Pequeno Brainstorm sobre as Tecnologias Caseiras de Acesso à Internet

Autor: Ricardo Seyer - Estagiário da GPS

Este artigo visa promover uma pequena discussão entre algumas das tecnologias de acesso à Internet. Discutirei aqui as principais vantagens e desvantagens de cada uma delas e, ao final, você terá conhecido um pouco mais dessas vedetes da comunicação. Algumas delas já estão aí há muito tempo. A ISDN, por exemplo, já tem sete anos, mas tinha seu uso restrito às grandes empresas. Há pouco tempo é usada em acesos caseiros. E esse é o aspecto aqui, o acesso caseiro. As formas de se conectar são as seguintes: ISDN (Integrated Services Digital Network), Cablemodem e DSL (Digital Subscriber Line). Dessa última tecnologia, falarei sobre a mais popular, a ADSL (Assincronous).

A conexão ISDN, precursora da DSL, já começa com um detalhe interessante, ela não usa modem. Ao invés disso, usa um adaptador de terminal. É possível descrever esse equipamento como se fosse uma central telefônica diminuta, que gerencia o envio e recebimento de dados. A ISDN nada mais é que uma linha telefônica digital modificada. É também necessário que você esteja a uma distância máxima de 5.5 Km da central telefônica. Se esse limite fosse ultrapassado, a empresa telefônica teria de instalar repetidoras para propagar o sinal, a fim de não haver perdas. O problema é que as repetidoras são muito caras, e isso acabaria em um grande prejuízo, por isso a limitação de uso. Não é possível falar ao telefone enquanto se está usando a linha ISDN para a Internet. A velocidade de transmissão de upload e download é de 128 Kbps, o dobro dos modems no nível de usuário comum. Essa linha ainda é muito difundida nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, foi pouco usada, devido aos custos muitos elevados. É uma ótima alternativa para aqueles usuários que já usam uma conexão de 56 Kbps e gostariam de ver algo mais rápido.

A cablemodem usa um modem especial que depende da velocidade da conexão escolhida. Para efeito de comparação, pense nos modems comuns: 33,6 Kbps e 56,600 Kbps. O que acontece com a cablemodem é que a conexão com a Internet é feita pela rede de TV a cabo. É como se houvesse um canal transmitindo dados da Internet. A conexão via cabo poderia, bem a grosso modo, ser comparada a uma LAN. O que acontece em muitos lugares que possuem essa tecnologia é o fato de o sinal da Internet viajar por fibras ópticas do provedor até um terminal perto do usuário e, a partir daí, seguir via cabos coaxiais até onde está o usuário. As distâncias de uma conexão cablemodem da sua central podem chegar até a 100 Km, sem perda das qualidades. As taxas de transmissão podem variar de 128 Kbps até 30 Mbps. As operadoras de cabo nacional vêm oferecendo taxas de download de 128 Kbps e 256 Kbps. Esses valores podem ser aumentados, conforme a estrutura esteja apta e os clientes solicitem mais velocidade. As taxas de upload no Brasil variam entre 33,6 Kbps e 56 Kbps. Parece pouco, mas é o suficiente para o usuário que gera downloads de arquivos da ordem de 50 MB, ou ainda os famosos e consagrados arquivos MP3. O acesso à maioria das páginas é bem rápido, quase a velocidade de um click, dependendo do tamanho. Um pequeno problema é o preço. Para ter acesso a toda essa velocidade, é necessário já ser assinante da empresa, alugar um modem e pagar uma taxa ao provedor. Somando todos esses valores, chegamos a, aproximadamente, R$ 85,00, mas essa soma pode cair. O problema de ordem média é a segurança. Muitos usuários têm reclamado que têm sofrido invasões depois de instalado a cablemodem. A cablemodem usa um IP dinâmico para minimizar o número de invasões. Mesmo assim, estuda-se uma possibilidade de reduzir essas invasões, porque somente o IP dinâmico é deveras precário.Outro problema de nível médio é que o sinal pode ser pirateado. Agora, o grande detalhe. A cablemodem tem como maior problema e empecilho o compartilhamento de conexão. Esse problema é causado quando pessoas da sua vizinhança também estão usando cablemodem. Quando isso acontece, sua conexão sofre perdas consideráveis e toda promessa de uma conexão rápida e eficiente, que o vendedor havia lhe prometido, vai para o ralo. Isso acontece porque os terminais de TV a cabo, da quadra, por exemplo, decodificam o sinal para os "n" usuários conectados de forma igualitária. As empresas de cabo pretendem tentar resolver esse problema, instalando mais cabos e terminais para minimizar a decodificação. O ponto é que a opinião pública ainda não se manifestou muito contra isso. A maioria dos usuários é leiga e, para eles, está bom do jeito que está.

