Um pouco mais sobre Delphi e seus Concorrentes

Autor: Vidal Martins

No mês passado apresentei um artigo baseado em um estudo do NSTL, comparando Delphi 2.0, Visual Basic 4.0, SQL Windows 5.0 e PowerBuilder 4.0. As pessoas interessadas em ferramentas de desenvolvimento talvez tenham ficado desapontadas pelo fato de que as versões dos produtos da Gupta (SQL Windows) e da Powersoft (PowerBuilder) eram ultrapassadas. Atualmente, já estão disponíveis o Centura (Gupta) e o PowerBuilder Enterprise 5.0.

Pois bem, em novembro de 1996 a revista Byte americana publicou uma reportagem, chamada Upgraded C/S Tools: How Much Better?, descrevendo uma avaliação dessas novas versões dos produtos. A avaliação foi feita pelo mesmo laboratório: o NSTL; usando os mesmos critérios: performance, facilidade de uso, e versatilidade; e o mesmo aplicativo: um sistema de entrada de pedidos de livros.

As duas ferramentas obtiveram um resultado muito semelhante, sendo que o PowerBuilder foi considerado um pouco mais fácil de usar e um pouco mais potente que o Centura, enquanto este foi capaz de produzir mais rapidamente aplicações de melhor desempenho. Elas reduziram significativamente a distância em relação ao Visual Basic, mas este continua sendo o segundo colocado. Na escala de 1 a 10 que foi utilizada, apenas 0,2 pontos separam os concorrentes. Centura melhorou bastante a performance, enquanto PowerBuilder cresceu em versatilidade. Embora o Delphi tenha a curva de aprendizado mais acentuada, ele ainda é o campeão de performance e características em geral.

Especificamente com relação a este item, performance, o laboratório NSTL afirma o seguinte: “... ambos os produtos estão significativamente mais rápidos, mas o Centura é de longe o que mais melhorou. Isto deve-se muito ao fato de gerar aplicações 32-bits.”. E continua “... O tempo para recuperar um dataset de 50.000 registros está 80% menor. O tempo necessário para gerar relatórios complexos reduziu em um terço, e para gerar relatórios simples reduziu em mais da metade. Essas melhorias são suficientes para colocar o Centura a frente do PowerBuilder, embora ele ainda esteja bem atrás do Delphi”.

A nova versão do PowerBuilder traz como vantagens um sistema de controle de versões integrado e excelente suporte para aplicativos cliente/servidor de três camadas, que se comunicam entre si. As desvantagens são o desempenho inferior à concorrência, embora melhorado, e a exigência do SQL Anywhere da Sybase como plataforma para o repositório.

O Centura traz como vantagens um desempenho bastante melhorado, a possibilidade de construir aplicativos 32-bits e a versatilidade de plataforma para o seu repositório: pode ser Oracle, Microsoft, Sybase ou Centura. As desvantagens são: os recursos e a versatilidade não mudaram muito; o servidor de aplicativo para aplicativos de três camadas ainda não está disponível; e a necessidade de editar manualmente os arquivos de configuração.
Na análise final, o PowerBuilder ganha do Centura, e ambos perdem para o Delphi, apesar de todas as melhorias realizadas.

Já que estamos comparando ferramentas, cabe aqui um comentário. Eu recebi uma mensagem do Fernando Beleski, Diretor de Desenvolvimento da MaxiDATA Tecnologia e Informática Ltda, na qual ela faz diversas considerações sobre o Visual Basic, tais como: a linguagem VBA (Visual Basic for Applications); empresas que licenciaram o VB para desenvolver a interface dos seus produtos; a versão 5.0 do Visual Basic; e a facilidade de integração de ferramentas do mesmo fornecedor.

Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecê-lo pela participação e pela colaboração nesse debate. Em seguida, gostaria de me concentrar em dois aspectos específicos que ele comentou: a versão 5.0 do VB e a padronização de fornecedores.

Realmente, trabalhar apenas com um fornecedor é muito mais tranqüilo, quando se escolhe um bom fornecedor. Uma das grandes dificuldades de um ambiente heterogêneo é o fato de que, quando ocorre um problema, um fornecedor “joga o macaco” para o outro e vice-versa, até que o cliente, pressionado pelas necessidades e pelo prazo, passa de mero espectador para integrador, e resolve o problema sozinho. Outra dificuldade é a constante mudança de rumos que ocorre nesse contexto. Diferentes fornecedores traçam diferentes estratégias para a evolução dos seus produtos, e não há como manter um compromisso de compatibilidade entre eles. Em função disso, muitas empresas de ambiente heterogêneo são obrigadas a rever periodicamente a arquitetura desse ambiente. Já há algum tempo estamos discutindo informalmente o custo/benefício da heterogeneidade.

Quanto à versão 5.0 do VB, Beleski diz o seguinte: “...ela utiliza o Visual Studio como ambiente de desenvolvimento, já utilizado pelo Visual C/C++ e Visual J++, e pelo próprio MSDN, tirando assim o custo de aprendizado de um novo ambiente.”. Eu acrescentaria a essa vantagem o fato de que a versão 5.0 será capaz de gerar código nativo, o que deve aproximar bastante a performance do VB em relação ao Delphi.

Conclusão: a qualidade técnica de um produto é apenas uma das variáveis a serem consideradas no processo de escolha de uma ferramenta. Estrategicamente falando, outros fatores devem ser avaliados, tais como: solidez do fornecedor, qualidade do suporte técnico, disponibilidade de mão-de-obra, maturidade do produto, entre outras. Portanto, eu não estou patrocinando o uso de Delphi, apenas descrevendo suas qualidades técnicas. É importante que isso fique bem claro!