Redes Virtuais para Workgroups

Autor: Odemir Bara - Analista de Informática - ASTEC
1 CARACTERIZAÇÃO DA APLICAÇÃO

As "Redes Virtuais para Workgroups" têm como característica ser um serviço que possibilita a integração de usuários finais para constituir diferentes workgroups, permitindo, desta forma, que usuários que tenham necessidade de realizar trabalhos em conjunto, utilizando ferramentas de workgroup computing (aplicações voltadas a automatizar o dia a dia de trabalho entre as pessoas), inclusive de diferentes segmentos físicos de rede, estejam unidos em redes virtuais próprias. A criação e a manutenção dessas redes virtuais deverá ocorrer de forma dinâmica, sem necessidade de alteração na sua rede física, de forma que grupos possam ser criados e eliminados de acordo com os interesses da organização.

2 CENÁRIO

Hoje é uma realidade a necessidade das grandes empresas em criar grupos de trabalhos específicos, de forma rápida, unindo funcionários de diversos setores (algumas vezes até distantes fisicamente) com o objetivo de realizar determinadas tarefas em conjunto e que implica, em muitos casos, na necessidade de interligação das várias redes locais existentes, integrando-as em uma rede que chamaremos de "Rede de Campus".

Existe, também, uma outra necessidade de isolamento destes tráfegos na rede, fazendo com que os diversos grupos de trabalhos utilizem segmentos de redes específicos, de forma que não haja contenção na rede pelo compartilhamento de um único segmento pelos diversos grupos de trabalho.

Para agravar ainda mais os gargalos das redes existentes, temos o rápido avanço dos PC's quanto ao incremento na capacidade de processamento e armazenamento, com custos cada vez menores, possibilitando a implementação de novas aplicações distribuídas e multimídia (Ex. envio de imagens de documentos a partir de scanner para aplicações de workgroups), o que implica em mais informações em forma de texto, gráficos, voz e imagens, transitando nas redes e exigindo destas melhor performance.

Como alternativas para solucionar os gargalos de comunicação das redes, uma técnica muito utilizada atualmente é a microsegmentação, porém não é esta uma solução definitiva. Pois, a microsegmentação implica na aquisição de hardware e software adicionais (bridges/routers) e num esforço no sentido de planejar e executar tais alterações da rede física, o que demandará um certo tempo, fazendo com que as alterações não possam ocorrer de forma dinâmica sendo, portanto, uma solução típica de ser aplicada aonde exista um ambiente estável de rede.

A dinâmica com que tais grupos são criados, alterados e eliminados é também uma realidade atual, de tal forma que é muito difícil e também oneroso, acompanhar as necessidades da empresa, quando se utilizam soluções que dependam de hardware/software adicionais, para segmentar as LANs e separar o tráfego de informações dos workgroups de forma a buscar a estabilidade na rede.

Uma das alternativas para solucionar de forma definitiva os gargalos de comunicação, está baseada na tendência da nova tecnologia de comutação de pacotes e células "Cell-Switches" / "Frame Switches". Esta tecnologia é uma junção de hardware e software que implementa uma matriz de alta velocidade para comutar células de tamanho fixo entre equipamentos.

O uso de equipamentos baseados nas tecnologias de "Frame-Switch" / "Cell Switch" permite que as portas possam trocar informações entre si, podendo, ainda, isolar acesso entre grupos de estações, criando diversos segmentos distintos. Além disso, permite fazer várias conexões dedicadas de alta velocidade, sendo esta a principal diferença para as tecnologias de redes locais atuais.

Além de isolar tráfego, configurando a rede de forma dinâmica (através de software de gerenciamento), existe, também, o aspecto de segurança a ser considerado, já que portas pertencentes a grupos de trabalhos distintos não podem se comunicar diretamente entre elas, somente quando necessário e através de comando do software implementado pelo Comutador.

Concluindo, hoje é possível se criar Redes Locais Virtuais de forma dinâmica, para trabalhos de workgroup computing, isolando tráfegos a partir de segmentos independentes de alta velocidade, conseguindo uma melhor performance da rede, sem alteração da rede física.

3 UTILIZAÇÃO

Aplicações de workgroup computing são quaisquer aplicações projetadas para automatizar o dia a dia de trabalho entre pessoas de uma organização e, em alguns casos, até entre pessoas de organizações diferentes.

