Windows NT 3.1

Autor: Tarso Dutra Blitzkow de Queiroz


No mês de outubro, um fornecedor disponibilizou à CELEPAR uma cópia do Windows NT Versão 3.1. A cópia era uma Beta de Março de 1993 em sua versão Desktop. O produto ficou por um período de um mês e meio a fim de tomarmos contato com este novo sistema operacional de 32 bits.

O equipamento destinado à instalação no NT tinha as seguintes características: 486 SX, 25 MHz, 16 Mb de memória. Drives de 1.2 Mbytes (5'') e 1.44 Mbytes (3''), Winchester de 120 MBytes, Vídeo SVGA Colorido, placa de vídeo de 1024 KBytes, mouse e uma placa de rede compatível com a NE2000.

O Windows NT 3.1 - Beta Março 1993 era composto por 4 manuais (Evaluation Guide, System Guide, Resource Guide e Release Notes), 21 disquetes de 3'' (Setup Disk), 1 disco de 5'' (5'' Setup Boot Disk for 3'' floppy installation), 1 CD e 1 disquete de 5'' e 1 de 3'' (CD-ROM Setup Boot Disk).

O processo de instalação é em muito parecido com o do Windows 3.1, disponibilizando a instalação customizada ou personalizada. O conjunto de disquetes é para o uso em INTEL e o CD, tanto em INTEL quanto em RISC. O NT está preparado inicialmente para reconhecer alguns tipos de controladoras SCSI, mas caso exista uma e não faça parte deste grupo, deve ser fornecido o drive do fabricante para que o NT o reconheça.

O processo de instalação nesta máquina, e utilizando disquete, consumiu aproximadamente 1 hora. O processo utilizado foi o personalizado, e o resultado foi positivo em nossa primeira tentativa, com exceção à placa de rede. Durante a instalação, o NT verifica se existe uma controladora SCSI e/ou placa de rede conectada ao equipamento. Neste caso, houve o reconhecimento da placa de rede e como uma NE2000 ou compatível, o que representa a nossa realidade. O único problema foram os valores de configuração de IRQ e I/O da placa.

O NT trabalha com um novo sistema de arquivo - o NTFS ( New Technology File System), mas também reconhece o sistema do DOS (FAT - File Alocation Table) e do OS/2 (HPFS - High Performance File System). Na primeira instalação, foi assumido todo o disco como NTFS, o que garante a segurança a todas as informações. Em uma outra instalação, o disco foi particionado em dois, sendo que a partição denominada C: foi assumida como FAT e a D: como NTFS. Neste caso, o NT foi instalado no drive D: e o DOS no C:, e em processos de boot da máquina, após as verificações do hardware, surge uma tela de opção para qual tipo de sistema operacional trabalhar tendo o usuário 30 segundos para selecionar, ou então será assumido o sistema determinado como padrão. A este processo denomina-se BOOT DUAL, e o sistema a ser iniciado, caso não ocorra a seleção e o tempo para se decidir entre os sistemas instalados, pode facilmente ser configurado dentro do NT.

Como é o NT

Depois de instalado, o que temos é a mesma interface do Windows 3.1, sendo que o usuário acostumado com o Windows 3.1 estará bem à vontade.

Devido ao sistema de segurança, para trabalhar com o NT o usuário deve possuir uma conta, idêntico ao de um usuário da rede Novell. No processo de instalação, é criado o usuário ADMINISTRATOR que é o de mais alto grau de acesso (SUPERVISOR no caso da Novell), e também um outro usuário a critério de quem está instalando. A liberação de novos usuários para acesso ao NT, bem como seus direitos de acesso, se faz através do utilitário USER MANAGER.

Um programa de grande interesse para aqueles que irão desenvolver para este ambiente é o PERFORMANCE MONITOR. Este utilitário disponibiliza uma grande quantidade de informações sobre o estado do NT. Assim, uma vez selecionadas as informações de interesse para análise de um programa, podemos verificar como está o tempo de uso do processador, leitura/gravação de disco, processamento das threds e outros.

Outras ferramentas de administração são BACK-UP, o DISK ADMINISTRATOR e o EVENT VIEWER. Este último é de grande valia em caso de uma avaliação do NT a nível de sistema, segurança por aplicação. Durante o processo de configuração da placa de rede e acertos no protocolo de comunicação com o objetivo de acessar o RISC, as informações contidas nestes arquivos de log auxiliaram muito. Temos ainda o MAIL e o SCHEDULE, sendo que os mesmos também acompanham o Windows for Workgroup.

