Word 5

Autor: Pedro Luis Kantek Garcia Navarro


Triste destino dos softwares para micro neste início dos anos 90: Nem bem ficam prontos, já estão obsoletos. Pelo menos duas razões determinam isso:

1.O mercado de software deve andar pela casa dos 200.000.000.000 US$/ano em todo o mundo. Todos querem ganhar uma parte desta grana, pois além de tudo ela é limpa: não há matéria prima, nem consumo de energia, nem poluição.
2.Os micros têm crescidos em capacidade e desempenho de maneira assombrosa. Como diz Peter Norton: “não importa quanto você tenha, sempre é necessário mais.”

Um dos softwares que ilustra bem esta história é o WORD. Senão vejamos:

Versão 1: Lançada em pleno domínio da era WORDSTAR (com seus CONTRL alguma coisa), foi o primeiro programa a mostrar o que se pedia. Negrito aparecia como negrito, sublinhado como sublinhado e assim por diante. Chamou-se a isso WYSISWYG (What you see is what you get).

Versão 2: Lançou a idéia revolucionária do estilo. Agora nós separamos o que é conteúdo (o texto em si), do que é forma (a aparência que o texto terá), permitindo inclusive que estes trabalhos sejam feitos por duas pessoas em dois tempos distintos. Para nós aqui no Brasil, esta versão trouxe também a localização (tradução) do produto para o português.

Versão 3: Não foi lançada no Brasil, mas incrementou o comando LIBRARY (Biblioteca), trazendo: classificação de texto, operações aritméticas, organização de idéias (antes de escrever o texto), criação automática de índices e sumários.

Versão 4: Para nós foi praticamente a tradução da versão 3 em português. Para os americanos representou a entrada do WORD no mercado de editoração eletrônica. De fato nesta versão o WORD se aproximou do DTP. O programa ficou muito mais rápido do que era.

Versão 5: A última (por enquanto). Os brasileiros ganharam uma opção que os americanos já tinham desde a v.3: Um corretor ortográfico. Agora, se você escrever “voce” sem acento, o WORD pode lhe avisar. (Aliás, uma curiosidade: neste ponto, eu rodei o corretor para ver se ele detectava o “você” sem acento como se fosse um erro. Ele achou. Sabem qual foi a outra palavra que ele desconhecia? Pois era o seu próprio nome: WORD. Eis um programa modesto).

Esta versão ganhou a chance de ver o aspecto macro do texto, antes dele ser impresso, nele incluídos desenhos e gráficos.

Também foi aperfeiçoado um pesquisador de (todos os) textos através de suas palavras chaves, nome de autor, título, etc.

As macros do word agora são uma mini-linguagem de programação. Têm comandos (SE, REPITA, ENQUANTO...), variáveis, (A=O), e boa parte dos componentes de uma linguagem de alto nível.

Para muitas coisas, mas vamos ver um exemplo real. Como sabemos a CELEPAR está para receber uma XEROX a laser. Infelizmente, tal máquina não pode receber textos diretamente do WORD. Assim, um mínimo de conversão deve ser realizada. A XEROX aceita textos do DCF, que é um editor de textos da IBM, e que obviamente tem formatos inteiramente diferentes (e incompatíveis) dos do WORD. Então, fizemos uma macro que recebe um texto DCF. Por enquanto a macro se limita a trocar a acentuação.

Veja a seguir o aspecto de um pedaço da macro
<COMENTÁRIO Conversão de WORD 5 para DCF – esquema 1 >
<fixa modoperguntar=”ignorar”><enter><ctrl esc><esc>
<fixa s1=”á”>
<fixa s2=”â”>
<fixa s3=”â”>
<fixa s4=”à”>
...
<fixa r1=<&a.”>
<fixa r2=<&at.”>
<fixa r3=<&ac.”>
<fixa r4=<a”>
...
<fixa r1=n1>
<repetir 24>
<esc>m<n><tab>n<tab>s<tab>n<enter>
<fixa n=n+1>
<fimrepetir>

Nosso projeto, tão logo a XEROX esteja aqui, é escrever uma macro que troque não apenas os acentos, mas todas as demais características do texto, mas todas as demais características do texto: margens, negritos, sublinhados, etc.

Existem outras modificações, mas estas duas são as principais mudanças que o WORD teve na versão 5. Agora, só nos resta esperar a versão 6, a 7,...