Será que o mainframe morreu?

Autor: Jefferson Henrique Marçal

No dia-a-dia temos esta pergunta sempre à mente. Porque analisamos esta possibilidade ? Vemos a chegada de micros mais robustos, com sistemas operacionais confiáveis e também enxergando a realidade do que é a tecnologia cliente-servidor. Devido à necessidade de descentralização das informações contidas nos grandes computadores, iniciou-se na década de 90 uma campanha de marketing patrocinada pelos grandes fabricantes de PC´s e Workstations, exaltando as vantagens dessa nova geração de computadores em relação aos dinossauros Mainframes.

As grandes companhias que gastavam milhões de dólares na manutenção destes equipamentos, viram que poderiam conseguir redução de custos e democratização de suas informações com grande produtividade.. O que fascinava era a possibilidade de abandonar aquele terminal "burro" e assumir a maravilhosa interface gráfica, gastando menos e produzindo mais. Segundo dados de publicações especializadas, a data para que o último mainframe fosse desligado seria março de 1996. Apesar de toda esta campanha as vendas mundiais de mainframes não chegaram a despencar.

O que aconteceu é que os grandes fabricantes (IBM,Hitachi,Bull,Unisys e Fujitsu) resolveram investir em novas tecnologias a fim de deixar suas máquinas mais baratas e compactas. Hoje utilizam a tecnologia CMOS (Complementary Metal-Oxide Semiconductor) que gera uma economia de 90% no gasto de energia (utiliza ar e não água para sua refrigeração), o que ocasionou uma redução de até 35% no preços. Hoje os mainframes da IBM têm seus preços à partir de R$ 300.000 tendo 80% menos componentes e ocupando 90% menos espaço do que seus antecessores. Além disso, essa nova geração se tornou um pouco mais corporativa, ou seja, se integrou mais ao ambiente em rede. Pensando no potencial desta integração, os grandes fabricantes verificaram que o grande filão seria integrar seus clientes pela WEB (servidores Internet) , pois o ponto forte dos mainframes é a segurança de seus dados. As novas tecnologias como NC (Network Computer) e a linguagem Java já possuem implementações para estes ambientes. A IBM pretende, ainda este ano, implementar o suporte à linguagem Java na linha OS/390.

Segundo dados do Gartner Group (1991) em consulta feitas a empresas americanas, 80% responderam que até 1996 substituiriam seus ambientes mainframes. Em meados do ano passado foram feitas as mesmas consultas e apenas 5% haviam cumprido esta previsão. O que se nota é que na época se tornou modismo abandonar este ambiente em detrimento de uma tecnologia de baixo custo e fácil assimilação. O que se revelou, foram custos não previstos com depreciação com hardware/software, além de uma necessidade maior de um suporte técnico. Os modernos mainframes param somente alguns minutos a cada ano para manutenção planejada ou devido à quebra, não precisando desligá-los nem para atualização de software, além de requerer uma estrutura pequena para sua operação.

O que estamos tentando mostrar não é uma apologia ao mainframe e sim que existe a possibilidade de integração das tecnologias cliente-servidor e mainframe. A tendência é que estas máquinas com grande capacidade de processamento e armazenamento de dados sirvam como grandes repositórios de dados, estabelecendo uma distribuição democrática da informação pelos ambientes em rede das corporações, e também, para um universo ainda maior como é a Internet. Outra tendência seria quanto a banco de dados e às linguagens de programação, pois o caminho será a integração dos diversos ambientes havendo, em um futuro próximo, portabilidade de aplicações entre ambientes em rede e mainframe, sem o desgaste de conversões e adaptações.

Baseado no artigo:

  • MILITELLO, Katia. O mainframe morreu : viva o mainframe. Informática Exame, v.12, n. 133, p. 34-37, abr. 1997.