Web-Based Enterprise Management - WEBEM

Autor: José Luís Vieira Carvilhe - GSO

INTRODUÇÃO

Neste artigo será apresentada a iniciativa Web-Based Enterprise Management (WEBEM) [1][2][3], para a construção de "frameworks" de gerência corporativa via WEB.

Conforme detalhado em [1][2][3], em meados do ano de 1996 um grupo de grandes fornecedores interessados em gerência via WEB, entre eles a BMC, CISCO, Compaq, Intel e Microsoft, anunciou a iniciativa de definição de um esquema de gerenciamento corporativo que trabalharia com a WEB e os "frameworks" convencionais de gerência de redes e sistemas. Este "framework" é conhecido como WEB-Based Enterprise Management WEBEM.

Conforme descrito em [3] um dos principais objetivos da iniciativa WEBEM é a definição de um modelo de dados padrão que possa ser utilizado como repositório de dados de gerência. Permitindo que os "frameworks" de gerência de redes e sistemas convencionais possam transformar os seus dados para este formato padrão. O esquema de dados WEBEM permite também que os objetos de sistemas legados ou proprietários sejam importados para o banco de dados de objetos de gerência WEBEM, criando uma extensão destes esquemas. Este modelo de dados é definido como Common Information Model (CIM). Com este modelo a arquitetura WEBEM torna-se um ponto de integração dos diversos tipos de "frameworks" existentes. Conforme apresentado na figura 1, todos os objetos de dados WEBEM presentes no repositório podem ser acessados através de aplicações de gerência WEBEM. Estas aplicações podem ser executadas na Internet usando como cliente um "browser" padrão.


Figura 1 - Modelo de fluxo de dados WEBEM

O Segundo maior esforço da iniciativa WEBEM é a definição de um protocolo que irá permitir que os objetos gerenciados WEBEM sejam acessados via rede. O ideal é que este protocolo seja independente de plataforma e trabalhe sobre a Internet. O protocolo proposto é o HyperMedia Management Protocol (HMMP), contudo conforme descrito em [3] existe um estudo que aponta para a utilização da linguagem XML sobre HTTP.

O "framework" WEBEM é completamente orientado a objetos e permite a herança de objetos gerenciados, abstração de dados, polimorfismo e encapsulamento. O gerente de objetos é chamado CIM Object Manager (CIMOM). Esta entidade de "software" é responsável pelo controle dos objetos gerenciados, incluindo o armazenamento e o acesso aos objetos no repositório central de dados.

Arquitetura WEBEM

Conforme detalhado em [1][3] o "framework" WEBEM é constituído do Cliente WEBEM, pelo conjunto de dispositivos gerenciados, Servidor WEBEM e pelo repositório central de dados do Servidor. Estes componentes são representados no modelo de referência WEBEM, apresentado na figura 2, onde são apresentados os aspectos funcionais, dados, informações e adaptações necessárias para a implementação do "framework" WEBEM.

O Servidor WEBEM contém o gerenciador de objetos CIMOM, que pode aceitar todos os objetos dos "frameworks" de gerência de sistemas e redes existentes. Os dados de objetos são transformados em um formato padrão e armazenados no repositório de dados central. O servidor WEBEM contém também o servidor de aplicação WEBEM, que por sua vez pode ser acessado pelos clientes WEBEM.

O "browser" cliente utiliza um conjunto de aplicações residentes no Servidor WEBEM ou em um sistema distinto, acessando as aplicações de gerência através do protocolo HMMP. Quando executadas, as aplicações de gerência WEBEM acessam o CIMOM, este por sua vez interpreta a requisição feita pela aplicação para a informação solicitada sobre o objeto gerenciado. O CIMOM possui a sua própria linguagem para definição de objetos gerenciados. Esta linguagem é conhecida como Managed Object Format (MOF). A aplicação reconhece os objetos presentes no repositório porque ela entende que a lista de objetos do esquema foi instanciada. As informações dos objetos gerenciados são entregues ao CIMOM para serem colocadas no repositório de dados pelos diversos provedores conectados.

Os provedores correspondem a um conjunto de processos que se comunicam com os agentes de gerência de sistemas convencionais nos dispositivos gerenciados, obtendo os valores dos objetos definidos. Os provedores são responsáveis pela obtenção e apresentação dos dados de gerência dos protocolos convencionais de gerência de sistemas e redes, que estão sendo trocados com o agente do dispositivo gerenciado. Existem provedores que utilizam arquiteturas padronizadas como SNMP, CMIP e DMI, estes provedores são denominados "Standard Providers". O "framework" WEBEM define os seguintes provedores:

  • Provedores de Propriedade, retornam os valores de propriedade de objetos solicitados através de uma chave de identificação. Retorna informações em uma única instância;
  • Provedores de Instância, retornam valores de instâncias de objetos. Retorna informações da instância em uma única classe;
  • Provedores de Classe, retornam classes e instâncias. Controlam todas as classes;
  • Provedores de Namespace, são capazes de gerenciar um espaço de nome CIMOM definido. Controlam todos os espaços de nomes e instâncias de objetos.

