Rede Integrada de Comunicação de Dados e Serviços

Autor: Armando Rech Filho


A tendência de informatização nos anos 90 aponta a forma irreversível para a filosofia do processamento distribuído. Já não são suficientes apenas sistemas on-line baseados nos grandes computadores e com terminais na instalação do usuário para acesso às informações. Cada vez mais a informação passa a ser tratada, tanto em sua geração quanto em sua utilização, em equipamentos com capacidade de processamento alocados mais próximos do usuário. Aos grandes computadores reserva-se a função de servidor de dados corporativos e de gerenciador de uma rede de acesso a serviços, que estarão distribuídos pelas diversas estruturas de processamento que a compõem.

Desta forma, muda radicalmente o conceito de rede de comunicação de dados que temos hoje implementada no Estado, em uma filosofia centralizada, com protocolos proprietários e fundamentalmente composta por terminais de acesso a sistemas que processam nos grandes computadores da CELEPAR.

Equipamentos com capacidade de processamento, e das mais diversas tecnologias, poderão ser implementados nos órgãos para o processamento departamental e fornecimento de funções ou aplicações especiais, que precisarão estar interconectadas em uma única rede, para que seja viável a integração das informações a nível de Governo.

BASES TECNOLÓGICAS DO PROJETO

A mudança da filosofia de Teleprocessamento para a filosofia de Rede de Computadores impõe a necessidade da implementação de uma arquitetura rede de computadores apoiada em uma filosofia de padrões abertos, proporcionando conectividade e interoperabilidade entre equipamentos dos diversos ambientes operacionais.

Os padrões definidos para a Rede Integrada de Comunicação de Dados e Serviços do Estado são aderentes ao Modelo de Referência OSI - Open Systems Interconnection, estabelecidos pela ISO - International Organization for Standardization, com perfis funcionais normalizados no Brasil pela BRISA - Sociedade Brasileira Para Interconexão de Sistemas Abertos.

A ISO é a única entidade internacional que define padrões para interconexão de sistemas abertos, valendo-se para tal de importantes comitês, tais como o IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers, o CCITT - Consultative Committee for International Telegraph and Telephone, a IEC - International Electrotechnical Commission, entre outros.
Estes padrões estão também aderentes ao POSIG - Perfil OSI do Governo, implementados pelo Governo Federal, seguindo a linha de outras implementações no exterior como é o caso dos Estados Unidos, Reino Unido, Comunidade Européia, Japão, entre outros.

A ESTRUTURA PLANEJADA PARA A NOVA REDE

O desenvolvimento do projeto da nova rede pode ser dividido em três grandes grupos, separados pela natureza das especificações dos serviços que serão ofertados: Infra-estrutura de Comunicação de Dados, Serviços e Protocolos e Infra-estrutura de Gerência.

INFRA-ESTRUTURA DE COMUNICAÇÃO DE DADOS

Para resolver os problemas da rede atual e criar uma infra-estrutura que suporte a rede proposta, a solução disponível para ser adotada pelo Estado é a implantação de uma rede de pacotes, baseada na norma CCITT - X25, definido pela ISO para as três primeiras camadas de modelo de referência OSI: nível físico, de enlace e de rede, operando na modalidade de comutação de pacotes.

A topologia para início de operação está baseada em cinco nós principais de comutação de pacotes (Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa) e 19 centros de acesso à rede, localizados em diversos municípios do Estado. Os nós principais terão capacidade de comunicação entre si de até 2 megabits por segundo.

Conforme projeto desenvolvido, a solução mais interessante foi contratar junto a Embratel ou Telepar, os serviços de uma Rede Virtual Privativa para o Estado, a ser montada sobre a estrutura da rede pública. Este processo encontra-se em fase de elaboração do edital de licitação, com previsão de implantação em janeiro do próximo ano.

SERVIÇOS E PROTOCOLOS

Apoiados sobre a nova Infra-estrutura de Comunicação de dados serão implementados serviços de rede, inicialmente definidos em função do que está sendo ofertado por fornecedores de serviços de rede no mundo. O importante é que a estrutura de padrões abertos permite a constante evolução da rede em termos de novas ofertas em função da necessidade dos seus usuários.

Para a primeira etapa de implantação, já a partir de janeiro de 1994, estão sendo previstos:
- Interconexão de Sub-redes em Ambiente Heterogêneo, onde serão oferecidas as especificações dos elementos necessários para que cada um dos diversos ambientes diferentes possam se interconectar com a rede e dela usufruir os serviços desejados.

- Acesso à Informação via Terminal de forma que usuários possam utilizar aplicações em ambientes operacionais diferentes do seu, de forma transparente, a partir dos seus terminais.

