Sociedade do conhecimento - impactos para o futuro

Autor: Manoel Flávio Leal

 

“As atividades que ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam produzir ou distribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento”.
Peter Drucker 1.


O conhecimento tornou-se um dos principais fatores de superação de desigualdades, de agregação de valor, criação de emprego qualificado e de propagação do bem-estar.

Na Sociedade do Conhecimento, as mudanças e as inovações tecnológicas ocorrem em um ritmo tão acelerado que, além dos fatores tradicionais de produção, como capital, terra e trabalho, é fundamental identificar e gerir de forma inteligente o conhecimento das pessoas nas organizações. Esta nova era pressupõe uma imensa oportunidade de disseminar democraticamente as informações, utilizá-las para gerar conhecimento que leve em direção a uma sociedade mais justa. Sendo assim, pressupõe-se que é necessário dar continuidade nos estudos e ao mesmo tempo repassar o aprendido para a sociedade.

De acordo com Lucci, a humanidade está vivendo na Era Pós-industrial, um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter idéias2.

A partir deste ponto será feito um pequeno ajuste, o termo Era Pós-Industrial será substituído por Sociedade Pós-Industrial.

Analisando profundamente o assunto, acredita-se estar vivendo em uma fase de transição, onde se constata uma maior proximidade da Sociedade do Conhecimento do que da Sociedade Pós-Industrial.

A Sociedade Industrial, que iniciou em 1750 e durou aproximadamente 200 anos, tinha por objetivo produzir no menor tempo possível e com o menor número de tarefas possíveis.

A Sociedade Pós-Industrial iniciou com o aparecimento das indústrias, com o aumento da expectativa de vida das pessoas, com o constante crescimento da tecnologia.

O grande diferencial da Sociedade Pós-Industrial, segundo Lucci, foi o crescimento no setor de serviços que absorveu cerca de 60% da mão-de-obra total, ultrapassando a indústria e a agricultura juntas, pois o trabalho intelectual é muito mais freqüente que o manual e a criatividade mais importante que a simples execução de tarefas2. Na Sociedade Industrial o objetivo é a produção e a padronização.

Na Sociedade do Conhecimento o que mais vale é o capital humano, o que os funcionários das empresas conhecem, o seu know-how, que cada um pode repassar para os demais dentro da empresa. Quando este conceito é projetado para fora das empresas verifica-se que os indivíduos estão cada vez mais exigentes e em busca de “produtos” que proporcionem algum benefício, que possuam um valor e não preço. Isso faz com que o conhecimento seja a principal matéria-prima das empresas.

Atualmente o trabalho, que deveria ser algo prazeroso, com o objetivo de também contribuir de alguma forma com a sociedade, tornou-se sinônimo de ambição, “não estamos trabalhando, fazemos nosso trabalho”, o que isso quer dizer? Isto significa que a busca é unicamente por resultados pessoais ou para empresa, assim a vida e o conhecimento ficam em segundo plano, pois o indivíduo está buscando apenas a satisfação material.

Com estas atitudes é visível o enfraquecimento da sociedade, pois ao invés de disseminar o conhecimento, está ocorrendo a sua elitização, onde poucos têm acesso à informação. Um exemplo é o analfabetismo digital no Brasil.

Qual a porcentagem de pessoas que possuem acesso à Internet no Brasil? Para responder estas questões, ou melhor, para solucionar esse problema, diversos paradigmas devem ser quebrados. O perfil individualista deve ser exterminado e deve ser criada a cultura de “compartilhadores” do saber.

Na Sociedade do Conhecimento é necessário saber como compartilhar as informações, como usufruir o conhecimento como um todo, não apenas para benefício próprio. É necessário deixar de lado a preocupação de fazer algo rápido e em grande escala, e sim aprender como fazer o trabalho transformar-se em informação e distribuí-lo para a sociedade como forma de conhecimento, visando o enriquecimento pessoal através deste compartilhamento, pois como o mundo não para de girar, a cada momento está oferecendo novas oportunidades e descobertas que precisarão ser compartilhadas para se tornarem eternas.

O que deve ficar claro na mente das pessoas é que nos próximos anos o conhecimento será o “carro chefe” para o sucesso, mas não o conhecimento individual somente, mas sim aquele que for compartilhado com a sociedade.

Referências

1. DRUCKER,P. F. Sociedade pós-capitalista. 7.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 208 p.
2. LUCCI, E. A. A era pós-industrial: a sociedade do conhecimento e a educação para o pensar. Disponível em: <http://www.hottopos.com/vidlib7/e2.htm>. Acesso em: 09 jun. de 2003.