O COMMAND PROMPT (janela DOS no caso do Windows 3.1) mudou muito. A janela de 25 linhas por 80 colunas é somente uma questão de configuração, podendo assim ampliar ou reduzir estes valores. No Windows 3.1, um aplicativo DOS só poderá ser executado caso seja considerado bem comportado, ou seja, não faça uso de instruções que acessem diretamente o hardware. O NT segue também este conceito, só que devido às regras de segurança embutidas no mesmo, ao ser identificado o uso de uma instrução que faça esta violação, surgirá uma caixa de diálogo mostrando a instrução e alertando sobre a ocorrência, sendo que a continuidade do processo ou "congelaria" a máquina ou então não apresentaria nenhum resultado. Caso estivéssemos no Windows 3.1 a opção a ser utilizada para se cancelar o processo seria a combinação CONTROL+ALT+DEL, sendo que em algumas vezes o ambiente é comprometido e devemos inicializar a máquina outra vez (BOOT). No NT, pressionando CONTROL+ESC surge a TASK LIST onde selecionamos a task que congelou e executamos a opção END TASK e o problema deixa de existir, sem comprometer o ambiente ou outra task que esteja sendo executada ao mesmo tempo. No Windows 3.1 isto não pode ser feito, pois o mesmo não consegue "derrubar" uma janela DOS. A integridade do sistema no caso do NT foi mantida (estes testes foram feitos enquanto se editava este documento, e em nenhum instante ocorreu perda de dados).

Um detalhe é que a combinação CONTROL+ALT+ DEL é utilizada para o caso de querermos encerrar uma sessão de trabalho de um usuário (semelhante aos comandos LOGIN e LOGOUT da Novell).

No CONTROL PANEL algumas opções já são conhecidas do Windows 3.1, e aparecem novas funções onde convém salientar as seguintes: SYSTEM, CURSORS e NETWORK. Em SYSTEM, podemos configurar, no caso de boot dual, qual sistema será o default e o tempo máximo para seleção. Configuram-se também as variáveis de ambiente e dados para a memória virtual. Outra configuração de interesse é quanto às tasks no botão TASKING...onde podemos determinar a prioridade de uma task em relação às outras (maior, menor ou mesma prioridade). Em CURSORS podemos configurar os diversos cursores do sistema para um outro formato, inclusive cursores animados. Em NETWORK é que procedemos à configuração das placas de rede conectadas ao equipamento, bem como do Software (protocolo) que a mesma irá utilizar para se comunicar via rede.

Ligando-se com outros Mundos

Por ter protocolo TCP/IP nativo, a conversa com a RISC IBM R6000 foi relativamente mais fácil. O relativo é pelo fato de que a configuração da placa de rede complicou um pouco o trabalho. Quando se colocavam certos valores de IRQ e I/Q, conflitava-se com outras configurações, e em contato com um suporte do NT, a configuração aconselhada era 5 para IRQ e 340 para o endereço de I/Q. Após algumas instalações, estávamos então emulando um terminal VT100 da RISC. Ainda em relação ao TCP/IP, o gerenciador TCP/IP ativo no servidor Novell também conseguia reconhecer a máquina em que estava instalado o NT.

A ligação com o servidor Novell deveria ser a tarefa mais fácil. A comunicação com a Novell requer um driver que execute este serviço (ou seja, utilize IPX/SPX), e tal drive deveria ser adquirido junto à Novell. Este drive equivale ao conjunto IPX/NETX que verifica se o comando DOS executado faz uso de recursos localizados localmente (processados pela própria estação) ou localizados no servidor Novell (processados pelo servidor). Este drive não foi localizado nesta versão Beta e, até a edição deste documento, não havíamos conseguido o mesmo com usuários que já estão com a versão final (segundo o manual da versão Beta, tal suporte estará disponível na versão final).

Multitask Preemptiva

O NT é verdadeiramente um sistema operacional de 32 bits, multitask e preemptivo. Assim sendo (e configurado), vários processos (ou threds) compartilham o serviço do processador ao mesmo tempo. Como só existe um processador no equipamento utilizado, este conceito torna-se relativo. No Windows 3.1, o que ocorre é uma multitask não preemptiva, ou seja, vários processos pode ser executados ao mesmo tempo, porém, é possível que quando um deles assuma o processamento não devolva o controle ao Windows (Ex. um loop de cálculo). No caso do NT, o domínio sobre a máquina é absoluto do sistema operacional, a configuração de prioridade de uma task (anteriormente citada) é quem irá determinar como será compartilhado o tempo de uso do equipamento por parte de um processo. No CD que acompanha a versão beta, temos exemplos destas características do NT.

Portabilidade

A execução de programas do DOS ou Windows 3.1 é garantida no NT, exceto o caso anteriormente citado. Alguns programas e utilitários foram testados comprovando tal característica. Em uma tentativa de execução de um sistema desenvolvido em uma linguagem bastante conhecida no mercado, a janela não apresentou resultado nenhum, mas o PERFORMANCE MONITOR informava que a CPU estava sendo utilizada. Após alguns minutos sem nenhum resultado, esta task foi cancelada. Para teste de programas Windows 3.1 foi instalado o Word for Windows versão 2.0, e nesta instalação é que iniciamos a edição deste documento. Não se sentiu diferenças em relação ao Windows 3.1, porém, a portabilidade para estes programas faz uso de uma "tradução" do código que irá consumir mais tempo, reduzindo assim a performance.