- Correio Eletrônico Distribuído, compreendendo uma arquitetura de correio integrado para o Estado, a ser implementado de forma que os órgãos possam ter o seu próprio sistema, residente em seu ambiente operacional, porém interconectado com os correios dos demais órgãos do Estado para troca de mensagens e serviços.

- Transferência de Arquivos, com protocolos que permitam a troca de dados entre os sistemas computacionais de forma transparente do ambiente operacional.

- Protocolos para Aplicações Distribuídas, para tornar viável a distribuição de processamento entre aplicações dos diversos ambientes operacionais do Estado, no conceito de processamento cliente-servidor, de forma a integrar aplicações operando em bancos de dados de diferentes fabricantes.

- Acesso a Redes Externas, com o fornecimento de informações de bases de dados do país ou do exterior para os usuários da Rede Integrada.

- Estudos de viabilidade econômica de implementação de uma rede metropolitana, abrangendo especificações de meios físicos e protocolos de alta velocidade, da ordem de 100 megabits por segundo, para utilização em espaços geográficos limitados a Curitiba e região metropolitana, para operar como um integrador de redes locais.

Para uma segunda fase, com estudos iniciando-se em 1994, podemos já estimar novos serviços a serem implementados dentre eles:

- Intercâmbio Eletrônico de Informações (EDI), compreendendo a transferência de dados em formato padronizado entre organizações, apoiando-se sobre protocolos básicos como os de correio eletrônico ou transferência de arquivos.

- Serviços de Diretório, para permitir a localização automática de informações sobre usuários e aplicações na rede.

- Banco de Dados Distribuídos, para que de forma transparente, as aplicações acessem informações dispersas pela rede, sem preocupar-se onde elas estejam residindo.

- Sistemas Distribuídos Abertos (ODP), ainda em processo de pesquisas e definição de padrões nos fóruns internacionais, que tem como objetivo dispor de uma padronização para sistemas distribuídos incluindo estruturas, interpretações, distribuição e processamento de informações compartilhadas.

- Integração voz/dados/imagens, incluindo vídeo-conferência, visando a integração total, e otimização da comunicação no processo de informação do Governo. Esta tecnologia começa a se tornar realidade no mercado com a disponibilidade de canais de alta velocidade pelas operadoras de telecomunicações.

INFRA-ESTRUTURA DE GERÊNCIA

A complexidade da rede cresce de forma exponencial na passagem do atual modelo centralizado para o novo modelo distribuído em padrões abertos. Acompanhando estas mudanças é imperativo que um novo modelo de gerência de rede seja desenvolvido, contemplando aspectos de administração de configurações, detecção e correção de falhas, análise de desempenho, contabilização de uso e, principalmente, segurança de acesso.

Também a atividade de operação da Rede Integrada deverá sofrer grandes modificações, incluindo a redefinição da forma como os usuários serão atendidos em suas necessidades de suporte.

OS BENEFÍCIOS ESPERADOS DA NOVA REDE

Uma rede implementada em padrões abertos, da forma como está planejada, traz aos usuários do Estado benefícios tais como:

- implantação de processamento distribuído intra e inter órgãos no Estado, possibilitando uma plena integração de informações a nível da estrutura administrativa do Governo;

- acesso a informações disponíveis nas várias bases de dados do Estado independente de sua localização ou de ambiente operacional onde processam, ambientes estes que se comunicam diretamente sem passar por um elemento centralizador;

- interconexão de equipamentos com ambientes operacionais heterogêneos, permitindo liberdade de escolha para o usuário quando da aquisição;

- preservação dos investimentos já efetuados quando do crescimento da instalação do usuário, por não depender do fornecedor dos equipamentos originais;

- garantia de continuidade, pelos padrões serem definidos e implementados por entidades internacionais, onde fabricantes e usuários do mundo inteiro discutem as mudanças e evoluções;

- otimização do uso dos meios de comunicação, onde o usuário com um único ponto de acesso pode comunicar-se com outros equipamentos, reduzindo custos pelo compartilhamento dos meios físicos e dos serviços;

- acesso a um sistema eficiente de comunicação, com tempo de resposta adequado às necessidades dos usuários, e com disponibilidade garantida por rotas alternativas em caso de congestionamentos ou de problemas;

- acesso a bases de dados externas, no país ou no exterior, sem necessidade de equipamentos ou meios de comunicação adicionais;

- melhor produtividade no desenvolvimento de serviços, direcionando o foco das preocupações para a solução, uma vez que a rede padronizada passa a oferecer uma série de facilidades com as quais o usuário não precisa mais preocupar-se.

A nova Rede Integrada de Comunicação de Dados e Serviços a ser colocada à disposição dos órgãos do Estado será um elemento de integração da informática da administração estadual, tornando viável o tratamento e o acesso à informação no local mais próximo de sua utilização, seja ele o local mais distante no interior do Estado do Paraná.