Modelo Conceitual do Sistema de Matérias para Publicações

1. Introdução

A função do modelo conceitual foi gradativamente sendo ampliada de documentação central de uma base de dados para o modelo que serve de ponto de partida ao projeto da base de dados. O modelo conceitual procura ser um modelo abstrato da área da organização representada na base de dados, o qual não contém detalhes de implementação. A maior parte das atividades de pesquisa relacionadas com o modelo conceitual se concentrou, inicialmente, sobre a descrição dos estados corretos da base de dados. Modelos conceituais desta categoria receberam, na literatura, a denominação modelo de dados. Mais tarde, com a utilização do modelo conceitual também no projeto de aplicações sobre bases de dados, surgiu a necessidade de incluir no modelo conceitual também propriedades dinâmicas, isto é, também a descrição das alterações de estados que ocorrem sobre a base de dados. Modelos de propriedades dinâmicas recebem na literatura a denominação de modelos de função ou modelos de comportamento. Então, a definição moderna de modelo conceitual é um modelo de uma área de uma organização, o qual não envolve detalhes de implementação e descreve tanto as propriedades estáticas quanto as propriedades dinâmicas do sistema modelado.

A prática demostrou que não é possível descrever todas as propriedades de um sistema em um único modelo. As técnicas de modelagem usualmente procuram descrever o(s) sistema(s) através de algumas, que são: voltada para dado (modelo estático), onde o modelo de dados (conjunto de estados) de um sistema é definido de forma abstrata; voltada para controle (modelo dinâmico), onde o modelo é definido baseado em seu fluxo de controle, isolando basicamente as atividades que são executadas seqüencialmente ou que ocorrem independentemente, e voltada para funções, onde o modelo é definido baseado em seu fluxo de dado entre as unidades funcionais.

Dentre as diversas técnicas existentes, temos a rede de petri [Roi90] que é talhada para modelar a organização porque especifica sistemas concorrentes, é independente de implementação, faz a representação gráfica, tem uma base formal (não ambígua) e tem ferramentas para edição, simulação e geração de código.

Existem 2 tipos de redes de petri. A primeira delas é a rede de petri elementar que descreve apenas o comportamento de um número fixo de condições e eventos. Cada lugar em uma rede de petri elementar é considerado como um depósito de conteúdo variável, que pode ou não estar marcado, o que é representado graficamente pela presença ou ausência de uma ficha (·), portanto, cada lugar na rede define uma marca que pode ou não estar presente. A idéia é que cada marca sirva para modelar um estado local do sistema, servindo uma marcação da rede para modelar um estado global. A segunda é a rede de petri compacta que veio para contornar as restrições apresentadas na rede elementar. A idéia é usar uma rede compacta para representar o comportamento de muitas redes elementares, as redes subjacentes da rede compacta.

Este trabalho irá abordar uma solução de modelagem conceitual para um problema denominado sistema para matérias para publicação baseado em rede de petri compacta, e está assim estruturado: iniciamos descrevendo o enunciado do problema a ser modelado, logo após descrevemos o seu fluxo de dados ( workflow) operacional, depois a modelagem conceitual do problema apresentado, usando rede de petri.

2. Enunciado do Problema

O Departamento de Imprensa Oficial do Estado - DIOE , deseja construir um sistema de matérias para publicação para apoiar a organização em seu trabalho, visando: melhorar a produtividade e modernizar os processos internos, procurando firmar um padrão no recebimento dos documentos fontes para publicação, advindos de seus cliente externos.

Para atingir os objetivos destacados e desejados, dois componentes sofrerão mudanças e adequações nos seus processos atualmente executados. São eles:

Os agentes externos;
Os agentes internos.

2.1 Agentes Externos

Entendemos como agentes externos qualquer instituição ou pessoa que necessite publicar um documento com um fim especifico na Imprensa Oficial do Estado. Documento com um fim especifico pode ser: convites, licitações, contratos, balancetes leis etc.).

2.2 Agentes Internos

Entendemos como agentes internos setores do Diário Oficial do Estado que participam do processo de publicação de matéria, com as atividades de recepção, tratamento, composição e impressão.

Este trabalho irá apresentar apenas a solução de workflow adotada para a operação deste aplicativo, desenvolvido em Lotus Notes versão 4.0 e está definido da seguinte forma: apresentamos o workflow operacional, forma de implementação, passos dos métodos tradicional e moderno e a rede de petri elementar e compacta dos métodos tradicional e compacta.

3. Workflow Operacional

Nossa proposta se baseia em alterar os procedimentos dos dois agentes já descritos acima, da seguinte forma:

Os agentes externos terão que se adequar nos seus procedimentos atuais, visto que ao invés de datilografar, digitar e enviar as matérias ao DIOE na forma de papel, os mesmos deverão encaminhá-las em algum tipo de meio ou correio eletrônico.

Os agentes internos terão que implementar alteração ou aperfeiçoamento em seu fluxo de dados, visto que realmente é onde o sistema irá atuar.

3.1 Forma de Implementação

A partir da implementação do sistema, teremos três formas de receber matérias no DIOE, conforme descritos e demostrado na figura 1 a seguir.

  • Pessoal: isto é, o interessado entrega na recepção do DIOE a matéria;
  • Lotus Notes: através do Correio Eletrônico do Estado;
  • Internet: através de formulários desenvolvidos no Lotus Notes, publicado na Internet.