Os dispositivos gerenciados contêm um agente composto por um conjunto lógico de objetos gerenciados. Conforme detalhado em [3] estes objetos são representados por classes, com seus atributos e métodos apropriados. Estas classes são agrupadas de acordo com os domínios de gerência específicos a que elas pertencem. Incluindo representações de objetos para gerência de redes SNMP e CMIP [1], e representação de objetos para gerência de sistemas DMI. Cada domínio de gerência é enxergado como uma representação de objetos controlada pelo CIMOM correspondente.


Figura 2 - Modelo de Referência WEBEM

Componentes da Arquitetura WEBEM

1. CIM

O modelo geral de informação CIM (Common Information Management) contém o modelo de descrição de dados para representação do ambiente gerenciado. Conforme detalhado em [1][2][3] o CIM foi projetado para receber informações de agentes SNMP, CMIP, DMI, entre outros. Permitindo que aplicações corporativas de diferentes desenvolvedores que utilizam

plataformas heterogêneas, descrevam, criem e compartilhem todos os objetos de gerência. A intenção é criar aplicações de gerência corporativa e ferramentas que possam monitorar e controlar todas as redes sistemas e aplicações existentes nas empresas.

2. CIMOM

O CIMOM, conforme descrito anteriormente, é um gerenciador de objetos que fornece vários mecanismos para que as aplicações de gerência possam trocar dados com os objetos que estão sendo gerenciados. O CIMOM contém um modelo de dados cuja tarefa é consolidar e traduzir os dados de gerência provenientes de diferentes fontes, como descrito na figura 2.

3. HMMP

O HiperMedia Management Protocol (HMMP) [2] é o protocolo de comunicação que transmite os objetos gerenciados CIM entre o servidor e o cliente. O HMMP encapsula e transmite os objetos CIM sobre protocolos de transporte como o TCP que é utilizado normalmente para comunicação Internet.

O protocolo HMMP especifica que cada operação é tratada separadamente. Como exemplo, o suporte do CIMOM para criação, remoção, atualização e requisição de classes e instâncias será modelado cada um com sua própria operação.

O protocolo HMMP é projetado para ser mapeado sobre diferentes protocolos de transportes. O protocolo pode trabalhar orientado ou não a conexão. O protocolo TCP é o protocolo de transporte recomendado, por ser o protocolo típico para gerência via WEB e para comunicação na Internet.

4. XML

Conforme detalhado em [2] um dos últimos estudos realizados pela iniciativa WEBEM é a utilização da linguagem XML Extensible Mark-up Language, como um método de representação das informações de gerência. No site WEBEM um documento escrito por Roger Boot, propõe o mapeamento entre o modelo CIM e construções XML. Isto poderá permitir qualquer objeto de gerência CIM ser representado na forma de um ou mais documentos XML. O maior benefício disto é a padronização da linguagem XML para a apresentação dos dados de gerência. Estes dados poderiam desta forma ser apresentados e manipulados por aplicações de gerência corporativa WEBEM.

CONCLUSÃO

Neste artigo foi descrita a iniciativa Web-based Enterprise Management - WEBEM [1][2][3], sua arquitetura e componentes. A iniciativa WEBEM define um esquema de gerenciamento corporativo com o objetivo de trabalhar com a WEB e os "frameworks" convencionais de gerência de redes e sistemas existentes. A iniciativa WEBEM define um modelo de dados padrão para ser utilizado como repositório de dados comuns de gerência. Permitindo que "frameworks" de gerência de redes e sistemas convencionais possam transformar os seus dados para este formato padrão.

No próximo artigo será apresentado um estudo de caso da solução de gerência corporativa Unicenter TNG. Nesse artigo esta solução é estudada sobre a ótica de implementação de funcionalidades de gerência via WEB e padrões de mercado.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] CARVILHE, J. L. V. A utilização de tecnologias web em sistemas de gerência corporativa. Curitiba: PUC-PR, 2000. (Monografia apresentada no Curso de Especialização em Sistemas Distribuídos).


[2] DISTRIBUTED management task force. Disponível na Internet. http://www.dmtf.org/wbem/index.htmlll. Dez. 1999.

[3] HARNEDY, S. Web-based management for the enterprise. New Jersey: Prentice Hall, 1999.