Videoconferência na LAN

Autor: Maurício Luzi Viani

A videoconferência, aos poucos, está migrando de salas dedicadas e equipamentos caros, para LANs e WANs. Incentivados pela melhoria dos sistemas de comunicação e pela diminuição nos preços dos equipamentos, os fornecedores decidiram apostar neste novo segmento de mercado. Paralelamente, as empresas consumidoras acham muito mais vantajoso utilizar os recursos de LANs e WANs já instalados, do que investir em soluções sofisticadas e caras.

Hoje em dia, deixou de ser uma idéia futurista, imaginar uma conversa à distância, onde as pessoas se vêem mutuamente. Existem dezenas de produtos para videoconferência em redes, e os preços são os mais variados possíveis. As soluções mais baratas possuem uma qualidade de som e vídeo inferiores e, para se ter qualidade, na apresentação, ainda é necessário desembolsar um bom dinheiro.

O uso da videoconferência pode aumentar a produtividade das empresas e diminuir o custo de algumas atividades. A principal utilização se dá nas reuniões entre pessoas que estão distantes entre si, seja na sala ao lado, no mesmo prédio, ou até mesmo entre cidades, sendo, também, muito útil em cursos e palestras. Pode não parecer muito óbvia a distinção entre videoconferência e videofone. A classe de aplicativos para videofone permite a comunicação, entre usuários, através de áudio e imagem, enquanto que videoconferência é um conceito mais amplo, que agrega ao videofone o compartilhamento de dados.

A seguir, analisamos um dos produtos para videoconferência em redes: o IVS 200, da Intel.

INTEL PROSHARE

IVS 200 Intel Video System é um pacote para videoconferência da linha de produtos Proshare da Intel, composto de uma placa para captura de vídeo, uma placa codec que processa sinais de áudio/vídeo (ambas padrão ISA), uma câmera colorida, um fone de ouvido com microfone e do software Proshare. O pacote é de fácil instalação, exigindo do usuário, apenas, algum conhecimento sobre manipulação de IRQs. Utilizamos um PC 166 MHz com 32 MB de RAM e Windows95. O hardware Plug and Play é automaticamente reconhecido pelo Windows95 e apropria-se das IRQs 5 e 9 e dos endereços de I/O 0210-021F e 0204-0207, respectivamente . Neste ponto da instalação, problemas de conflito surgirão se outros dispositivos do computador já estiverem fazendo uso destas IRQs, sendo que o usuário deverá, então, interferir manualmente. O software vem em CD-ROM e depois de instalado cria um novo grupo de programas. Antes de rodar o programa e sair conversando com seu interlocutor, o arquivo de configurações psuser.ini deve ser alterado manualmente, colocando-se o parâmetro strict em 0 (zero).

ESTABELECENDO UMA CONEXÃO

Para estabelecer uma conexão é necessário configurar a pilha de protocolos de rede do computador. O Proshare faz uso dos protocolos TCP/IP ou IPX/SPX para comunicar-se com as outras estações da conferência. As pilhas de protocolos suportadas são as seguintes:

  • Novell Netware 3.12, V4.1 IPX
  • Microsoft Windows95 IPX/SPX
  • Novell Lan Workplace for DOS (versões 4.2 e 5.0)
  • Microsoft Windows95 32 bit native TCP/IP
  • FTP Software OnNet 2.0 (PCTCP versão 4.0)

A utilização dos protocolos nativos do Windows95 é a solução mais comumente empregada. Se a estação do usuário estiver configurada corretamente, nenhum problema inesperado deverá ocorrer. Um teste da configuração dos protocolos pode ser feito através do programa "Diagnostics e Utilities", presente no menu de programas.

Também é possível realizar conferências através de RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados), porém a implantação de RDSI no Brasil está na fase inicial e esta tecnologia ainda não pertence à nossa realidade cotidiana.

As conferências podem ter até cinco participantes. Os recursos de áudio e vídeo estão disponíveis apenas para ligações ponto-a-ponto. Nas conferências com mais de dois participantes é possível apenas o compartilhamento de dados.

Ao ser iniciado, o Proshare abre duas janelas. Uma delas contém os vídeos local e remoto. A outra janela exibe uma mesa de reuniões onde cada usuário participante ocupa um lugar. Para chamar outro computador o usuário faz uso de uma lista (Dial list) onde estão cadastrados, previamente, todos os computadores com os quais o usuário pode estabelecer uma conexão. As duas últimas chamadas ficam armazenadas em uma memória, não sendo necessário pesquisar na Dial List para repeti-las novamente.

Ao final da conferência o Proshare pergunta ao usuário se ele deseja arquivar os dados dos participantes em um livro de endereços Address Book. Desta forma, vão sendo colecionados os dados (business cards) de todas as pessoas com as quais o usuário já fez conexões. Também é possível estabelecer uma conexão através de uma entrada do Address Book.

O QUE É POSSÍVEL FAZER COM O PROSHARE

O Proshare é um software de videoconferência completo. A utilização é bastante intuitiva, praticamente dispensando a leitura de manuais. Os usuários da conferência encontram à sua disposição os seguintes utilitários:

  • transferência de arquivos;
  • compartilhamento de aplicativos;
  • bloco de notas;
  • compartilhamento de arquivos de imagens;
  • secretária eletrônica;
  • gravação de áudio e vídeo.