Para facilitar o entendimento do workflow, dividimos o fluxo de trabalho em 2 métodos ou procedimentos, denominados de tradicional e moderno.

3.2 Método Tradicional

Neste método as matérias são recebidas pela recepção, quando o(s) interessado(s) ou agente(s) externo(s) entrega(m) pessoalmente suas matérias ao DIOE.

3.2.1 Passos do Método Tradicional

Recepção:

  • Receber a matéria de interessado(s) / agente(s) externo(s);
  • Verificar se a matéria está contida em papel;
  • Se sim, medir para apurar o valor e registrar o valor em um formulário;
  • Se for o caso de pagamento imediato, solicitar ao interessado o pagamento requerido;
  • Fazer o registro do recebimento da matéria e obter o número do protocolo;
  • Registrar o número de protocolo no comprovante de entrega;
  • Devolver ao interessado o comprovante de entrega de matéria;
  • Juntar e acondicionar num recipiente próprio a matéria e o valor apurado, se for o caso;
  • Anotar no recipiente a data e o número de protocolo e vistar;
  • Encaminhar este recipiente, que denominamos de container, ao setor de tratamento de matérias;
  • Devolver os rejeitados ao(s) interessado(s) / agente(s) externo(s).

Tratamento:

  • Recuperar o conteúdo do container;
  • Capturar de alguma forma ( scanner ou digitar);
  • Se vier em disquete, ler e fazer a profilaxia da mídia;
  • Encaminhar via correio à inteligência ( agenda ).

Inteligência:

  • Incorporar o texto;
  • Revisar este texto;
  • Anotar no sumário o status da matéria ( aceito ou rejeitado );
  • Registrar se é para pagar, se já foi paga ou é isenta;
  • Registrar que esta matéria está na pauta de publicação daquele dia;
  • Encaminhar via correio à composição.

3.3 Método do Moderno

Neste método as matérias são encaminhadas à caixa postal do DIOE, iniciando o processo de publicação.

3.3.1 Passos do Método Moderno

Recepção:

  • Receber a matéria via email dos agentes externos;
  • Devolver os rejeitados aos agentes externos.

Inteligência:

  • Incorporar o texto;
  • Revisar este texto;
  • Anotar no sumário o status da matéria ( aceito ou rejeitado );
  • Registrar se é para pagar, se já foi paga ou é isenta;
  • Registrar que esta matéria está na pauta de publicação daquele dia;
  • Encaminhar via correio à composição.

4 Modelagem Conceitual do Sistema

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5 Conclusão

Como mostramos na introdução do nosso trabalho o modelo conceitual procura ser um modelo abstrato da área da organização representada na base de dados, o qual não contém detalhes de implementação e, que dentre as diversas técnicas existentes, temos a rede de petri [Roi90] que são talhadas para modelar a(s) organização(ões), existindo 2 tipos de redes de petri. A primeira delas é a rede de petri elementar que descreve apenas o comportamento de um número fixo de condições e eventos. A segunda é a rede de petri compacta que veio para contornar as restrições apresentadas na rede elementar.

Nós não usamos as redes de petri elementar para a solução do problema porque nem sempre elas são adequadas para a aplicação prática na modelagem conceitual de sistemas. Se mesmo assim quiséssemos utilizá-las, seria necessário um maior empenho e trabalho, pois imagino que teríamos que modelar os dois métodos em que foi dividida a solução (tradicional e moderno) separadamente e, mesmo assim, fazer uma análise de cada evento e quais os estados que eles podem assumir. Imagine que o modelador julgasse conveniente incluir no modelo também o comportamento de cada matéria entregue ao DIOE. Certamente à rede teriam que ser adicionados lugares e conexões aumentando o tamanho da rede elementar. Então, sistemas grandes e complexos resultariam em redes grandes e complexas.

Já a rede de petri compacta procura contornar os problemas citados usando diversas redes elementares para representar o comportamento de muitas redes elementares. A idéia básica da passagem de uma rede elementar para uma rede compacta é a de classificar lugares e conexões em classes de lugares e conexões "similares". Não há critério objetivo para decidir quando dois lugares ou duas alterações são similares.

O critério depende da intenção do modelador. Entretanto, há uma regra prática usada com freqüência: quando uma conexão de uma classe possui um lugar de entrada / saída em uma classe de lugares, então cada uma das demais conexões da classe da rede possui um lugar de entrada / saída na mesma classe de lugares. A rede compacta usa a adição de anotações à rede obtida pela classificação dos lugares e conexões da rede elementar. A anotação na rede compacta é feita com uma linguagem formal; a linguagem de anotação tem como objetivo definir as conexões e os lugares elementares representados por cada elemento da rede compacta.

Para fazer a modelagem conceitual do sistema de matérias para publicação foi utilizado o tipo de rede de petri compacta porque ela compõe a abordagem condição / evento e que é mais adequada à modelagem conceitual de sistemas de informação e pelas nossas colocações a respeito dos tipos de modelagem conceitual dessas redes.

6 Bibliografia

[Roi90] ROISER, Carlos A. Modelagem conceitual de sistemas:
Redes de Petri: Porto Alegre: UFRGS, 1990.

[Roi96 ] ROISER, Carlos A. Modelagem dinâmica de sistemas de informações. Londrina: UEL, 1996.