Um final (mais um) de ano

Aproxima-se o final de mais um ano e, como é costume, vale a pena parar e pensar um pouco sobre esta nossa caminhada. A leitura sugerida pode ser individual, pode ser grupal (a nossa CELEPAR), pode ser coletiva (o Governo do Paraná), pode ser referente a toda a nossa sociedade e, finalmente, pode envolver toda a humanidade à qual pertencemos.

Gostaria de centrar estas divagações sobre a nossa sociedade e o papel que a informática está assumindo nela. Mais ainda, gostaria de listar algumas coisas que a curta distância de tempo que se passou já nos permite avaliar:

Uma constatação inexorável

Se alguma dúvida havia, esta se dissipou. A informática já faz parte integrante das nossas vidas. Basta olhar para os lados. Desde estacionamentos pequenos, passando por banquinhas de jornal, sem falar em empresas e lares; aí estão os computadores dizendo presente. Lá em casa tem um forno de microondas que tem um processador embutido. Há também algum desperdício e talvez um excesso de modismo, pois afinal nem sempre tal capacidade de processamento embarcada é necessária. Ainda para usar o exemplo do microondas, embora tenha um teclado enorme, até hoje eu só usei uma única tecla (a que diz +1 minuto).

Mas, não importa, os computadores estão aí. Revolucionam os negócios, a diversão, as relações humanas, a escola, a quitanda de frutas, o jornal e a TV. Ufa! fica difícil dizer aonde não tem computador no meio.

Uma canoa furada

A canoa furada do ano refere-se ao surgimento das empresas ponto com. Houve um momento, no começo do ano, em que pareceu que estas empresas haviam descoberto a pedra filosofal. Qualquer maluco tinha uma idéia meio estapafúrdia, criava um sitio, botava-o no ar, e 2 meses depois vendia o negócio por 3, 4 milhões de dólares para uma empresa maior. Não podia dar outra: tais empresas não conseguiram se firmar e boa parte delas desapareceu. Ficou a lição: os negócios podem ser virtuais, mas os clientes são de carne e osso, e como já dizia minha falecida avó, dinheiro não dá em árvore.

Uma promessa que se concretizou

Paradoxalmente, considerando o que se disse acima sobre a "canoa furada" a promessa fica por conta do início de um uso racional e cauteloso da informática e da Internet nas relações entre empresas, cidadãos e governos. Nessa questão, o nosso País tem cacife para falar alto: listo alguns casos, assim, de bate pronto:

  • As eleições com urnas eletrônicas

As urnas são bem boas. Só lhes falta um pequeno melhoramento que é a possibilidade de imprimir os votos para que a eleição sofra uma auditoria e uma validação. Não precisam ser todas as urnas, apenas algumas delas, como já dizia um amigo meu que era estatístico, você não precisa tomar toda a sopa para ver se tem sal. Uma colherinha basta. O detalhe é simples e fácil de implementar.

  • Relacionamento com o fisco

No último IR, cerca de 92% das pessoas físicas entregaram sua declaração via Internet. É seguramente o mais alto índice no mundo, tanto é que este caso acabou sendo explorado no último livro de Bill Gates, no que ele chama de Digital Nervous System. Outro exemplo, este paranaense, nos diz que em março de 2000, menos de 1% dos contribuintes paranaenses entregou as GIAS do ICMS pela Internet. Em março de 2001, mais de 60% dos contribuintes usaram a Internet.

  • Compras pequenas

Nos bons tempos em que 1US$ = 1R$ ou quase isso, era uma delícia comprar livros e discos pela Internet. Nestes tempos mais bicudos, já não dá para ir às compras com a volúpia antiga, mas ainda assim é muito mais cômodo comprar um livro no exterior hoje do que era há 10 anos. A Maria José, nossa bibliotecária, certamente confirmará esta assertiva.

  • Compras grandes

Um grande fabricante de veículos no Brasil, já tem a grande maioria das vendas do seu modelo popular efetivadas através da Internet. É certo que muitos compradores ainda vão até as revendas e lá escolhem o carro (pela Internet), sendo muito poucos os que o fazem desde casa. Não importa, o que interessa é que a fábrica só fabrica o que já está vendido. Alguém faz idéia da economia que isso traz para o fabricante?

Talvez o detalhe mais interessante é que ainda há muito espaço para desenvolvimentos nessa área, ainda estamos apenas engatinhando.

Uma necessidade cada vez mais premente

 

A legislação precisa chegar e chegar logo, para dar cobertura aos movimentos sociais aqui listados. Desde o trabalho remoto, passando pelos contratos digitais, e pela certificação, envolvendo questões de privacidade, direito autoral, crimes por computador, etc. Já estamos atrasados (ainda bem que o resto do mundo está atrasado junto), mas precisamos andar rápido.

 

E...

 

passado mais um ano, aqui estamos neste encontro de final de jornada. Até o sol e o calor estão comparecendo mais. É hora de dar uma pausa, recarregar as pilhas e preparar-se, que, afinal, 2002 vem aí a todo vapor.

Um grande final de ano e um ano entrante ainda maior de alegria e paz.

 São os votos do

Comitê Editoral do BB