A todo vapor

Com um novo padrão de framework em código aberto, a Fábrica de Software da Celepar aumentou a produtividade no desenvolvimento de soluções de alta tecnologia.

 

No mundo dos negócios muito têm-se falado nos resultados positivos que o uso da tecnologia da informação tem alcançado em várias organizações. É comum destacar-se a melhoria operacional, a redução de custos e o aumento de receitas. Também é comum os casos nos quais os resultados ficam abaixo do esperado. E no setor público, como então assegurar o sucesso resultante de altos investimentos na área tecnológica? Tanto num caso como no outro, o sucesso depende diretamente de sua adequação às necessidades de cada organização. Para que se possa extrair o máximo das tecnologias, nem sempre são necessárias aplicações desenvolvidas sob medida.

Depois de passar por um período de adaptações, inclusive com o desenvolvimento de um projeto próprio de Framework (conjunto de ferramentas e componentes para o desenvolvimento de sistemas), a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) reorientou a organização de sua Fábrica de Software para a produção em escala de soluções que possibilitem a criação de sistemas flexíveis que atendam as necessidades de seus clientes, no caso os órgãos do Governo do Paraná, desde simples programas até sistemas de maior complexidade. A implantação do Projeto Framework exigiu uma série de pesquisas e investimentos, com a adoção e aperfeiçoamento de ferramentas amplamente testadas e utilizadas pela comunidade software livre mundo a fora. Com isso desenvolveu-se um padrão tecnológico de alta qualidade que faz funcionar as mais variadas soluções produzidas pela Celepar a seus clientes.

Para garantir a qualidade de seus produtos, a Fábrica de Software está assentada em três pilares: equipe altamente treinada, metodologia consistente e componentes reaproveitáveis, que nada mais são do que partes de aplicações ou serviços de software pré-construídos. Estes componentes são agrupados e reutilizados a cada novo projeto, eliminando a necessidade de programação das mesmas funções. Dessa forma, ganha-se tempo e maior flexibilidade no processo de desenvolvimento a um custo significativamente menor. As constantes evoluções tecnológicas, por seu lado, possibilita que a empresa desenvolva sistemas de fácil operação e proporcionem aos órgãos de governo mecanismos de gerenciamento para uma gestão eficaz.

A Celepar adota um modelo de trabalho com processos e produtos bem definidos de forma a permitir o acompanhamento efetivo da execução das atividades, garantir a qualidade dos produtos e a perfeita sinergia entre as quatro áreas funcionais da fábrica: relacionamento com o cliente, planejamento e controle, produção e qualidade. A fábrica atende a demandas que contemplam as seguintes fases de desenvolvimento de sistemas: especificação de requisitos, projeto lógico, projeto físico, construção, configuração, teste integrado e implantação. O desenvolvimento de sistemas nesse modelo, segundo o gerente da Fábrica da Celepar, Henrique Salatino Miorelli, propicia formalização e controle de qualidade em todas as etapas do processo produtivo. “Sob o conceito de linha de produção, com momentos e tarefas perfeitamente definidas para cada tipo de profissional, as rotinas da fábrica abrangem desde a validação da especificação do projeto até sua documentação”, explica.

A fábrica conta com um time de profissionais de primeira linha, composto por especialistas nas áreas de consultoria, design, programação, implantação, segurança e acompanhamento de performance de soluções. Trata-se de especialistas na tecnologia aplicada e nos padrões definidos pelo Framework Celepar, principalmente na utilização de software livre, oferecendo a experiência e o conhecimento técnico necessários ao sucesso de cada solução.

Para facilitar a aplicação dessa metodologia, a fábrica foi dividida em dois departamentos: a Divisão de Gestão de Ambiente (Digam), que analisa se a especificação está de acordo com o Framework e se os planos de testes dos casos de uso estão completos. Este fator é prioritário para homologação dos casos de uso. O outro setor é a Divisão da Fábrica de Software (Difas), onde o sistema é desenvolvido.

A implantação de uma solução é um processo que exige pesquisa, muito planejamento, experiência e conhecimento técnico para o desenvolvimento, cuidados na implementação e constante monitoramento em relação a resultados e performance. A partir da aprovação da especificação funcional e do plano do projeto inicia-se o desenvolvimento, que consiste na codificação da aplicação do sistema. Em seguida inicia-se os testes de integração, aceite e liberação. Se forem detectados erros as equipes de desenvolvimento irão saná-los, reiniciando o ciclo de testes. Ao final deste processo, com a aprovação do cliente, o sistema está liberado para implantação no ambiente de produção permitindo a realização de um piloto até sua completa estabilização. Em seguida, efetiva-se a entrada do sistema em produção acompanhado da documentação (especificação funcional detalhada, procedimento para instalação e configuração dos equipamentos envolvidos) e treinamento com todos os aspectos de operação e administração do sistema.

