Pode parecer delírio, loucura, imaginação, mas não é nada disso. Essa fábrica atende pelo nome de Acordo Select, e vai baratear e racionalizar o uso de produtos Microsoft em toda a estrutura do Governo do Paraná.

Para entender melhor o que é isso, vai-se a uma explicação do que seja o Acordo Select.

Como se sabe, o software é um bem intangível. Ao se comprar um software não são os disquetes, ou os manuais que se está comprando. Ao contrário, o que se recebe — mediante pagamento — é o direito de usar um ou vários produtos de terceiros.

Ciente desse fato, a Microsoft, elaborou um plano de comercialização de software para uso em grandes clientes, que prevê o estabelecimento de um acordo, baseado em confiança mútua, na qual a empresa americana cede todos os originais de todos os seus produtos transferindo ao comprador as tarefas de duplicar os softwares e gerar os produtos. Este plano está traduzido no contrato de fornecimento de produtos e prestação de serviços, firmado entre o Governo do Paraná, através da Secretaria do Planejamento e a empresa Sofhar e com interveniência de CELEPAR, BANESTADO, COPEL e SANEPAR. O pagamento devido é resultado de uma planilha onde são lançadas todas as gerações de produtos feitas no âmbito do acordo. Obviamente este esquema só se aplica a grandes contratos, mas as vantagens para os dois lados são inegáveis. Para o fabricante é uma boa idéia, já que de pronto se estabelece uma relação de confiança mútua e também porque grande parte do trabalho é repassado ao comprador. E, para o comprador é também uma idéia interessante, já que:

• os produtos assim produzidos são mais baratos ;
• o comprador passa a ter acesso quase imediato às últimas versões de produtos Microsoft;
• o comprador se transforma em cliente select, status que tem sua importância perante a Microsoft em alcance mundial.

O Governo do Paraná sabe que se ficar comprando de maneira varejista, há um desgaste imenso nesse tipo de aquisição (editais de licitação, processos que demoram no mínimo 80 dias e todas essas coisas que conhecemos tão bem). Mas há, e isso é o mais importante, um custo grande. Primeiro, licitações não custam barato. E nem podem, já que a lei que rege o assunto obriga ao exercício da transparência administrativa. O objetivo é louvável e indeclinável em sociedades minimamente organizadas, mas que isso custa, custa. Segundo, ao comprar em partes, deixamos de obter o chamado "desconto por quantidade", que no caso de software sempre pode ser significativo. Terceiro, que quando um órgão do Governo compra 20 ou 30 cópias de um produto, em geral não são necessários 20 ou 30 conjuntos de disco e manual iguais. Bastarão alguns exemplares.

Sabendo disso tudo, se o Governo do Paraná juntar todas as suas compras (aqui incluindo todos os órgãos e entidades da administração pública e estadual, mais BANESTADO, COPEL e SANEPAR), e é isso que foi feito no Acordo Select, os custos serão mais baixos.

Para que se tenha idéia do que se está falando, na mesma tarde em que este artigo era escrito, fez-se uma pesquisa em 3 lojas varejistas de produtos de informática aqui de Curitiba.

Os preços levantados foram:

Ressalte-se que no mundo há cerca de 130 acordos select em vigor. No Brasil, o nosso é o primeiro firmado por um Governo Estadual. A cada 45 dias, a Microsoft enviará para nós os CDs de atualização da biblioteca. A primeira remessa é de 125 CDs (cada um com 600 MBytes de software e documentação). A cada trimestre, o Governo do Estado, através da CELEPAR e os demais participantes (Banestado, Copel e Sanepar) informarão as cópias efetuadas e remeterão o pagamento. O contrato é de 8000 pontos, e cada produto vendido conta um certo número de pontos. Por exemplo, um MS office (windows + word + excel) vale 2 pontos.

A fábrica de software, instalada aqui, estará em pleno funcionamento a partir dos próximos dias, e depois disso, a distribuição passará a ser feita pela CELEPAR - Companhia de Informática do Paraná. Essa determinação já vale para os projetos de implantação dos Planos Setoriais de Informática (PSI) ora em andamento.