A ADSL é a sua linha telefônica digital com um upgrade. Uma linha melhorada que permite a propagação de voz e dados em um mesmo par de fios. Há um separador, na central telefônica, que faz o roteamento dos sinais chamado DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer). No computador que usará a ADSL, é instalado um modem que faz a separação dos sinais. Aí já conhecemos uma das vantagens da DSL: um fio a menos para incomodar. Assim como a ISDN, a DSL também tem limites de distância. Sua distância da central telefônica só pode ser de no máximo 6 Km. A DSL proporciona velocidades bastante altas de transmissão. Aqui no Brasil, as taxas de download variam de 256 Kbps até 1,5 Mbps. As taxas de download ficam na faixa entre 56 Kbps e 256 Kbps. Na verdade, a ADSL, em suas diversas formas (XDSL, VDSL, MDSL), pode suportar taxas de downstream de até 50 Mbps. Mas essas velocidades dependem de muitas outras variantes, como o preço a se pagar por isso e algumas modificações na rede telefônica. Nos Estados Unidos e Europa isso acontece. Sem sofrer alterações na rede telefônica, a DSL pode chegar até 800 Kbps de dowstream e 8 Mbps de upstream. .Aqui no Brasil, os preços para se ter acesso a DSL variam conforme a velocidade de transmissão. Desde R$ 69,00 (linha + modem), partindo da conexão mais lenta de 256 Kbps, até a mais cara R$ 417,00, de 1,5 Mbps. Note aqui que a conexão mais lenta da DSL é a mais rápida disponível para os usuários de cabo. Há ainda a questão de aluguel do modem, cerca de R$12,00. Um ponto negativo que acontece é que as empresas telefônicas estão com falta de linhas disponíveis para DSL. É preciso entrar em uma fila e torcer para que haja terminais livres na região onde você deseja instalá-los. A Telepar Brasil Telecom teve a idéia de fornecer, inicialmente, apenas para as empresas. Por isso, agora, há esse déficit e alguma demora na instalação das linhas. Não era esperado o seu sucesso com usuários caseiros. A prova disso é que não há propaganda sobre essa forma de conexão. O contrário já ocorre com a Cablemodem. O marketing é, em algumas ocasiões, exorbitante. A DSL, além da estabilidade, rapidez e eficiência da transmissão de dados, oferece como bônus adicional a capacidade de poder usar o telefone enquanto conectado à Internet, como já induzido anteriormente. Algumas empresas, aqui em Curitiba, passaram a usar a DSL como opção de conexão, em vez das chamadas conexões T1. Mesmo com todos os detalhes, o melhor da DSL é o fato que a conexão é somente sua. Não é preciso dividir com ninguém, o que não acontece no caso da cablemodem.

Vale lembrar que, nem a DSL nem mesmo a cablemodem, estão funcionando da forma menos ociosa. A demanda atual, em termos de velocidade, está pronta para atender todos os usuários até 2005. A explicação para isso é simples. Quando Alexandre G. Bell inventou o telefone, não havia, naquela época, a necessidade para a comunicação através de fax ou vídeo. Hoje, uma transmissão de dados rápida e eficiente pode valer milhões de dólares. Assim aconteceu com a Internet. Hoje, a DSL e a Cablemodem estão aí para suprir um pequeno público que necessitava de uma conexão mais rápida para transmitir vídeos e arquivos de maior porte do que aquele velho documento do Word. Para quem queria só fazer isso, 56 Kps estavam muito bom. Hoje, muitos provedores já possuem programações especiais para os chamados "clientes de alta velocidade". Questão de evolução dos telefones fixos para os celulares, das conexões de 75 bps até as de 50 Mbps.

O que vem a seguir?


 

REFERÊNCIAS

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