Modelo de Sistema de Informações para a Indústria e Comércio do Paraná

Equipe: Dionisio Strickr Vieira - DITEC
Edson José Augusto - Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico
João José Garcia - DITEC
Roberto Mücke - DITEC



O modelo pretende oferecer um suporte de informações dinâmicas e atualizadas para subsidiar o Governo e a Iniciativa Privada nas atividades de planejamento e tomada de decisões.

Situação do trabalho

Este trabalho faz parte do Módulo V - Projeto Final, do Curso de Especialização em Análise Moderna de sistemas, promovido pela CELEPAR, CITS e PUC-PR, com a participação do Edson, Garcia , Müke e Dionisio, alunos do citado curso.

Como principal fundamento, ele se desenvolveu com base no Sistema de Informações da Indústria e do Comércio - SIC, da Secretaria Especial da Indústria e do Comércio SEIC, sistema este projetado na primeira metade dos anos 80 e que de lá para cá não evoluiu, encontrando-se defasado.

Ele foi construído considerando-se que o uso da Tecnologia da Informação é hoje fator primordial para a modernização de qualquer instituição, quer pública, quer privada, sendo que aqui neste trabalho foi adotada a Metodologia de Desenvolvimento Estruturado de Sistemas prescrita por Yourdon[1][2] e obedecendo normas e padrões internacionais de qualidade de software prescritos em ISO 9000-3 [3] e MSQH[4], além de outras literaturas consultadas. Como ferramentas automatizadas de apoio ao desenvolvimento, foram usados o PC-CASE e Word, disponíveis na CELEPAR.

Considerado de média complexidade, o trabalho se restringiu às duas primeiras fases de desenvolvimento recomendadas por Yourdon[1], Estudo e Análise, em um total de nove fases.

Assim, se a SEIC optar por desenvolver o projeto, bastará continuá-lo a partir da terceira fase.

O que é o SIC hoje

Lá pelo ano de 1982 foi criado o SIC para constituir-se em suporte de informações para a Indústria e Comércio do Paraná e para subsidiar a formulação de diretrizes, incentivando a atividade econômica do Estado.

Quatro módulos foram projetados: o SICAB, Informações Cadastrais Básicas de estabelecimentos comerciais e industriais, o SIPRO, Informações de Insumos e Produtos, que agrega dados referentes aos insumos e produtos dos estabelecimentos industriais, o SITEC, Informações Técnico-econômicas, que previa agregar dados sobre emprego, faturamento, nível de utilização da capacidade instalada, folha de pagamentos e origem do capital e o SICOM, Informações sobre Comercialização, que previa a apropriação de dados sobre comercialização externa - importação e exportação.

Destes quatro módulos só os dois primeiros foram desenvolvidos com base no Cadastro de Contribuintes do Estado - CCE, da Secretaria da Fazenda, SEFA, e diretamente junto aos estabelecimentos industriais. O SIC ficou residente no mainframe da CELEPAR, com acesso on-line na SEIC e impressão local de relatórios. Arquivos seqüenciais podem ser gerados para posterior transmissão e tratamento em microcomputador via DBASE3.

Assim, o atual SIC possui funções restritas a pesquisas quantitativas e qualitativas sobre estabelecimentos, ramo de atividade e município/região, produtos e insumos.


Como deverá ser o SIC

Os requisitos

O sistema deverá possuir potencial de análises inter-relacionadas entre os atributos da base de dados. Desta forma, deverá responder às questões seguintes:

- O que, quanto e onde existe mais, menos ou não existe.
- Quais e quantos estabelecimentos iniciaram suas atividades num determinado ano, considerando a atividade econômica e o âmbito espacial (município, região, estado).
- O que, quanto e onde mais se produz e mais se consome para produzir.
- Quais e quantos estabelecimentos exportam/importam produtos para/de mercados internos (local, regional, nacional) ou externos (outros países), além de quais e quanto de cada produto ou insumo estão nestas transações.
- Num determinado âmbito espacial o que se produz, se produz e não se consome, é consumido por outros setores, o que se consome e de que setores provêm; quais as atividades econômicas com maior número de empregados e quais as maiores empresas nesta condição.
- Dos insumos utilizados no Paraná quais e em que percentual são importados e de onde.
- Quais e quantos estabelecimentos estão classificados em determinada faixa de faturamento.
- Quais as variáveis e fatores que explicam o maior ou o menor grau de concentração ou dispersão de determinadas atividades industriais por região.
- Que produtos ou insumos poderiam ser produzidos no Paraná, região ou município.
- Que produtos possuem demanda internacional e que têm potencial de produção no Paraná.

Os requisitos acima mencionados visam, mediante o uso da Tecnologia da Informação, prover o Estado e os empresários com informações e indicadores estratégicos para novos empreendimentos.

Para tanto, é imprescindível a atualização sistemática e rápida da base de dados, bem como a sua integração com outras bases de dados existentes no Estado, fazendo uso de mecanismos ágeis de tratamento, armazenamento e integração, permitindo o eficiente atendimento das demandas.

Novos objetivos

O modelo proposto deverá atingir os seguinte objetivos:

- Disponibilizar uma base de dados abrangente sobre os setores industrial, comercial e de serviços do Paraná.
- Oferecer maior flexibilidade e agilidade com respostas "ad hoc" às consultas específicas formuladas por usuários, oportunizando informações seguras e precisas.
- Oferecer uma base de dados que facilite o acesso a usuários e operadores com pouco conhecimento de programação de sistemas, para realizarem os relacionamentos desejados nos arquivos da base de dados.
- Possibilitar o acesso compartilhado via PACPAR a outras bases de dados nos diferentes níveis (estadual, nacional e internacional).