Existem muitas vantagens no uso deste tipo de aplicação, tais como: maior produtividade, redução de custos, maior agilidade na tomada de decisões, maior controle dos processos, compartilhamento de informações técnicas, disseminação rápida de novos conhecimentos adquiridos, etc.

As aplicações de Workgroup Computing partem agora na busca de soluções que suportem todos os usuários de grupos de trabalho, de tal forma que possa ser transparente sua localização física na rede da Organização e da plataforma utilizada na sua estação de trabalho.

As redes são a infra-estrutura necessária na qual é possível se implementar este tipo de aplicações, possibilitando aos seus usuários, quando necessário, acessar informações onde estiverem armazenadas e, também, permitir a troca de informações entre os participantes de um grupo de trabalho estabelecido.

Desta forma, ao possibilitar a interligação das redes existentes em uma Organização e procurando aumentar a "bandwith" (banda de passagem) existente nessas redes, tornaremos esse tipo de aplicações cada vez mais acessível a um número maior de usuários e garantindo, também, maior rapidez na troca dessas informações.

O conceito de redes virtuais deve ser utilizado em empresas de médio e grande porte que tenham a necessidade de constituir vários segmentos de redes (virtuais) para trabalhos de workgroup computing, com o objetivo de confinar tráfego nos segmentos pertinentes, permitindo, desta forma, o trabalho em grupo com uma melhor performance da rede e, ainda, sendo possível unir usuários até de diferentes segmentos físicos em uma rede virtual.

Existe previsão de que a base instalada de redes Ethernet deverá manter seu crescimento por mais algum tempo. Logo, qualquer tentativa no sentido de integrar as várias redes locais existentes em uma organização, em uma rede integrada "Campus", deverá prever um plano de integração da base de redes locais instalada.

O uso de hub's permite, também, que segmentos sejam estendidos de forma virtual, permitindo que usuários de diferentes segmentos físicos sejam tratados como se estivessem num segmento próprio, porém, deverá ser considerado que a "bandwith" (banda de passagem) da rede continua constante, e é alocada de forma fixa.

Nas tecnologias de redes atuais (de compartilhamento de acesso ao meio físico) o acesso ao meio físico ocorre de forma serial (um a um), de tal forma que, quando um usuário ganha a permissão de acesso ao meio, é dada a disponibilidade total do meio. Desta forma, quanto maior o número de usuários, menor será a vazão média de informações no meio.

Uma nova opção para interligar as redes locais existentes em uma organização, com o objetivo de integrar usuários e aplicações (inclusive de Workgroup Computing), são soluções tecnológicas do tipo "Frame Switch" / "Cell Switch", como, por exemplo, soluções baseadas em ATM, Frame Relay e SMDS que fornecem maior flexibilidade pois disponibilizam várias conexões dedicadas simultâneas, propiciando um melhor aproveitamento do meio físico. Atualmente já é possível encontrar equipamentos disponíveis no mercado com estas tecnologias, resolvendo, de forma definitiva, os problemas de contenção de informações na rede.

Hoje já existem, também, equipamentos baseados em tecnologia de comutação de células como, por exemplo, ATM, que permitem que usuários tradicionais de rede se comuniquem com esta nova tecnologia.

Esta comunicação é possível, hoje, através de equipamentos de acesso a estas novas redes baseadas nesta tecnologia, sem a necessidade adicional de hardware e software em suas estações de trabalho. Estes equipamentos de integração é que serão os responsáveis por converter tráfego de pacotes das redes locais atuais para células ATM.

Com a garantia da preservação da base instalada de redes locais, podemos implementar esta nova tecnologia de forma gradativa, fazendo com que aplicações possam ser executadas independente da localização física do usuário na rede.

Uma rede virtual nada mais é do que o agrupamento de portas de um comutador, ou de um conjunto destes. Desta forma, a rede virtual é a segmentação da Lan, cujos tráfegos podem ser isolados, fazendo com que agrupamentos de portas possam constituir segmentos específicos para workgroups.

Múltiplos segmentos e workgroups, hoje, já podem ser definidos através de software (do próprio comutador) , o que permite uma dinâmica na realocação dos workgroups.

O advento deste tipo de tecnologia ao nível de Campus (metropolitano), leva a uma nova discussão do emprego deste conceito de redes virtuais também para o nível de Wan. A tendência é que as redes virtuais para workgroups se estendam para fora do domínio do Campus.