Transferência de arquivo:

Na tela de transferência de arquivo constam botões com os nomes dos usuários participantes. Para enviar um arquivo basta clicar no botão desejado e escolher o arquivo a ser encaminhado. Do outro lado, o usuário destino, recebe um prompt solicitando a confirmação da transferência.

Compartilhamento de aplicativos:

Aqui está uma grande facilidade provida pelo software. Enquanto trocam idéias através do áudio/vídeo, os participantes trabalham colaborativamente, por exemplo, em um editor de texto, produzindo um documento. Nesta modalidade, um dos computadores é o host onde roda o software que está sendo compartilhado. As demais estações não precisam ter o software instalado. O inconveniente é que somente é possível gravar o arquivo no computador host.

Bloco de notas:

Neste módulo estão disponíveis para os usuários, uma ou mais páginas em branco onde podem ser realizadas diversas tarefas. Existe uma barra de ferramentas semelhante à do Paint, do Windows95. Com ela o usuário pode redigir, traçar figuras na página, marcar, colorir e mudar objetos de posição. Também podem ser importados arquivos de qualquer natureza, como planilhas, textos e imagens. Outras características importantes do bloco de notas são o suporte a objetos OLE e a possibilidade de sincronizar todos os usuário numa mesma página.

Compartilhamento de arquivos de imagens:

Esta modalidade de transferência de arquivos permite ao usuário carregar suas imagens e escolher aquelas que deseja compartilhar com os demais participantes. Estes, por sua vez, podem gravar as imagens recebidas em seu disco local. São suportadas imagens nos formatos: bmp, gif, jpg, pcx, tga e tif.

Secretária eletrônica:

Funciona como uma secretária eletrônica tradicional. O usuário deixa gravada uma mensagem a ser reproduzida sempre que estiver ausente e a secretária encarrega-se de atender as chamadas e arquivar as mensagens recebidas. O software pode ficar rodando em modo escuta enquanto o usuário trabalha em outras aplicações.

Gravação de áudio e vídeo:

O Proshare ainda disponibiliza o recurso de gravação das janelas de vídeo (remota e local) e o áudio da conferência. O arquivo pode ser reproduzido posteriormente, mas o formato é proprietário ( .rps). Não há suporte a vídeos padrão AVI.

Um aspecto negativo observado é que o Intel Proshare não possui um módulo para chat, tal como encontrado em outros produtos para videoconferência, como o CU-SeeMe, da White Pine. O chat é uma ferramenta alternativa de conversação, pelo teclado, valiosa nas conferências sem áudio, isto é, aquelas com mais de dois participantes.

Aspectos técnicos

O Intel Proshare é compatível com os padrões internacionais H.320 e H.323 do ITU (International Telecommunication Union). O primeiro define a interação de vídeo e áudio para RDSI, linhas T1-fracionadas e Switched-56. A extensão H.323 define protocolos para sistemas baseados em redes como Ethernet e Token-Ring. Outro protocolo suportado é o T.120, que padroniza o compartilhamento de documentos. O H.320 inclui ainda os componentes H.261, para compressão de vídeo, e três codecs de áudio: G.711, G.722 e G.768. [GOYA-97]

Os quadros de imagens produzidos podem ter 160x120 ou 320x240 pixels. Vídeo full screen é possível com adaptadores gráficos que suportem interface DCI (Display Control Interface) e Direct APIs do Windows95. Dois modos de apresentação estão disponíveis: smother, que mantém uma taxa de quadros adequada, mas sacrifica a imagem, e sharper, que melhora a imagem mas diminui a taxa de quadros.

A placa de captura de vídeo possui entradas para vídeo composto e S-Video, o que permite incorporar, na conferência, fontes externas de vídeo, como um videocasseste. A placa de som processa os sinais de áudio e conecta o computador a uma rede RDSI.

Um aspecto delicado da videoconferência é a largura de banda consumida pela geração de vídeo e áudio. No modo de vídeo Regular quality o consumo fica por volta de 200 Kbps e no modo High quality em 450 Kbps. Como temos uma conferência full-duplex, as taxas podem chegar a 1Mbps, o que representa 10% de um barramento Ethernet 10Mbps. Para controlar a largura de banda e fazer um acompanhamento geral dos recursos utilizados pelas conferências é necessário instalar o software LAN Desk Conference Manager, em um PC dedicado na rede. O áudio usa somente 16Kbps de largura de banda na LAN. [MIL-97]

PARA SABER MAIS

Outras informações sobre videoconferência podem ser obtidas nas páginas abaixo:

http://www.intel.com/proshare/conferencing/index.htmll

http://www.picturetel.com/livelanp.htm

http://www.cuseeme.com

http://www.videoconference.com

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • [MIL-97] MILLER, Brian L. Videoconferência migra para a rede. LAN Times. Brasil, São Paulo, v. 2, n.10, p. 24-26, jan. 1997.
  • [GOYA-97] GOYA, Denise H. et al. Videoconferência: fale e escute, veja e seja visto. PC Magazine Brasil, São Paulo, v. 7, n.2, p. 62-78, fev. 1997.