Cenários estudados

O primeiro cenário explorado foi o de uma solução mais rápida e barata: atender às necessidades mais imediatas sem grandes alterações no atual sistema. Seria a implementação dos módulos SITEC e SICOM, proporcionando uma ampliação da base de dados e a conseqüente possibilidade de formatação de mais relatórios, em pequeno prazo (60 dias), sem investimentos em equipamentos e por custos cobertos por contrato já existente entre a SEIC e CELEPAR. Seria apenas tentar recuperar o tempo perdido e minorar os efeitos dos problemas decorrentes da atual defasagem no SIC, baseando-se em uma plataforma obsoleta, comprometendo a eficiência no atendimento às demandas e reduzindo o dinamismo que será exigido pela SEIC.

O segundo cenário prevê a reengenharia do sistema, atual considerando a implantação de uma rede local na SEIC, integrada à Rede Estadual de Comunicação de Dados e Serviços - PACPAR. Numa primeira etapa o acesso seria à Rede Metropolitana e posteriormente a outros níveis (estadual, nacional, internacional, etc., p.ex. MERCOSUL).

Como proposto, este cenário atende aos novos requisitos, com uma arquitetura Cliente/Servidor, onde deve residir um banco de dados relacional, servidor de rede e estações de trabalho, amparado pelo Projeto de Informatização da SEIC[5], em fase de implantação, o qual recomenda a ligação da rede local à PACPAR, facilitando a troca de informações técnicas entre entidades presentes em nossa sociedade.

Levou-se ainda em consideração os aspectos de otimização de custos, funcionalidade, performance e segurança do sistema, viabilizando a sinergia microcomputadores-mainframe, com incrementos significativos de produtividade.

As principais dificuldades e limitações para este cenário estão associadas à transição política de governo do Paraná, não se conhecendo ainda o rumo das ações a serem empreendidas. Este risco pode ser amenizado considerando-se que a SEIC deverá ter posição de destaque no sentido de comandar as principais ações na área econômica do Estado. Quanto ao hardware, considera-se que, quando da instalação do novo SIC, a rede citada no Projeto de Informatização da SEIC já esteja funcionando em rede local.

Assim, este cenário mostra-se mais completo para suprir as deficiências atuais do SIC.

Benefícios e resultados esperados

Considerando que a relação custo/benefício está associada diretamente ao tempo de resposta que o sistema propiciará ao usuário para tomada de decisão, que os custos de desenvolvimento serão cobertos por contrato de prestação de serviços que a SEIC mantém com a CELEPAR e que esta Secretaria já possui um Projeto de Informatização com custos especificados, os benefícios decorrentes da implantação e operação do novo SIC serão os seguintes:
- Maior dinamismo na economia estadual, com incrementos de vendas mediante a divulgação entre os empresários de informações sobre o mercado em geral no Paraná.
- Possibilitará maior participação paranaense no mercado nacional e na pauta das exportações brasileiras, com conseqüente geração de mais empregos e aumento na arrecadação de impostos.
- Maior disseminação de informações e indicadores visando orientar o Governo na definição de políticas e programas de incentivo para manutenção, ampliação e criação de novos empreendimentos, bem como subsidiar a iniciativa privada nas suas decisões sobre o aproveitamento de oportunidades de expansão e de novos negócios.
- Melhora do nível de conhecimento sobre a estrutura produtiva do Paraná, facilitando a integração de áreas marginalizadas e fixando a população no interior pela criação de mais oportunidades de trabalho.
- Divulgação de alternativas e oportunidades de investimentos e ampliação da comercialização dos produtos paranaenses.
- Espera-se a Paranização progressiva de insumos que hoje são importados de outros estados ou até mesmo do exterior.

Conclusão

Embora este Modelo de Sistema tenha trabalhado apenas com as duas primeiras fases da metodologia recomendada por Yourdon[1][2], seu mérito pode ser atribuído a três fatores:

a) ter um modelo de sistemas de informações devidamente especificado para futura implementação;

b) possuir um plano organizado e detalhado, desde o objetivo, tarefas, recursos, cronograma, plano de qualidade, técnicas de medição, plano de testes e recomendações que facilitarão o controle da execução do projeto;

c) utilização de metodologia e ferramentas adequadas, oferecendo condições de organizar as atividades de desenvolvimento com amplas possibilidades de resultar em um projeto confiável e bem sucedido.

Sabemos que não existe projeto de sistema perfeito e que sempre uma revisão será necessária, principalmente se o período entre a análise e a implantação for muito longo.

Nosso esforço foi válido como trabalho de cunho didático-profissional e ainda maior será a nossa gratidão se a SEIC puder aproveitar este modelo.

Referências bibliográficas

[1] Yourdon, Edward. Administrando o Ciclo de vida do Sistema. Rio de janeiro: Ed. Campus, 1989.

[2] Yourdon, Edward. Análise Estruturada Moderna. Rio de janeiro: Ed. Campus, 1990.

[3] ISO/DIS. Quality Management and Quality Systems Elements, 9000-3.

[4] STRI TS2. Modelling a Software Quality Hadbook. Reykjavík, Islands: Iceland Council for Standardization, 1991.

[5] Projeto de Informatização da Futura Secretaria da Indústria e do Comércio - SEIC. Trabalho desenvolvido durante o III Curso de Análise Moderna de Sistemas em convênio com a PUC, CELEPAR E CITS.