Desta forma, o conceito de redes locais que hoje conhecemos passa a dar lugar a um conceito de rede virtual voltada ao workgroup computing, podendo ser geradas e mantidas, dinamicamente, de acordo com as necessidades da organização, dando maior estabilidade ao tráfego de informações (cada vez mais intenso) e possibilitando, ainda, integrar os usuários de diferentes segmentos físicos de rede em uma "Rede campus'' e, ainda, num futuro próximo, integrar usuários de workgroups de "Campus" distintos através de um serviço de uma "Rede Pública".

4 BENEFÍCIOS

A interligação das diversas redes existentes em uma organização, formando uma rede integrada, traz como primeiro benefício a conexão entre todos os usuários que é a infra-estrutura necessária para o trabalho em grupo.

A partir de equipamentos hoje existentes no mercado, com tecnologia de comutação de células (Cell-Switch), que permitem a interligação das diversas redes existentes e proporcionam, em função dessa nova tecnologia, a obtenção de uma maior rapidez e melhor utilização do meio físico, viabilizando novas aplicações distribuídas, e o emprego da multimídia e, ainda, facilitando aplicações de workgroup computing que prevê, também, o envio de voz/dados e imagens entre os participantes de um grupo de trabalho.

Além da maior rapidez e flexibilidade na utilização do meio físico proporcionado por esta nova tecnologia, alocando "banda de passagem" de acordo com o desempenho das estações de trabalho, podemos criar matrizes bastante velozes para comutação de células entre grupos de usuários afins, criando segmentos virtuais independentes de alta velocidades entre eles, evitando a interferência na transmissão de informações entre os diversos grupos de trabalho, e, com isso, possíveis gargalos na rede.

Outro ponto a ser considerado é o aspecto de segurança, já que por serem segmentos independentes não há possibilidade de comunicação direta entre eles, tendo que, obrigatoriamente, passar pela liberação por parte do software de gerenciamento.

O principal benefício proporcionado por este serviço é o fato de uma organização ter a flexibilidade, rapidez e segurança em criar e manter diversos grupos de trabalho de interesse da organização, sem implicar em alteração da sua rede física de comunicação.

Ao utilizar estes avanços tecnológicos para interligação e criação de redes locais baseadas em redes virtuais dedicadas, permite-se que, cada vez mais, utilizem-se aplicações de workgroup computing, tornando a informação disponível no momento necessário para toda Organização, o que é um diferencial competitivo nos tempos atuais.

5 REQUISITOS DE QUALIDADE

Os requisitos necessários para se prestar esse tipo de serviço com qualidade estão diretamente ligados à capacidade dos comutadores em estabelecer a conexão de vários segmentos dedicados de alta velocidade, de forma simultânea. Quanto maior o número de conexões dedicadas de uso simultâneo e quanto maior a velocidade do meio para essas conexões, maior será a capacidade e a qualidade dessa rede em criar redes virtuais de forma dinâmica que possibilitem a disponibilização, cada vez mais intensa, de aplicações de workgroup computing na organização.

Outro aspecto de qualidade a ser considerado é a existência de equipamentos integradores; de acesso a essa tecnologia de comutação de células, equipamentos esses que serão os responsáveis por converter pacotes das redes locais atuais em células, possibilitando a interligação das redes locais existentes com essa nova tecnologia.

Um outro fator de qualidade a ser considerado é o aspecto de segurança das informações trafegadas que esse tipo de serviço oferece, já que os diversos segmentos virtuais não podem comunicar-se diretamente entre si, sendo possível, apenas, através da permissão concedida pelo gerenciador do comutador.

6 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO

Serviço típico de empresas de médio e grande porte que tenham como característica a necessidade de constituir e manter vários grupos de trabalho de forma dinâmica, garantindo flexibilidade, rapidez e segurança. Hoje, organizações mais propensas a utilizar estes serviços de rede seriam campus universitários, indústrias e hospitais.

7 REDES SUPORTES (TECNOLOGIA)

Para atingir os benefícios citados, garantindo flexibilidade, rapidez e segurança, há necessidade de utilização de uma infra-estrutura tecnológica de comunicação baseada em "Cell-Switch / Frame-Switch", como, por exemplo, soluções baseadas em: ATM, DQDB, SMDS, FRAME RELAY, etc.

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