O desenvolvimento do produto começa com o trabalho de um analista web designer, lotado na Digam, que faz a construção do protótipo das telas. Caso a especificação não esteja nos padrões estabelecidos, o projeto retorna à GDS para correção. Somente após a homologação pela Divisão de Gestão de Ambiente é que os sistemas entram na Fábrica. Neste ambiente, sob a liderança de um analista, o projeto é dividido por componentes e encaminhado para desenvolvedores especializados. Para melhor produtividade, os desenvolvedores não estão alocados por projetos, mas por atividades específicas.

Após a construção, os pacotes com os casos de uso retornam à Divisão de Gestão de Ambiente para a devida homologação de saída. Na fábrica, os técnicos executam testes de qualidade unitários e integrados. Cada produto passa por um bug tracking completo para medição do stress do servidor, análise da performance do banco de dados, verificação da estrutura, avaliação de componentes e auditagem de código. Homologados, os pacotes ainda passam por um teste final na Divisão de Desenvolvimento de Soluções para a validação das regras de negócio tendo como base as especificações de cada caso de uso.

O desenvolvimento dos projetos acontece de acordo com as prioridades definidas pela empresa, fator indispensável para que se possa atingir bons níveis de produtividade e garantir a qualidade do produto. “A partir do momento em que a especificação é entregue na Fábrica não é possível fazer alterações”, explica Marcelo Fermann Guimarães, coordenador da Fábrica. Se nesta fase forem detectados erros, a Gerência de Desenvolvimento de Soluções assume a responsabilidade pela manutenção.

Em relação ao desempenho profissional, o gerente Henrique Miorelli diz que a utilização dos desenvolvedores nas tarefas mais importantes valoriza a mão-de-obra qualificada, deixando os estagiários com as tarefas mais simples, mesmo assim sob forte supervisão. A avaliação de desempenho baseada em indicadores de resultados reais, estabelecidos em conjunto com os próprios desenvolvedores, também contribui para maior produtividade e qualidade dos produtos. Essa metodologia permite maior agilidade no desenvolvimento com a evolução dos trabalhos de acordo com as prioridades definidas pela empresa, já que os desenvolvedores podem trabalhar em qualquer projeto. “Com os processos produtivos definidos e com a repetição das tecnologias e padrões utilizados, pode-se elevar constantemente o nível de qualidade dos projetos”, acentua.

Registro escolar comprova produtividade do Framework

A funcionalidade e a produtividade do padrão Framework Celepar foram comprovadas na construção do segundo módulo do Sistema Estadual de Registro Escolar (SERE), feito para a Secretaria de Estado da Educação. Entre as funcionalidades testadas no projeto, o detalhamento do plano de testes reduziu significativamente o tempo de construção. Neste caso, o próprio plano de testes validou o caso de uso. O projeto do SERE mostrou, ainda, que o tempo de construção, desde que os planos de testes estejam bem detalhados, é muito mais rápido que o tempo de especificação. A utilização do padrão framework também comprovou o aumento de produtividade. No caso do Sistema de Registro Escolar, o prazo acordado com a Secretaria de Educação para a entrega do trabalho era 1° de agosto. Iniciado em maio, a Fábrica terminou o projeto em 15 de julho. A implantação ocorreu quinze dias após, não sem antes passar por rigorosos testes estruturais, definição de regras de negócios e de aplicações junto com as equipes responsáveis pela execução do projeto.

Tecnologia utilizada:

Metodologia Framework Celepar; Análise/Especificação: Orientação a Objetos e UML (Linguagem de Modelagem Unificada); Padrão MVC (Model View Controller);Interface Jsp (Java Server Pages) / php no site da Funcel; Programação Java, Struts (biblioteca para implementação do MVC); Banco de dados PostgreSQL; Acesso ao banco de dado com Hibernate e Functions do PostgreSQL; Eclipse (IDE Integrated Developer Environment); CVS (Concurrent Versioning System); Middlegen-geração de mapeamento objeto-relacional do hibernate; Jboss Servidor de aplicação; Taglibs Bibliotecas comuns para utilização em páginas jsp; Junit-Construção e execução de testes unitários em classes java; Jmeter Automação de testes de stress e testes funcionais do aplicativo; Bugzilla-cadastramento de bugs (erros) em base de dados; Jquerena gerador de código framework; App Perfect auxílio na detecção de práticas indesejáveis na programação Java.