O Japão e a Cultura

Autor: Alberto Mutsuo Watanabe

 

A maravilha tecnológica dos produtos japoneses com os quais nos deparamos no dia-a-dia,

com os televisores, videocassetes, filmadoras, máquinas de fax, etc., é um atestado de talento e da capacidade de criar e recriar a partir de um modelo existente. Esta mesma imagem não é refletida quando aplicada aos computadores, ao seu uso e a sua disponibilidade. O mundo econômico está se construindo em torno de idéias e serviços. E o Japão está bem deficiente na utilização de ferramentas básicas, tais como: computadores pessoais e redes.

O parque computacional do Japão é três vezes menor em relação ao dos Estados Unidos. Apenas 10% dos homens de negócios se valem de computadores e apenas 13% destes estão conectados a redes.

Uma linha telefônica (alugada), indispensável para uma rede de computadores, pode custar até 100 vezes mais no Japão do que nos Estados Unidos. As residências conectadas em TVs a Cabo do tipo coaxial, importante elemento no conceito de supervia de informação, são ínfimas.

O Japão está ciente dos problemas e quer reverter a situação, ou melhor, dar o bote. A FUJITSU e a NEC esperam ligar cada empregado por meio de correio eletrônico em 1995. As vendas de redes locais (LAN) estão crescendo à razão de 50% ao ano e devem atingir um faturamento de US$ 5 bilhões em 1996.

Apesar destes avanços, o Japão esbarra na cultura empresarial que encoraja a interação face a face, pois a cooperação e o acordo são desejados acima de tudo.

Essa mentalidade desencoraja o uso do e-mail, ingrediente fundamental da nova era da informação sobre as pessoas que o enviam. Até os cumprimentos se diferenciam conforme o nível de amizade e importância. Por exemplo, uma pessoa muito importante é cumprimentada a 1 (um) metro de distância com uma inclinação do corpo no ângulo de 45 graus.

O uso do fax é muito difundido no Japão pela própria relutância em utilizar um computador para a comunicação, pois é mais fácil escrever manualmente e enviá-los por fax.

O japonês como língua escrita, é composto de ideogramas com aproximadamente 4000 caracteres, sem contar as combinações entre eles. Para uma pessoa digitar no computador uma carta no tamanho A4, levaria dez vezes mais tempo do que no alfabeto latino.

A esperança do Japão é construir computadores capazes de entender a voz.

Resumo do artigo publicado no livro "O seu futuro eletrônico" de Sérgio Charlab