Wi-Fi ou HIFI

Autor: José Luiz César Cotrino

 

Participei de uma conversa sobre equipamentos Wireless e constatei a presença do termo HIFI. Seria mesmo o HIFI que conhecia dos anos 80? Onde caberia o conceito HIFI, equipamento capaz de reproduzir o áudio com a maior fidelidade possível, empregando os melhores projetos e componentes em uma comunicação Wireless?

Ouvidos destreinados, mas visão nem tanto. Dias depois li uma matéria sobre Wireless e surgiu a palavra Wi-Fi, acrônimo de Wireless Fidelity (fidelidade sem fios). A partir daí o diálogo anterior passou a ter mais sentido. Uma rede Wireless LAN (WLAN) é uma rede local sem fio padronizada pelo IEEE 802.11 e é conhecida também pelo nome de Wi-Fi e marca registrada pertencente à Wireless Compatibility Alliance (WECA). Produtos certificados podem usar o logotipo a seguir, official Wi-Fi, o qual indica que este produto tem interoperabilidade com qualquer outro produto Wi-Fi.

A padronização IEEE 802.11 agora se tornou uma família de redes Wireless LAN identificada por IEEE 802.11x, onde x pode ser alguma letra do nosso alfabeto. Por enquanto, não existe em si o padrão IEEE 802.11x, pois ele só faz alusão à família Wireless LAN.

O filho mais pródigo nesta família de redes Wireless LAN é o Wi-Fi, que vem a ser o padrão IEEE 802.11b com as seguintes características: opera em 2,4GHz, taxa de transmissão de 11Mbps, modulação DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum ou espalhamento espectral por seqüência direta) com alcance de 100 a 300 metros. A definição é específica. Mas alguns artigos acrescentam que se trata de uma tecnologia de acesso à Internet sem fios e cabos e que pode chegar a uma taxa de transmissão de 54Mbps, o que torna a definição mais abrangente e dependente de solução de conectividade à rede mundial de computadores.

Na prática, ou melhor, em aeroportos, bares, restaurantes, shoppings com redes Wi-Fi, há sim relação explícita com conectividade à Internet. Dizer que uma determinada área pública disponibiliza acesso Wi-Fi é o mesmo que falar que o cliente pode navegar na Internet a partir de um computador que usa tecnologia Wireless LAN. Aliás, este ponto de acesso é chamado de hotspot. Um hotspot é uma área (ou ponto) de acesso Wi-Fi, em particular para conexão à Internet.

Afinal, Wi-Fi sem Internet é Wi-Fi? Sem dúvida, pois nem só de Internet vive o Wi-Fi. Uma das principais aplicações de tecnologias wireless (sem fio) é a possibilidade de interconexão envolvendo vários sistemas. Quer ouvir suas músicas MP3 no aparelho de som da sala? O Wi-Fi permite que o usuário conecte o computador ao aparelho, sem usar cabos, em qualquer lugar da casa, e ouça suas músicas ou veja seus vídeos e fotos armazenados no PC em outros aparelhos espalhados pela casa. A Philips, possui em sua linha de produtos, um micro-system capaz de reproduzir músicas MP3 armazenadas em um computador via Wi-Fi e ainda controlar a distância todo o acervo de MP3 do PC, sem usar nenhum cabo. O modelo MCW770 custa R$ 1.990.

Para quem gosta de vídeos e sempre sonhou em poder assistir a filmes em DiVX no seu aparelho de TV e não no computador, a tecnologia Wi-Fi veio para realizar esse desejo. A D-Link lançou recentemente o Wireless Media Player, aparelho que permite a exibição de vídeo, áudio e imagens armazenados no PC em qualquer aparelho de TV, por meio de uma conexão sem fios. O aparelho custa cerca de R$ 1.180.

Apesar do alto custo de alguns equipamentos, a tecnologia sem fio veio para ficar. Com R$ 1.000, m ais ou menos, é possível criar uma rede sem fio doméstica interligando dois computadores, além de permitir que mais aparelhos comuniquem-se utilizando a rede wireless.

