Flagrantes: Haja pressão
Mais          uma história verídica para a coleção. É uma meio escatológica, assim,          olhos e ouvidos (e olfatos) mais sensíveis devem parar a leitura por aqui.          Aos corajosos, vamos aos fatos. 
Meses atrás, tivemos um problema hidráulico num dos banheiros da sede.          O banheiro, que era muito usado, sem mais nem menos entupiu-se. Não sei          se o prezado leitor concorda, mas qualquer coisa entupida já é um abacaxi.          Sendo um banheiro então, tem-se quase uma tragédia. Se uma casa fosse          viva e os canos fossem suas artérias, estaríamos diante de um autêntico          enfarte do miocárdio.
Pois foi bem isso que aqui aconteceu. Quando o problema foi detectado,          imediatamente convocou-se à presença, os setores capacitados a lidar com          o ocorrido. Logo agendou-se uma visita daquelas empresas que têm aquele          treco parecido com uma broca gigante de dentista e que adentra nas veias          das casas desentupindo tudo. Só que, por azares do destino, o dono da          broca gigante estava com muito serviço e só podia vir aqui na sexta feira,          enquanto ainda estávamos na manhã de quarta. 
O problema não estava mais restrito às quatro paredes do banheiro, ele          já causava um certo desconforto nos que trabalhavam próximos. A grita          começou braba, e como sói ocorrer quase sempre, eis que surge o candidato          a salvador da pátria. Bateu no peito e garganteou: "deixa comigo". 
Por mistérios do além, junto com o herói surgiu no ar aquela sensação          de "vai dar..." oops, preciso cuidar com os termos, pois era bem isso          que aparentemente ia dar. 
Monopolizando as atenções, o nosso herói entrou no banheiro acompanhado          de um extintor de incêndio gigante, o maior do andar. Entrou e a porta          trancou, ninguém ia poder acompanhar a odisséia. Do lado de cá só se podia          ouvir os fortes jatos de pó branco sendo emitidos lá dentro. Uma fumacinha          branca começou a vazar por baixo da porta e pelas frestas da janela. Enquanto          isso os barulhos e os jatos continuavam. 
Mais alguns minutos e o silêncio se fez presente. Todos já estavam ansiosos,          quase com o coração na mão e nada da porta se abrir. Até que um mais corajoso          foi lá e bateu toc, toc, toc na porta. Necas de resposta. Animado pela          já nessas alturas grande assistência, avançou cuidadosamente, dois passinhos          e cléc, abriu a porta. 
Amigos, é preciso calma para descrever o que se viu lá: as paredes que          eram brancas antes do entupimento e da tentativa de desentupimento, agora          estavam amarelo-marronzadas, ou seria melhor marrom-amareladas, mas de          qualquer jeito estavam imundas. O cheiro que já não era nada bom antes,          agora ficou insuportável: parecia que as portas de Armagedon haviam sido          abertas. Finalmente, nosso pobre herói estava já sem camisa, tentando          se lavar e quase começando a chorar de raiva e ódio. 
Não me perguntem o que ele fizera: não sei a resposta. Só sei que não          é uma boa idéia tentar desentupir algo com jatos de extintor. Pode dar...          encrenca! 


