Ventríloquo

Autor: Marcelo da Costa Freitas - TELEPAR


Este fato ocorreu em meados de 1988 e 1989, quando os microcomputadores da linha IBM/PC ainda eram novidade no IPEM/Instituto de Pesos e Medidas do Paraná, e poucas pessoas tinham acesso a ele.

O CPD era dividido em duas salas. Numa delas, desenvolviam-se projetos, guardavam-se listagens, relatórios e documentos. Além de ser a sala do Gerente, era também onde ficava um rádio-relógio (que ficava ligado o dia inteiro com música ambiente) e um telefone. Na outra sala ficava uma caixa de som (discreta) proveniente do rádio-relógio e uma extensão do respectivo telefone, além dos equipamentos ("moderníssimos" COBRA-480 e periféricos, e um micro IBM/PC).

Um dia, perto da hora do almoço, ouvimos um sonoro e contínuo "beep". Percebemos que vinha do canto onde estava o micro. Quando nos aproximamos para ver o que acontecia, apareceu o nosso Gerente de CPD, que logo tomou as rédeas da situação, começando com um "reset". Nada aconteceu, o barulho continuava. O Gerente nos olhou e, sem pensar duas vezes, desligou o micro. Qual não foi a surpresa quando o sinal continuou. Sem perder a calma, o Gerente se agachou e puxou o cabo da tomada, convicto de que o mistério pelo menos não faria mais barulho. Não preciso nem dizer que o "beep" continuava, absoluto.

Trocaram olhares. O Gerente para o micro, o micro para o Gerente. Resmungando algumas palavras que não pude (e não prefiro) entender, abriu a gaveta e pegou uma chave de fenda. Arregaçou as mangas e desconectou o monitor. Quando se preparava para tirar o primeiro parafuso, parou; ficou imóvel por alguns instantes, franziu a testa, foi para a outra sala e desligou o alarme do rádio-relógio.

E coragem para voltar e montar o micro novamente!

Este texto é do nosso leitor Marcelo da Costa Treitas, na época, funcionário do IPEM e hoje na TELEPAR.

O comitê do Bate Byte aproveita para agradecer a colaboração e reafirmar que esta coluna é de todos nós.