado por toda a instituição. Ora, a informática é apenas um meio em si mesma, e, como tal, não possui a capacidade de se autogerir ou até mesmo definir de per si as estratégias das organizações. Assim, vê-se como primordial que se reconheça a missão do DER e a participação dos segmentos da sociedade que mais se envolvem com seus produtos e serviços: transporte de passageiros e de carga, viagens a lazer ou a negócios, onde o tempo consumido está na razão direta da perfeita conservação das Rodovias, sejam elas Municipais, Estaduais ou Federais e ainda mais, a condição da chegada no seu destino, que pode representar a diferença entre a vida e a morte, ao observarmos o número de onze mil mortes nas estradas brasileiras em 1.995. Quando toda a organização se volta ao cidadão, o que se tem é a perfeita adequação entre a expectativa e o resultado, entre a tecnologia de informação e a tecnologia de uso, entre a oferta e a demanda. Pensa-se no momento presente muito na privatização das Rodovias, que melhor seria explicada pela concessão, pela captação de investimentos e parcerias, como também na estadualização das Rodovias Federais: o fórum dessas discussões é amplo e aberto, para se permitir ouvir a voz do cliente. Em recente palestra do Exmo. Secretário dos Transportes, Sr. Deni Lineu Schwartz, este teceu comentários sobre o que os cidadãos querem das Rodovias, e sintetizou: "Mais Segurança Que Estradas" e nominou um caminhoneiro como dono da frase. E concluiu: "Segurança se faz com Balança !" Dessa forma, a informática irá celeremente para onde o DER for. Quer seja através de parcerias para o desenvolvimento de sistemas especialistas, quer seja pelos sistemas baseados no Geoprocessamento. Quando se tratar do mapeamento digitalizado do Estado do Paraná, permitirá a integração entre as bases de dados de todos os seus órgãos, democratizando e disseminando as informações, perfeitamente em consonância com os planos de Governo, na criação dos Núleos de Informática com suas atividades multidisciplinares e com o envolvimento e o comprometimento de todos.

** Engº Wilson, há 22 anos no DER, é o Coordenador Geral do Grupo de Desenvolvimento de Informática; o Analista de Informática Juracy, há 10 anos na Celepar, é o Coordenador de Atendimento responsável pelo DER e o Analista de Informática Martins, há 17 anos na Celepar, é responsável pelo benchmarking com os DER’s do país e contato com fornecedores.