Congresso Internacional de Tecnologias

Autora: Lilia Pinheiro Cristaldi Silva - DITEC-A - Ramal 419

No mês de Set/96, tive a oportunidade de participar da EDUTEC - Congresso Internacional de Tecnologias, aplicadas à Educação. O público era formado basicamente por professores e das palestras que assisti, achei muito interessante a do Sr. Antônio Simão Neto, ´Contando Histórias para o Próximo Século`, por seu caráter de levar o público a uma reflexão sobre a educação e a informática.

A palestra iniciou com uma chamada aos tempos idos, onde as histórias eram contadas por alguém que detinha o conhecimento, a um grupo que se sentava em volta da fogueira. Nessa época, a informação era dirigida a um público muito bem definido e caracterizado.

Com o passar do tempo, a tecnologia trouxe o rádio, a televisão, o cinema. Nesse momento, o público não era mais conhecido. Passou a ser chamado de ouvinte, telespectador.

Hoje, com o uso dos microcomputadores, com a Internet, as ‘histórias’, as informações, vêm de diversas fontes. O público passa a ser qualquer pessoa em qualquer ponto do globo e é conhecido como usuário.

E a escola? Como está contando suas histórias?
A escola, historicamente, tem uma forma de comunicação fria, onde há pouca interação entre alunos (que recebem o conhecimento) e o professor. A tendência do ensino tem sido atingir a média dos alunos. Dar um conhecimento médio de todas as áreas curriculares. Qual tem sido a resposta da escola aos extremos? Para aqueles que se colocam abaixo da média, a resposta é a recuperação, a reprovação. Aqueles que se situam acima da média, têm normalmente como resposta :´Me procura depois da aula que indico um livro para você pesquisar`. Será que é preciso nivelar os alunos em todas as áreas curriculares? Se temos um aluno com incrível facilidade para matemática, porque não incentivarmos o aprofundamento nesse assunto e formarmos um expert em matemática? Será que ele precisa saber mediamente e ser aprovado em química, biologia, história?

Há uns nove anos houve uma explosão do vídeo educativo. Algumas empresas se organizaram nessa área e produziram regularmente fitas de vídeo que eram utilizadas pelas escolas. Entretanto, esse processo foi morrendo, indo as fitas para as prateleiras dos armários. Por que não foi à frente? Porque era um processo pronto, fechado. Não permitia que o professor atuasse sobre ele adaptando-o para a realidade de seus alunos.

Atualmente a informática está aí trazendo uma mudança cultural da sociedade. É inevitável o uso dos microcomputadores como recursos da educação.

Podemos perceber quatro momentos da informática na educação:

  • Num primeiro momento, a informática entrou para auxiliar na administração escolar. Uma época em que diversas empresas desenvolveram sistemas para apoio à secretaria da escola no controle de matrículas dos alunos, lançamento das notas, emissão do boletim escolar.
  • Num próximo passo, o microcomputador chegou até os alunos, em disciplinas extra-curriculares. Foi o momento em que os alunos aprendiam linguagem de programação nas escolas.
  • A seguir, a informática passou a fazer parte das aulas, nas disciplinas de currículo básico. Foram criados os laboratórios de informática onde os alunos faziam exercícios e revisavam as aulas através de softwares educativos.
  • O quarto momento é o que precisa chegar agora. A informática junto ao corpo docente. Até esse momento, houve um vazio entre professor e aluno com relação à informática. Os alunos tinham acesso; o professor, não. Para que a informática entre de vez na escola, é preciso que o professor use os microcomputadores como recurso no planejamento de suas aulas. Que ele possa criar, usar toda a sua potencialidade de ensino, usando softwares que permitam essa construção de aulas.

A informática vai tomar o lugar dos professores? Se o professor for simplesmente aquele que repassa o conhecimento, então esse risco existe. Mas se o professor é aquele profissional que participa ativamente do processo de aprendizagem do aluno, que orienta, que educa, então com certeza, não! A informática nesse caso, só vai ampliar os meios do professor realizar a sua tarefa.

É preciso portanto, que os professores percam esse "medo"` que muitas pessoas ainda têm dos microcomputadores.

Para ilustrar, foi citado um caso de uma fila num caixa automático de um banco. Havia uma senhora que não sabia o que fazer. " Coloque o cartão ali", foi a orientação. Após o reconhecimento do cartão magnético, o sistema "disse": "Bom dia." e a senhora novamente pediu ajuda. "E agora? Que faço?". "Responda" foi a orientação. A senhora virou-se para a máquina e disse: "Bom dia".