Internet

Autor: Nelson de Marco Rodrigues - GSR

Uma das primeiras coisas que me veio à cabeça ao iniciar este artigo foi a do tipo de abordagem que deveria dar.

Fica muito difícil não chover no molhado com a enxurrada de revistas técnicas, livros, cursos, seminários, além de não existir semana em que a Internet não seja matéria de pelo menos um dos principais meios de comunicação a nível mundial e nacional.

Assim, resolvi falar um pouco da minha experiência sobre Internet. Como sou responsável na Celepar pela sua implantação no Governo do Estado do Paraná, precisei me aprofundar em algumas questões que certamente não seriam de interesse do usuário comum, mas que mesmo assim acho interessante resumir para dar uma idéia do contexto em que estamos inseridos.

A primeira vez que me aproximei da Internet achei que nunca iria conseguir conviver com "aquilo". Com o decorrer do tempo, conhecendo algumas ferramentas e principalmente me familiarizando com sua linguagem, passei a poder usufruir de seus serviços até com alguma facilidade.

Então vamos lá, e com a mais óbvia das perguntas: o que é esta tal da Internet?

Existem várias definições:

A rede das redes.

Interligação de redes independentes que colaboram entre si para a prestação de serviços de informações.

Conjunto de redes de comutação de pacotes utilizando o protocolo TCP/IP Transmission Control Protocol/Internet Protocol.

Originária da ARPANET (1969) que era uma rede experimental de propósitos militares, patrocinada pela DARPA (Defense Advanced Projects Research Agency) do governo americano, na qual um dos seus objetivos era o de se construir uma rede que continuasse em funcionamento mesmo que alguns de seus elementos não estivesse ativo.

Para mandar uma mensagem nesta rede, o computador emissor coloca seus dados em um envelope chamado de pacote Internet Protocol (IP) endereçando-o ao computador receptor. Os computadores de comunicação (roteadores) estabelecem dinamicamente as rotas, ou rotas alternativas no caso de indisponibilidade ou concentração de tráfego em determinados locais, transmitindo a mensagem através de um ou mais pares destes roteadores.

Um computador conectado à Internet é reconhecido por um endereço formado de 4 números. O endereço de uma das máquinas da Celepar é 200.6.40.33.

Esta notação pode ser muito boa para computadores, mas para nós, pobres mortais, torna-se algo impraticável de memorizar. Para minimizar este problema, foi criado um artifício que nos permite referenciar computadores por nomes ao invés de números.

A introdução de nomes traz consigo alguns problemas: é preciso garantir que dois computadores conectados à Internet não tenham o mesmo nome e que seja efetuada a conversão dos nomes para os seus respectivos endereços numéricos.

No começo, quando a Internet era menor, o NIC (Network Information Center), que é um dos organismos internacionais encarregados de armazenar informações sobre a rede, registrava os nomes, armazenava em uma tabela e, periodicamente, a distribuía a todas as máquinas da rede.

Com o crescimento da rede, tornou-se praticamente impossível administrar esta lista, criando-se então um sistema on-line chamado DNS (Domain Name System) atribuindo-se a responsabilidade, a diferentes grupos, de gerenciar subconjuntos destes nomes.

Os domínios são separados por pontos e devem ser entendidos da direita para a esquerda. Assim o nome lepus.celepar.br significa que lepus é um computador que tem um endereço IP pertencente ao domínio celepar que, por sua vez, pertence ao domínio br.

Quando uma mensagem é enviada, os roteadores verificam se podem resolver o endereço em seu âmbito. Caso não consigam, encaminham a mensagem a outro roteador com um nível de visão maior que o seu, e assim, sucessivamente, até que o endereço seja resolvido. Caso isto não aconteça, a mensagem é devolvida por falta de destinatário.

Existe uma lei de formação para o primeiro nível de domínio. A tabela a seguir mostra o domínio e sua abrangência.

Domínio

Abrangência

com

Organizações Comerciais

edu

Instituições Educacionais

gov

Organizações Governamentais

mil

Agências Militares

org

Outras Organizações

net

Provedores de Acesso e Recursos de Rede

br

Brasil

uk

Reino Unido

ca

Canadá

...

...


Como a Internet teve origem nos Estados Unidos, os seis primeiros itens indicam uma divisão interna ao país e, somente com o crescimento da rede e a inclusão de outros países foi sentida a necessidade de se criarem outros domínios, convencionando-se então que os domínios externos aos Estados Unidos adotariam a sigla de seus países.

O fato de se conhecer um nome ou endereço de computador conectado à Internet já nos permite usufruir de alguns de seus serviços (falaremos depois deles), mas ainda não nos permite comunicação entre os seus usuários. Para isto precisamos de seu nome que, combinado com o nome do computador onde sua conta estará residente, forma seu endereço eletrônico ou e-mail.

Por exemplo, se quiserem mandar uma mensagem para a área de administração de redes da Celepar, devem utilizar o endereço administ@pr.gov.br (o símbolo @ é lido como at, ou em traduzido do inglês).

Esta rede teve um crescimento fantástico de 23 hosts em 1971, para 4 milhões em 1995, distribuídos em 146 países e com aproximadamente 30 milhões de usuários.

A Internet é um bom exemplo de como o estabelecimento de alguns padrões e de alguns princípios de atuação permitiram que esta entidade tivesse um crescimento desta dimensão, e com uma estimativa de chegar a 100 milhões de usuários até o final do século.

Para que isto fosse possível, algumas entidades se encarregaram de coordenar a execução de algumas tarefas. Na seqüência, a transcrição de trecho de documento da RNP - Rede Nacional de Pesquisas (posteriormente também falaremos sobre ela) sobre a organização da Internet no mundo:

"Por ser um conjunto de redes independentes, a Internet não tem dono. Por outro lado, a Internet Society, sediada na Virgínia (EUA), tem gradativamente assumido responsabilidades no direcionamento estratégico da Internet no mundo. A Internet Engineering Task Force desenvolve novos protocolos e aplicativos para uso na Internet como um todo. O Internet Engineering Steering Group faz a avaliação destes produtos e os submete para aprovação ao Internet Architeture Board (IAB), que decide acerca de sua adoção ou recomendação. Outra estrutura chamada InterNIC, cadastra todas as redes ligadas à Internet e oferece serviços de consultoria e assistência às mesmas. O InterNIC é formado por três organizações, a saber, a General Atomics (proprietária da CERFNet), a Performance Systems International (PSINet) e a AT&T, operado com financiamento da NSF- US.

O IAB e o InterNIC não têm controle sobre toda a Internet. A maioria das decisões é deixada aos administradores das redes filiadas. Estas podem ter regras próprias para definir o que é considerado uso apropriado da rede e seus serviços. "

A segunda parte deste artigo falará sobre formas de conexão, serviços e a Internet no Brasil.