REFLEXÃO - PC ou NC?

Autora: Sara Fichman Raskin

Presenciamos a mais uma discussão do modelo de uso dos recursos da computação, envolvendo as maiores empresas do mercado. E quem se arriscaria a dar um palpite?

Estamos falando do ressurgimento de uma disputa natural entre a computação pessoal (desktop) e a computação corporativa, ou seja, entre os PC’s e os NC’s - Network Computers. As grandes empresas estão tendendo a procurar um caminho de volta ao modelo centralizado porque o PC em rede tem se mostrado muito caro para manter. Na realidade, sua instalação é relativamente barata, mas os custos com manutenções e "up-grades" tem estourado qualquer previsão orçamentária. Mas, se por um lado o NC promete trazer simplicidade e reduzir custos, ele limita os recursos de processamento local. Diante de tantas promessas e situações diversas para utilização de um ou de outro, os debates sobre PC’sxNC’s estão na ordem do dia das publicações na área de informática.

Vejamos o que tem acontecido com os sistemas operacionais. Nos últimos dez anos, foram liberadas aproximadamente dez versões de Windows, desde o Windows 2.0, passando pelo Windows 3.1 até o Windows 95, sem mencionarmos os "sabores" não windows e a morte da versão DOS. Os usuários, por sua vez, estão sempre demandando pelos últimos lançamentos de máquinas e up-grades constantes de software, contribuindo para este quadro de sucessivos investimentos, sem falarmos na necessidade de atualização dos antivirus. É muita coisa para absorver e acompanhar.

É nesse contexto que aparece o modelo de computação "thin-client" ou cliente-magro, que incorpora uma idéia simpática às grandes companhias: um único ponto de "up-grade", conseqüentemente com maior facilidade e menor custo de manutenção. O comprometimento das empresas com tudo relacionado a Web tende a acelerar a adoção desse modelo, distribuindo "browsers" e levando as pessoas em direção a uma interface genérica, que poderá rodar em qualquer plataforma.

Na verdade, esta é uma guerra de gigantes do segmento de hardware e software e existem grandes empresas apostando todas as cartas nessa abordagem centrada nos recursos da rede, ou Network Computing Arquitecture (NCA), e lançando modelos de Network Computer (NC). Em geral, um NC vem a ser um computador menor e mais barato que o PC, logicamente com menor capacidade de armazenamento e processamento, sendo assim, mais simples de trocar em caso de falha, uma vez que não armazena dados e aplicativos. A idéia é que o NC tenha apenas um browser, além do sistema operacional básico, capaz de se conectar a rede e rodar qualquer aplicação.

A linguagem Java emerge como uma plataforma ideal para NC’s e o desenvolvimento de aplicações Client/Server para uso na Internet precisa ser adaptado ao novo modelo. Somente os "applets" serão trazidos do servidor Web para rodar nas estações cliente, independente do hardware e sistema operacional utilizado.

Na maioria dos artigos que tenho lido sobre o assunto, os analistas dizem que os NC’s não vieram para eliminar os PC’s e sim serão mais uma alternativa para as empresas e poderão substitui-los com vantagens em algumas situações. Outros apostam em dois caminhos distintos com a supremacia do modelo cliente-magro no trabalho e no desktop predominando em casa.

Referência Bibliográfica:

DVORAK, John C. The decline of desktop computing. PC Magazine, New York, v.16, n 2, p-87, 21 jan. 1997.