Logística e

Autor: Eduardo Bengtsson Filla 

A história recente da evolução de processos e tecnologias mostra que qualquer atividade após um "boom" de popularidade gera palavras e expressões que acabam virando moda. Alguns empresários e profissionais incautos apoderam-se, então, de tais termos e julgam estar praticando o estado da arte. A logística, tão necessária nas atividades do mundo globalizado, não foge à regra. Em nosso País, "despacho" de mercadoria vem sendo considerado "logística" por alguns.

Sem qualquer menosprezo aos profissionais que gerenciam e operam despachos, a logística é muito mais. É uma atividade de planejamento que exige tecnologia, conhecimento e informação. Conceituando-a como atividade de planejamento que visa reduzir custos e prazos em processos complexos de distribuição ou produção, pode-se afirmar que para fazer logística são necessários softwares e conteúdos apropriados, bem como técnicos preparados e infra-estrutura integrada, para que a eficácia pretendida para o processo seja alcançada.

Como pode-se, então, constatar, a logística deve levar em conta variáveis que vão da aplicação de métricas de sua eficácia, passando pela mineração de dados (tecnologia de software que possibilita cruzamento de dados históricos visando uma projeção futura), chegando até aos aspectos organizacionais dos recursos humanos alocados.

Entre inúmeras tecnologias de software, a da logística pode ser considerada o prato cheio para analistas e administradores de sistemas. Bancos de dados, algoritmos para otimização de processos, redes e comunicação exigem o máximo desses profissionais. Entretanto, uma tecnologia está sendo desconsiderada na grande maioria dos projetos de logística que é o geoprocessamento. Também conhecida por "geomática", esta tecnologia possibilita incorporar o mapa digital da cidade ou da região de interesse aos processos componentes da logística.

A importância do mapa digital é incontestável. Centrando esta afirmação na hipótese de um eficaz sistema para a distribuição de produtos, ou mesmo para visitas a pontos de venda, fica constatado que, no caso de não virem a ser considerados os efetivos locais de entrega ou de visitação, o planejamento efetuado será deficiente. Informações relativas à distância entre pontos, de caminhos a serem percorridos, dos sentidos de tráfego das ruas e avenidas, e outras informações obtidas a partir do posicionamento geográfico, serão praticamente impossíveis de serem tratados sem a aplicação da tecnologia de geoprocessamento. Podem-se citar inúmeros exemplos da aplicação de mapas digitais em processos de logística. Desde a manutenção do estoque em "vending", até a otimização do transporte de grãos para portos, exigem o apoio georreferenciado.

Como confirma a prática, o aumento do custo de manutenção dos estoques em "vending" é diretamente proporcional ao desconhecimento e não planejamento do volume de reposição necessário em cada equipamento, assim como, da seqüência de entregas a ser efetuada. A formação de filas para descarga de grãos - com o conseqüente aumento de custo de transporte, pedágios, estadias, perda de mercadorias, etc. - é diretamente proporcional ao desconhecimento e não planejamento dos volumes a serem alocados nas estradas pelas cooperativas e indústrias, bem como à falha da agenda de atracagem de navios graneleiros.

Estes exemplos, apesar de, no aspecto da otimização de processos, ensejarem soluções totalmente diferentes, apresentam similaridade quanto à necessidade da aplicação da tecnologia de geoprocessamento. Para o primeiro, a localização dos equipamentos é imprescindível. Para o segundo, há que se considerar para cada trecho da malha de estradas, sua capacidade e a agregação de novos volumes que lhe são pertinentes.

E é nesse contexto, com o uso da tecnologia de geoprocessamento, que a logística tornar-se-á o diferencial competitivo entre empresas, propiciando, ao fim, ganhos financeiros, economia e ganhos de imagem. Neste aspecto cabem ainda as seguintes indagações: O que pensaríamos se, na frente de uma "vending", ao desejar comprar um sorvete ou um refrigerante, a máquina nos informasse "Produto indisponível"? Será que nossos pensamentos seriam: deve ser um bom produto, ou seria, vou experimentar outro produto? E, ainda, o que pensaríamos se fôssemos obrigados a permanecer horas na estrada, devido a congestionamentos de caminhões que se dirigissem ao porto? Será que nosso pensamento seria: que bom, meu Estado está exportando bastante ou seria o dos normais xingamentos?