Padrões: Tê-los ou não tê-los ?

Autoras: Lislane Gracinda Dias - GPT, Cristina Angela Filipak Machado - GPT

Dentro de poucos dias será implantada na Celepar a versão 2.0 da MDS - Metodologia de Desenvolvimento de Serviços da Celepar - esta versão tem como uma das suas finalidades dotar a versão anterior de modelos e exemplos de utilização. Quando falamos em modelos estamos falando em padronizar. Normalmente esta palavra "PADRÃO", é uma palavra que assusta, restringe, causa mal-estar nos técnicos de informática. Por quê?

1. A área de informática é recente, e como conseqüência, as organizações mais antigas não investiram em metodologias de trabalho, até porque muitas vezes estas não existiam; isto fez com que os técnicos fossem acostumados a terem uma grande liberdade de atuação, não respondendo a nenhuma regra ou padrão. Cada um possuía o seu.

2. A utilização de padrões normalmente nos dá uma idéia que estes restringem a criatividade do técnico, o que de antemão não é verdade, visto que normalmente o padrão diz respeito à forma e não à solução.

3. Criou-se um mito: que os padrões são superiores ao "bom senso", isto também não é verdade, pois os padrões devem representar este "bom senso". Normalmente os padrões são criados para resolver os casos mais comuns encontrados nas organizações, ficando para o "bom senso" resolver os restantes.

Como benefícios decorrentes da utilização de padrões temos:

- Evitar repensar os problemas que são comuns a todos os projetos como por exemplo: - interface com o usuário, -nomes de programas, - técnica utilizada para representar modelos de dados, etc.

- Facilitar a realocação de pessoal, como a metodologia e as técnicas são padronizadas, o entendimento se dá a nível de negócio e não a nível de representação metodológica. Evitando-se assim que a cada realocação de pessoal ou seja mudada a forma de representação ou o técnico tenha que reaprender a projetar sistemas.

- Facilitar a comunicação entre as pessoas, já que se adota uma linguagem comum.

- Garantir que os produtos finais possuam uma forma coesa na operação e na apresentação, quando da subdivisão do projeto em subprojetos.

- Assegurar uniformidade de procedimentos para se contratar e treinar pessoal.

- Ajudar no desenvolvimento de novas ferramentas de ganho de produtividade, como é o caso do AREAS, PRONTO... que temos desenvolvidos na Celepar.

Como vantagem secundária de um ambiente padronizado temos a facilidade de tercerização de alguns serviços, já que em outras circunstâncias seria muito difícil a absorção de diversos padrões.

Como desvantagens na utilização de padrões podemos citar:

• Na maioria das organizações existe uma inflexibilidade muito grande nos padrões.
• Incentivo ao conservadorismo, pois os técnicos não questionam os padrões.

Como podemos notar, normalmente as desvantagens dos padrões se dão em ordem prática e não técnica. O que temos como um desafio constante é utilizarmos os padrões para termos as vantagens acima citadas e, sempre que se fizer necessário, pedirmos para que os mesmos sejam alterados, para que os padrões não caiam no esquecimento e só existam para "enfeitar" as prateleiras da biblioteca ou ocuparem espaço na nossa rede.

Na Celepar temos muitos bons exemplos na utilização de padrões. Um deles e o SNG (Sistema de Navegação Genérico), utilizado para permitir a navegação entre telas e a segurança de acesso a funções dentro de uma aplicação. No início houve algumas resistências na sua utilização, mas hoje, são 53 sistemas que o utilizam. Ganhou-se com isso: - o reuso de código, aumentando a produtividade no desenvolvimento de aplicações; - o usuário, que teve a forma de navegação e suas telas padronizadas; - a portabilidade para outros ambientes (Exemplo: Unix). Este é um caso típico de sucesso e o que se nota é que os técnicos que na época se "aventuraram" a utilizá-lo não estão arrependidos, e hoje não imaginam desenvolver sistemas sem utilizar esta ferramenta.

O que são solicitadas sim, são melhorias nessa ferramenta como forma de modernizá-la e adequá-la a outras situações não contempladas na sua versão original.

Muitas outras ferramentas foram desenvolvidas para o ambiente Natural, mas a facilidade em desenvolver estas ferramentas depende quase que exclusivamente da utilização dos padrões na programação por todos os técnicos, visto que o tratamento de exceções das aplicações um dos principais problemas. Um exemplo desta dificuldade: quando da mudança do Natural -1 para o Natural-2, se todos os programas desenvolvidos no modo report tivessem suas variáveis definidas no início do programa e os seus nomes iniciados com o símbolo "#", um simples programa de conversão poderia ter sido executado para converter os programas do modo report para o semi-estruturado. Como isso não era verdade, foi inviável, na época, fazer-se este programa de conversão sem um grande risco de erros.

Perde o técnico que é obrigado a fazer a conversão manual ou a manter sistemas na versão anterior, perde a empresa que teve um alto índice de retrabalho.

Para facilitar a utilização dos padrões estabelecidos pela empresa, está sendo desenvolvido pela biblioteca a disponibilização dos padrões de forma on-line (help no ambiente Windows). Dentro do ambiente de desenvolvimento de sistemas existe o gerador de áreas de dados que se chama AREAS, que pode ser ativado no comando NEXT do Natural.

Todas essas facilidades são uma tentativa de facilitar a utilização dos padrões de codificação e de interface pelos técnicos da Celepar. Sem dúvida nenhuma as vantagens de se ter um padrão ainda são maior que as desvantagens. Acreditando nisso é que estamos trabalhando para melhorar estes padrões na empresa e em conseqüência o dia a dia dos nossos técnicos.