O que o futuro das tecnologias Wi-Fi nos reserva? O presente pode dar uma pista. Cerca de 48 pequenas cidades americanas já possuem redes Wi-Fi municipais, enquanto que a tecnologia WiMax promete cobrir os grandes centros urbanos com redes sem fio, com alcance em torno de 50 Km, contra algumas centenas de metros do padrão Wi-Fi. A previsão é de que 200 cidades americanas passem a contar com redes municipais sem fio, disponíveis aos cidadãos.

O novo termo aqui apresentado, o WiMax, será visto em outra oportunidade, onde pretendo compará-lo ao conhecido Wi-Fi, e também tratar da família 802.11x.

Tanto falei sobre Wi-Fi e praticamente nada sobre HIFI. Para descontrair, tirar o foco do mundo da informática, segue um texto que não explica mas dá a devida dimensão do significado HIFI.

Muita gente, pouco acostumada ao mundo HIFI, que teve ou ainda tem um toca-discos, pode estar se perguntando: -”Mas o que é esse tal de MM e MC?”.

Existem diversos tipos de cápsulas para toca-discos, embora os dois mais conhecidos e muito utilizados são as MM (“moving magnet” ou “imã móvel”) e MC (“moving coil” ou “bobina móvel”). O som nos discos de vinil é gravado em sulcos representando as ondas sonoras. Esses são lidos pela agulha, que vibra de forma idêntica (ou quase) às ondas sonoras impressas no vinil. Cabe à cápsula transformar essas vibrações mecânicas em impulsos elétricos e enviar ao pré. E é aí que entram essas siglas MM e MC.

Nas cápsulas MM existe um minúsculo imã preso no cantilever (aquele tubinho com a agulha na ponta), na extremidade oposta a agulha. Esse imã está entre 2 pequenas bobinas de fio bem fino (dentro da cápsula) e ao mover-se junto com a agulha, gera uma pequena tensão elétrica nessas bobinas: é o sinal de áudio.

Nas MC, em vez de um imã, existem duas delicadas bobinas presas ao cantilever. O imã é fixo e fica dentro da cápsula. As bobinas é que se movem junto com a agulha, e daí é extraído o sinal de áudio.

Vejam que o princípio é o mesmo, mas a construção é diferente. Numa é o imã que se move, noutra as bobinas.

A vantagem das MC é que o conjunto móvel (agulha, cantilever e bobinas) é mais leve que nas MM (agulha, cantilever e imã). Sendo assim, pode acompanhar melhor os sulcos no disco, reproduzindo-os com maior fidelidade. As desvantagens: são mais caras (pois exigem uma precisão muito maior na fabricação) e o nível de saída é mais baixo, pois as bobinas são bem menores e com menos fio (logo, geram uma tensão menor).

As cápsulas MC comuns têm um nível nominal de saída cerca de 10 vezes menor que o nível de sinal das cápsulas MM. O que vale não é a quantidade, mas a qualidade. Em linhas gerais, quanto menor a tensão de saída (tanto em MM como em MC), maior sua qualidade, pois o conjunto móvel é mais leve e mais sensível a vibrações mecânicas.

As MC tradicionais precisam de um pré-amplificador especial, mais sensível e com impedância de entrada bem mais baixa que as entradas phono convencionais. Ou pode ser usado um step-up (também chamado “pré pré”) entre o toca-discos e o pré phono comum, para elevar o nível do sinal de áudio extraído da MC.

Existem alguns modelos de MC chamados “high output” ou “high energy” que têm um nível de saída bem maior, entre 1,5 e 2,5mV (a velocidade de 5cm/s), rivalizando com as MM. Mas não tem a mesma qualidade das MC tradicionais, pois para atingir esse nível de tensão precisam de bobinas maiores e conseqüentemente mais pesadas. Mas ainda assim ganham da maioria das MM.

Algum palpite de qual das duas cápsulas pertence ao mundo HIFI (High Fidelity ou Alta Fidelidade)???

Referências

1. IEEE 802.11. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/IEEE_802.11>. Acesso em: 10 jan. 2005.

2. SILVA. E. Audio List / FAQ / HiFi (1) Vinil & cia. Disponível em: <http://planeta.terra.com.br/educacao/audiolist/faq/faq_hifi.htm>. Acesso em: 10 jan. 2005.

3. WLAN / Wi-Fi. Disponível em: <http://www.teleco.com.br/wifi.asp>. Acesso em: 10 jan. 2005.