(Mais) Peripécias aéreas de um Celepariano

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro- GAC

Me mandaram: "trate de fazer um site maravilhoso para o CAR (Centro Administrativo Regional) de Cascavel. É o primeiro de uma série e o programa é para racionalizar e modernizar as instalações do Estado no interior. Tem que ficar supimpa"!

Bom, ordens são ordens. Cadê as fotos? Não tem fotos, o prédio acabou de ser alugado. Daí, ficou marcada uma visita "in loco", na primeira oportunidade, para conhecer o lugar e tirar fotografias. Tinha um pessoal que ia para Cascavel no avião do Estado e tinha um lugar sobrando. Lá fui eu de fotógrafo trabalhar no interior. A gente se mete em cada uma!... A viagem foi tranqüila, se bem que o avião era pequenino e fazia um vento de 40 nós em Cascavel. Meia hora antes da chegada, um vôo da Rio Sul tinha desviado para Toledo por causa do vento. Não quis se arriscar. Mas, como dizem os espanhóis, hay que tener cojones, e com vento ou sem vento, lá fomos nós. Aterrissagem perfeita, o piloto era dos bons, ainda bem.

Fomos levados ao CAR, conversa vai, conversa vem, fotos daqui e dalí, tudo perfeito. Daí veio a idéia luminosa: vamos tirar umas fotos do CAR do alto? Beleza, é só localizar alguns pontos de referência e pedir pro piloto.

Quem nos recebeu foi o Marcos da Secretaria de Obras e já no fim do papo, ao ver aquela movimentação toda, ele arriscou: Não dá para vocês tirarem umas fotos aéreas do presídio de Cascavel? Ele está quase pronto e não temos nenhuma foto. Bom, vamos pedir pro piloto.

Nessa hora, perto de 13h, o estômago mandava sinais flamantes e urgentes requerendo atenção. Já de caso pensado, fiz cara de bobo e larguei o seguinte papo: Aqui em Cascavel acho que não tem uma churrascaria daquelas de ficarem na lembrança de tão boas, tem? Foi o que bastou para o nosso enfurecido motorista, nascido em Cascavel, pensar com seus botões: bando de almofadinhas da capital, pensam que aqui não se come bem? e, ato contínuo, levou-nos a um lugar fantástico cuja comida era maravilhosa. Minhas papilas gustativas ficaram enlouquecidas: tinha uma picanha soterrada sobre uma montanha de alho frito que ficou inesquecível (já verão porquê).

Volta pro aeroporto e pede pros pilotos: podemos sobrevoar o CAR e a penitenciária? O CAR nós sabíamos onde era, mas a penitenciária, ainda não inaugurada, onde fica? Pergunta daqui, pergunta de lá, alguém soprou: do ladinho do asfalto, não tem como errar. O piloto, confiante, determinou: vam'bora. O vento seguia firme e, já na decolagem, aquela geringonça começou a chacoalhar e a picanha e seus acompanhantes começaram a se fazer lembrar.

Avião no céu, avistamos o CAR: é lá, é lá... O piloto, não se fez de rogado, deu um vôo rasante pela direita, outro pela esquerda, curva para cá, curva para lá, o vento de 40 nós, e a picanha (e os acompanhantes) cada vez mais presentes... Tiramos as fotos e seguimos pro presídio. Pega a estrada e começa a acompanhar o asfalto. Não sei se já procuraram um prédio desconhecido, numa cidade desconhecida do céu: não é fácil. Lá pelas tantas, o piloto decretou: não é este asfalto, saída pela direita... Nunca vi um avião fazer uma curva tão rápido e não me lembro tão vivamente de nenhuma picanha já antes digerida.

Finalmente achamos o presídio, e de novo, vôo pela direita, curva, pela esquerda, curva, por cima, curva, de frente, curva e ... posso parar por aqui a descrição, imaginem o resto.

Finalmente 2 horas depois, depois de vários copos de água vivamente consumidos, estávamos em Curitiba, inteiros e compostos e com as fotografias. Mais uma missão cumprida.