O que representa para o Estado do Paraná - Conferência Latino Americana de Software Livre - a Latinoware 2004?

Esses eventos são marcos importantes no processo. Nós usamos a rede mundial de computadores da Internet para nos relacionar durante todo o ano de trabalho. Mas é muito importante que as pessoas tenham momentos de reflexão e de encontro real. Tudo é feito por pessoas, seres humanos e não podem, de maneira nenhuma, substituir este contato pessoal, esse contato físico, a troca de experiência, descobrir aonde é que falta um projeto de cooperação em andamento, mostrar os projetos que estão sendo feitos para agregar novas pessoas. Portanto, não é somente uma feira de exposições, uma demonstração daquilo que está sendo feito, mas é fundamentalmente uma aglutinação de vontade, uma aglutinação de possibilidades para que a gente projete o ano seguinte e que possa voltar a colaborar através, inclusive, das estruturas computacionais. É o momento em que nós estaremos juntando as forças brasileiras neste encontro, por isso que é importante que aconteça no Paraná a vinda de especialistas do Brasil inteiro, para discutir projetos que estão em andamento e possibilidades de cooperação também com os nossos vizinhos do Mercosul. Todo o foco, é que a gente tenha na América Latina uma rede de solidariedade que estimule e que promova um desenvolvimento de software que traga benefício real para a sociedade. Então esse é o encontro estratégico para nós, não só pelo ponto de vista tecnológico, mas também estratégico pelo ponto de vista da socialização e da humanização deste momento importante que a gente vive que é o uso do software livre. Então, esse é o escopo do nosso encontro latino-americano de software livre.

O que mostrar?

O Paraná tem para mostrar a vedete do evento, o Expresso, que é hoje um software de colaboração, correio, agenda e catálogo totalmente em software livre com a colaboração importantíssima da comunidade e a sua esmagadora maioria de códigos. Ele veio da comunidade internacional e a Celepar desenvolveu não só o interfaciamento, o brasileiro, mas algumas facilidades que existiam em outros softwares corporativos, mas em cima daquilo que vinha da sociedade internacional. Então a Celepar vai apresentar esta solução, vai criar grupos de cooperação em cima desta solução e evidentemente que nós também teremos no Estado do Paraná como benefício, a vinda de soluções em outros ramos de atividades, no setor de saúde, no setor de educação, etc. E assim como nós estaremos disponibilizando softwares que possam ser aproveitados por outros, que a gente possa aproveitar softwares que vêm de outros. Então é um momento de acelerar o nosso processo todo de informatização e democratização da tecnologia da informação no Estado do Paraná, e por isso é muito bom que aconteça aqui no nosso estado.

O que é a conferência para o software livre.

A conferência software livre significa este encontro de especialistas. Então, nós estamos apresentando este encontro de especialistas, porque isto dá a linha, dá o futuro, dá para onde vai o software livre. Mas, mais uma vez é muito importante que isto tenha conhecimento generalizado, para que as pessoas possam se aglutinar, é um momento de avaliação do que foi feito e projeta o que nós vamos fazer juntos, daqui para frente.

Por que Foz do Iguaçu?

Porque nós temos uma parceria importante com a Itaipu Binacional e isto já caracterizava a necessidade de um evento em Foz e porque Foz está na tríplice fronteira, também é um marco importante de que estamos fazendo um evento internacional, não porque estamos trazendo pessoas de outros países, mas porque estamos fazendo no espaço físico internacional, facilitando a chegada dos argentinos, especialmente das comunidades de software livre do norte da Argentina, que são muito fortes; facilitando a chegada dos chilenos que têm o reconhecimento internacional de uso do software livre; dos paraguaios que a gente acha muito importante que eles comecem a observar mais essa questão de software livre, porque hoje eles ainda pouco têm de utilização de software livre, e é muito importante que eles participem; os nossos irmãos uruguaios que também vão ter oportunidade de estar junto com a gente, e são referência no uso do software livre; a Venezuela que tem leis passando no congresso, mas ainda a utilização real é muito pouca. Então, traremos estas pessoas para cá e o nosso objetivo é chegar até o Caribe, onde Cuba é uma referência importante no que diz respeito ao uso da tecnologia para a vida, tanto na área de educação quanto na área de saúde, apesar de o software livre ser ainda uma novidade para eles.

A Celepar tem mais a aprender ou mais a ensinar?

Vamos ter áreas em que vamos aprender e muitas áreas em que nós vamos ensinar. Essa é a grande mágica do movimento do software livre. No caso como eu disse do expresso, nós estamos ensinando, mas nós temos muitas coisas para aprender, desde ferramentas de desenvolvimento, soluções que vão ser trazidas para cá, as idéias de futuro no que diz respeito à parte jurídica do software livre. Então, com certeza, todos que estarão lá vão ter coisas para ensinar, mas todos têm muito mais para aprender do que para ensinar.

Qual a dificuldade na divulgação do software livre e inclusão digital?

Como a gente não trabalha com estrutura de marketing muito pesada no mundo do software livre, é natural que as outras empresas que trabalham com software comercial e que têm uma agregação de valores de seus produtos no preço final, que vai para o marketing, eles têm recursos para fazer divulgação de suas soluções. Nós trabalhamos com recursos mínimos, nós pagamos o trabalho das pessoas e não temos contas de publicidade, não temos contas de propaganda que ajudem numa divulgação mais intensa do software livre. Por isso é muito importante a participação dos fornecedores, participação das grandes marcas, pois eles têm contas de publicidade e propaganda e podem nos ajudar. Então a falta de investimento de marketing no mundo do software livre é hoje o seu principal elemento que retrai a sua utilização e na medida em que nós tivermos mais investimentos das grandes corporações nós teremos a utilização maior do software livre no mundo todo.