Flagrantes: A Primeira Noite do Operador
Autor: Pedro Luiz Kantek G. Navarro
Toda profissão parece submeter seus iniciantes a um rito de passagem. O médico cirurgião precisa abrir seu primeiro paciente; o advogado, defender sua primeira causa; o analista, desenvolver seu primeiro sistema.
Já para o operador de computador, a barreira é a primeira madrugada cuidando "da máquina". É pela primeira vez que ele, sozinho, é responsável por um computador de muitos milhares de dólares, e o que é mais importante, por sistemas que manuseiam informações vitais. Qualquer descuido, deslize, e .... lá se vão dados, arquivos, programas, rotinas etc.
Sabendo disso, há muitos anos, quando a operação batch era muito mais importante do que é hoje e tudo caía nas costas do operador responsável, a CELEPAR preparava um esquema especial para esta primeira noite.
O esquema envolvia um grupo de profissionais experientes que ajudava e dava apoio nesta primeira madrugada. Só que - junte um grupo de celeparianos, ... logo vai aparecer quem? Ora, no mínimo um gozador.
Pois no causo que ora se conta, preparava-se o primeiro turno da madrugada de um colega recém contratado - ótima pessoa - mas muito apavorado. O tal do comitê, esmerou-se por preparar uma madrugada inesquecível - sob todos os aspectos. Tudo começava com uma sutil diminuição da luz na sala, escurecendo cantos, num jogo de luz e sombras. Daí os colegas foram se espalhando, dando a impressão casual (mas como numa coreografia ensaiada) de que nossa vítima ia ficando sozinha (claro, todo mundo foi se escondendo pelos cantos). A música ambiente deixou de ser música anódina usual e passou a uma enervante trilha de suspense.
Daí a console (que naquele tempo era de papel, não havia vídeos) começou a matraquear.
Nossa vítima não sabia, mas era um programa especialmente escrito para, simulando o computador, enganar o operador. (A propósito, o nome do programa era trouxa).
O operador preparou-se para responder ao computador (?) direitinho, como ele havia aprendido no curso.
As mensagens em inglês, igualzinhas às do manual, se sucediam, e o operador, respondendo uma a uma foi se entusiasmando sem sequer imaginar que podia ser uma brincadeira.
Até que no meio do diálogo, no meio da madrugada, no meio do lusco-fusco, e no meio da solidão, diz a máquina patética: "O PROGRAMA KYZX0000 entrou em LOOP", mais alguns segundos "OS CIRCUITOS ESTÃO SE AQUECENDO" instantes de suspense, "EMERGÊNCIA: A MÁQUINA VAI EXPLODIR" e em seguida... "CORRA"...
Não precisou mandar duas vezes.
O resultado?
Pela ordem: parar de rir, desligar a máquina, religar as luzes, e ... ir buscar nosso colega lá no estacionamento.
Toda profissão parece submeter seus iniciantes a um rito de passagem. O médico cirurgião precisa abrir seu primeiro paciente; o advogado, defender sua primeira causa; o analista, desenvolver seu primeiro sistema.
Já para o operador de computador, a barreira é a primeira madrugada cuidando "da máquina". É pela primeira vez que ele, sozinho, é responsável por um computador de muitos milhares de dólares, e o que é mais importante, por sistemas que manuseiam informações vitais. Qualquer descuido, deslize, e .... lá se vão dados, arquivos, programas, rotinas etc.
Sabendo disso, há muitos anos, quando a operação batch era muito mais importante do que é hoje e tudo caía nas costas do operador responsável, a CELEPAR preparava um esquema especial para esta primeira noite.
O esquema envolvia um grupo de profissionais experientes que ajudava e dava apoio nesta primeira madrugada. Só que - junte um grupo de celeparianos, ... logo vai aparecer quem? Ora, no mínimo um gozador.
Pois no causo que ora se conta, preparava-se o primeiro turno da madrugada de um colega recém contratado - ótima pessoa - mas muito apavorado. O tal do comitê, esmerou-se por preparar uma madrugada inesquecível - sob todos os aspectos. Tudo começava com uma sutil diminuição da luz na sala, escurecendo cantos, num jogo de luz e sombras. Daí os colegas foram se espalhando, dando a impressão casual (mas como numa coreografia ensaiada) de que nossa vítima ia ficando sozinha (claro, todo mundo foi se escondendo pelos cantos). A música ambiente deixou de ser música anódina usual e passou a uma enervante trilha de suspense.
Daí a console (que naquele tempo era de papel, não havia vídeos) começou a matraquear.
Nossa vítima não sabia, mas era um programa especialmente escrito para, simulando o computador, enganar o operador. (A propósito, o nome do programa era trouxa).
O operador preparou-se para responder ao computador (?) direitinho, como ele havia aprendido no curso.
As mensagens em inglês, igualzinhas às do manual, se sucediam, e o operador, respondendo uma a uma foi se entusiasmando sem sequer imaginar que podia ser uma brincadeira.
Até que no meio do diálogo, no meio da madrugada, no meio do lusco-fusco, e no meio da solidão, diz a máquina patética: "O PROGRAMA KYZX0000 entrou em LOOP", mais alguns segundos "OS CIRCUITOS ESTÃO SE AQUECENDO" instantes de suspense, "EMERGÊNCIA: A MÁQUINA VAI EXPLODIR" e em seguida... "CORRA"...
Não precisou mandar duas vezes.
O resultado?
Pela ordem: parar de rir, desligar a máquina, religar as luzes, e ... ir buscar nosso colega lá no estacionamento.