Racha Cuca

Edição 65 / Junho 97

 

MAIO

Um navio que trazia um grande número de especiarias, foi assaltado por violenta tempestade.

A embarcação teria sido destruída pela fúria das ondas se não fosse a bravura de 3 marinheiros. O comandante, querendo recompensar os denodados marujos, deu-lhes certo número de moedas. Esse número, superior a duzentos , não chegava a trezentos. As moedas foram colocadas numa caixa para que no dia seguinte, por ocasião do desembarque, as repartisse entre os três corajosos marinheiros. Aconteceu, porém, que durante a noite, um dos marinheiros acordou, lembrou-se das moedas e pensou: "Será melhor que eu tire a minha parte. Assim não terei ocasião de discutir ou brigar com meus amigos". E, sem nada dizer aos companheiros, foi até onde se achava guardado o dinheiro, dividiu-o em três partes iguais, mas notou que a divisão não era exata e que sobrava uma moeda. "Por causa desta mísera moedinha é capaz de haver discussão amanhã." E o marinheiro atirou a moeda ao mar. Horas depois o segundo marinheiro teve a mesma idéia. Também em sua divisão sobrava uma moeda. Como o primeiro, jogou-a ao mar. O terceiro marinheiro, ignorando por completo a antecipação dos companheiros, teve a mesma atitude. Dividiu as moedas e também em sua contagem sobrava uma. Também não querendo complicar o caso, jogou-a ao mar. No dia seguinte, no desembarque, o almoxarife encontrou um punhado de moedas na caixa, soube que pertenciam aos marinheiros e dividiu-as em três partes iguais. Ainda dessa vez a divisão não foi exata, pois sobrava uma moeda. O almoxarife guardou esta como paga do seu trabalho.

É claro que nenhum dos marinheiros reclamou, pois cada um deles estava convencido de que já havia retirado a parte que lhe cabia. Pergunta-se afinal: Quantas eram as moedas? Quanto recebeu cada um dos marujos?

RESPOSTA

As moedas, uma vez que eram em número superior a 200 e não chegavam a 300, deviam ser a princípio em número de 241. O primeiro marinheiro dividiu-as em três partes iguais, jogando uma ao mar, levando consigo um terço das 240: 80 moedas, deixando 160. O 2° encontrou as 160, jogou uma ao mar, ficando com uma terça parte das 159 restantes, ou seja, 53. O 3° marinheiro encontrou a caixa com 106 moedas, dividiu em partes iguais e jogou a moeda que sobrava ao mar como seus companheiros. Retirou uma Terça parte de 105, isto é, 35 moedas, deixando um resto de 70. O almoxarife encontrou 70 moedas, retirou uma e dividiu as 69 restantes em três partes, cabendo então a cada um mais 23 moedas.

JUNHO

Joãozinho insistiu tanto que o pai acabou comprando um casal de pombos com um mês de vida. Não eram aves comuns. Resultado da mais avançada engenharia genética, o casal podia procriar um mês após seu nascimento e, a partir do mês seguinte, invariavelmente todos os meses, produziriam um casal de filhotes. Este se tornaria adulto após um mês de vida e passaria a procriar como os pais. O pai de Joãozinho achou que fez um bom negócio. O custo da manutenção de um casal de pombos era baixo: 10 reais por mês. Mas, após um ano, ele estava desesperado. Ninguém comia os pombos e o menino não queria doar nenhuma ave. Ao final de um ano, qual era a despesa mensal com os pombos?

Extraído do livro:
O Homem que Calculava Malba Tahan e Revista Globo Ciência.