Um dos problemas nesta fase inicial do NT é quanto a drivers de periféricos para o NT. Os fabricantes dos mais diversos periféricos (placas de som, scanner etc) irão desenvolver drivers para seus produtos se o NT tiver uma boa aceitação pelo mercado, e o mercado irá fazer uso do NT se tiver suporte aos seus periféricos de dia-a-dia. Esta é uma questão a ser solucionada com o tempo.

Funcionamento e Performance do NT

O equipamento em que foi instalado o NT (descrito inicialmente), é de uma excelente configuração em se considerando um ambiente DOS, DOS+Windows 3.1 e até mesmo um OS/2 2.0. No caso do NT, o que se percebeu claramente foi a necessidade de um equipamento mais poderoso. O manual cita um 386 como plataforma mínima, mas creio ser um 486 DX, 50 MHz e 16 MBytes de memória a plataforma adequada para não termos a performance comprometida significativamente.

Em se considerando uma versão Beta, os problemas deveriam ser freqüentes, e isto é afirmado tanto pelo manual quanto por publicações do mercado. Tais problemas ocorrem (máquina travada), mas a freqüência não foi tão grande como se esperava.

O processo que garante a portabilidade, por si só vai tornar a execução de uma aplicação não NT mais lenta, porém, os itens segurança e estabilidade vem a favor do NT, cabendo uma análise custo/benefício de cada caso para se fazer uso ou não do mesmo.

Quem deve usar o NT?

Na palestra da Microsoft sobre o NT na feira de informática (SUCESU'93), era feita a seguinte afirmação: "se você não sabe para que precisa do NT, é porque você não precisa do NT!!!". Em uma primeira análise pode parecer estranho, mas neste contato com o NT ficou clara tal afirmação. O usuário que pretende fazer uso do NT, pelas suas características de segurança e estabilidade, deve estar consciente que vai ser necessário um hardware à altura.

Em termos de escala da família Windows, a Microsoft coloca o Windows NT 3.1 para ser utilizado em workstation de desenvolvedores e usuários profissionais e o Windows NT Advanced Server 3.1 para o gerenciamento de redes.

O que falta conhecer

A interação com outros mundos (UNIX, Mainframe etc) deve ser objeto de um estudo bem mais detalhado. A troca e transparência de informações diz ser possível, mas somente um teste com os objetivos e características do ambiente que se deseja montar é que irá comprovar tal afirmação.

Outro caso é o Windows NT Advanced Server, que tem como principal objetivo o de gerenciamento de redes. A montagem de uma rede com máquinas NT, Wndows for Workgroup e até quem sabe com DOS, irá apresentar uma configuração das mais avançadas e seguras, ressaltando, porém, que o hardware envolvido representa uma grande quantia em investimento.

Em termos de serviços, um outro produto a ser disponibilizado é o SNA Services, que terá capacidade de acesso à informação localizada no Mainframe de maneira direta, bem como, ser um elemento inteligente que pode ser visto pelo mesmo Mainframe.
Um outro produto é o SQL Services, similar ao que existe para a rede Lan Manager da Microsoft.

Outros produtos, que merecem uma atenção especial quando disponibilizados ao mercado, são os gerenciadores de banco de dados, inclusive os característicos de Mainframe que estão sendo portados para o NT. Um outro produto é o de uma empresa americana, que possibilita conectar terminais burros a uma máquina NT.

Concluindo

Este contato com o Windows NT foi bastante produtivo. Ficou clara a necessidade de um equipamento de maior porte para que a performance não seja comprometida. A característica para um equipamento ideal, como foi citado anteriormente, deve ser melhor aferida, mas é baseada em informações obtidas junto a usuários que possuem a versão final de um produto, e que tem apresentado um resultado bastante satisfatório.

Para os usuários de Windows 3.1 que estão tendo alguns problemas com a estabilidade deste ambiente, o NT vem resolver todos esses problemas. Mas se o problema passar a ser o hardware, o Windows 4.0 a ser lançado em breve deve ser a solução. As informações obtidas até agora dizem que o Windows 4.0 é o mesmo que o NT, com algumas características a menos, só que um verdadeiro sistema operacional de 32 bits (ou seja, não precisa mais do DOS para executar).

O período de um mês e meio foi o suficiente para se ter uma boa idéia sobre o NT e a que ele se propõe. Conhecer mais a fundo vai ser necessário bem mais tempo, para que se consiga explorar mais algumas características e serviços do mesmo.